Renascimento Mágicko (3)

Papa Pio XII, em 1955, falando para um Congresso Internacional de História em Roma, disse: “Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história”. Assim sendo, continuemos nossa análise iniciada no ensaio anterior, sobre a exposição de motivos que culminaram com nossa presente cegueira espiritual.

A visão que Constantino havia tido antes da batalha da Ponte Mílvia foi, segundo testemunhas que acompanhavam seu exército, a do deus Sol. Constantino havia sido iniciado no culto do Sol Invictus pouco antes desta batalha, e a sua experiência teria ocorrido em um templo pagão. Ele não tornou o cristianismo a religião oficial do Império Romano. Em 313, com o Edito de Milão ele proíbe toda perseguição a qualquer culto monoteísta, mas proibição da perseguição aos cultos monoteístas e a permissão destes cultos deu-se por conveniência, visto que os cristãos haviam se tornado numerosos e Constantino necessitava de todo apoio – a principio contra Maxêncio e após a morte deste para a consolidação e a condução do Império Romano. Constantino procurou conviver harmoniosamente com as três correntes religiosas da sua época: o culto do Sol Invictus, o cristianismo e o mitraísmo.

O culto do Sol invictus, que é de origem Síria, havia sido introduzido em Roma um século antes de Constantino e embora tivesse elementos dos cultos de Baal e Astartéia, era essencialmente monoteísta. Não nos esqueçamos que a primeira mensagem monoteísta na história foi a de Aknathon em 1.350 a.C., cerca de 1.660 anos antes de Constantino ter proibido a perseguição às religiões monoteístas. E que o monoteísmo de Aknathon tinha por símbolo o Sol, ao qual ele denominou de Athon.

O deus solar romano englobava todos os atributos dos demais deuses sem erradicá-los. Essa absorção ocorria pacificamente, acomodando-se sem atritos. Dessa maneira o culto do Sol invictus precedeu e a princípio conviveu pacificamente com o cristianismo. Todavia tanto no mitraísmo quanto no culto do Sol Invictus é enfatizada a supremacia do Sol sobre os demais deuses.

O objetivo básico de Constantino, e mesmo obsessivo, era a unidade do império – na política, na religião e no domínio territorial. Então uma unidade religiosa englobando todas as demais era do seu interesse. Como um iniciado no culto solar, ele optou por este, visto também atender ao seu propósito de unidade, porém o crescimento do cristianismo obrigou-o a proibir a sua perseguição e a conviver com ele. Foi uma atitude política coerente e acertada à luz dos fatos de sua época. A repressão ao cristianismo já não podia continuar em virtude da expansão da nova doutrina e da aceitação por uma grande parcela da população do império.

O culto monoteísta do Sol Invictus abriu o caminho para que o cristianismo fosse implantado. E nos reportando a realidade do século IV, o cristianismo tinha muito em comum com o culto solar, e desta forma foi tolerado e pode florescer sem ser perturbado. Modificações dos credos e dogmas cristãos ocorreram para ajustar-se ao culto solar e ao mitraísmo – culto persa derivado da antiga religião zoroástrica.

Antes de Constantino, o nascimento de Jesus era comemorado no dia 6 de janeiro, mas como o dia mais importante do culto solar e do mitraísmo ocorria a 25 de dezembro, com o Natalis Solis Invictus (nascimento do Sol invencível), a data do nascimento passou a ser comemorada neste dia.

Em um edito promulgado em 321, Constantino decretou que os tribunais deveriam ser fechados no “venerável dia do Sol” e que este seria o dia de repouso. O dia do Sol era conhecido como Dies Domenicos (dia do senhor) que deu origem ao “Domingo”. Os cristãos que até então observavam o Sabá judaico (sábado) passaram também a adotar o domingo.

O mitraísmo enfatiza a imortalidade da alma, um julgamento futuro e a ressurreição dos mortos. Também o nascimento imaculado de Zoroastro e que uma estrela o anunciou. O cristianismo, como o conhecemos hoje, está mais próximo dos cultos romanos existentes nos primeiros séculos do que de suas próprias raízes judaicas.

Constantino, deliberadamente, atenuou e minimizou as diferenças existentes nos três grandes cultos religiosos da sua época. A fé para Constantino era de interesse político e, portanto se ela contribuía para a unidade gozava da aprovação imperial. Mesmo tendo que conduzir de acordo com os interesses políticos, Constantino demonstrou sinceramente um senso do sagrado. Embora intimamente identificado com o culto do Sol Invictus ele teve uma deferência especial para com o Deus cristão. Porém este não era Jesus, mas o Deus-Pai que até então não era identificado com ao Filho. O Deus Pai era, para Constantino, nada mais do que uma outra denominação do Sol Invictus, culto com o qual ele teve sua formação, tinha especial devoção e era o Sumo Sacerdote.

Alistair Kee, em seu livro, Constantine Versus Christ, publicado em 1982, demonstra, de forma convincente, que Jesus não desempenhou nenhum papel na religião de Constantino. Embora ele reconhecesse o messianato, o fazia no verdadeiro significado da sua origem judaica: um líder guerreiro como Davi e Salomão que com sabedoria e com a sansão divina governaram seu povo, dando unidade e consolidando sua nação.

Ainda as palavras da Alistair Kee enfatizam bem este aspecto: “A religião de Constantino nos leva de volta ao contexto do Antigo Testamento. É como se a religião de Abraão (...) fosse finalmente realizado, não em Jesus, mas em Constantino”. E: “Constantino representou no seu tempo o cumprimento da promessa de Deus de enviar um rei como Davi para salvar o seu povo. É esse modelo, tão forte e tão pré-cristão, que melhor descreve o papel de Constantino”. Constantino se considerou o verdadeiro e bem sucedido messias, e a Igreja endossou o papel que ele se arrogou.

Eusébio, bispo de Cesaréia e um dos grandes expoentes teológicos do seu tempo, assim se refere a Constantino: “Ele se fortalece em seu modelo de poder monárquico, que o soberano de Todos concedeu apenas à raça do homem entre as da Terra”. Reportando-se ao Imperador ele assim se pronuncia: “... soberano mui temente a Deus, o único, entre todos que por aqui já passaram desde o inicio dos tempos, a quem o Deus Universal que tudo rege deu o poder de purificar a vida humana”.

Kee comentando as palavras de Eusébio, assim se pronuncia: “Desde o inicio do mundo é apenas a Constantino que o poder de salvação foi dado. Cristo é posto de lado, Cristo é excluído e agora Cristo é formalmente negado”. E “Constantino passa a figurar sozinho como o salvador do mundo. O cenário é o século IV, não o século I. O mundo, espiritual e material, não havia sido salvo antes de Constantino”. Ainda Kee: “... é claro que a vida e a morte de Cristo não tem eficácia alguma nesse esquema de coisas (...) a salvação do mundo é agora forjada pelos eventos da vida de Constantino, simbolizada pelo seu sinal de salvação”.

Desta forma a tolerância que Constantino demonstrou para com o cristianismo fazia parte do seu interesse da unidade. Assim ele em uma parte da cidade construía uma igreja cristã e em outra parte um templo ao Sol Invictus ou estátuas à deusa-mãe Cibele. Seu ecumenismo e atitudes ecléticas são demonstrações claras do seu profundo interesse pela unidade. Estátuas do Sol Invictus eram representadas com os traços de Constantino. O cristianismo não foi reconhecido como a religião oficial do Império Romano durante o seu governo.

Constantino morreu em 22 de maio de 337 quando partia para uma campanha contra os persas. Ele havia mudado a capital do império, de Roma para as margens do Bósforo, onde hoje se ergue Constantinopla.

Bibliografia:

- Revista O Rosacruz, Nº 258

- Jesus Cristo Nunca Existiu - La Sagesse

Internet:

- http://www.youtube.com/watch?v=LbiO_fBeg3I&feature=related

- http://www.youtube.com/watch?v=6wriY1CA3lQ

- http://www.youtube.com/watch?v=GPkB9X2Kclg

- http://mortesubita.org/jack/miscelania/textos/jesus-cristo-nunca-existiu/jesus-cristo-uma-copia-religiosa