Marx e a angústia humana

“”Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo””.

Aqui Marx proclama o fim da filosofia especulativa, visto que o que importa não é interpretar o mundo, mas transformá-lo. E para transformá-lo não são necessárias filosofias, mas, sim, Ciências.

E assim, desabam os misticismos e as tergiversações.

A filosofia é feita com palavras. E palavras podem ter diversos significados. No exemplo clássico de Marx, o significado das palavras está inelutavelmente vinculado com a prática das pessoas reais. Assim, a palavra “algodão” pode ter diversos significados dependendo da ocupação de quem fala, ou ouve. Uma enfermeira, um corretor da bolsa de Chicago, um negro nas fazendas da Louisiania, uma costureira, para cada um deles a palavra algodão soará diferentemente. Portanto é preciso definir com muita exatidão cada termo, já que os filósofos, assim como os sacerdotes, os intelectuais, os advogados, os escritores são mestres manipuladores das palavras, a sua prática está muito mais centrada em palavras e nos significados abstratos delas e afastados da vida concreta, (algodão para eles pode ser algo semelhante a uma nuvem, ou algodão doce).

De todos os significados que a palavra idealismo possa ter, o único que interessa é o seguinte: idealismo é o conjunto de pensamentos, procedimentos, teorias, filosofias que estão baseados na assertiva de que o ideal precede o material. Ou seja, antes dos objetos ou seres reais se materializarem, há a idéia subjacente a ele. E o objeto ou ser será tanto mais perfeito, quanto mais se aproxime daquele modelo ideal desenhado por um ser pré-existente, Deus, Demônio, engenheiro ou arquiteto que o projetou. Ou seja, nesta concepção o Ideal precede o Material. Por exemplo, um cavalo real será tanto mais cavalo na medida em que se aproximar do Ideal de Cavalo, imaginado por alguém e arquivado em algum lugar da criação. O Amor será o amor idealizado e romântico, fadado a ser eternamente frustrado na grande tragédia humana de Romeu e Julieta, de Tristão e Isolda, de Abelardo e Heloisa, e não o amor real do dia-a-dia de trabalho, suor e luta pela sobrevivência de um casal morando em algum barraco de favela. O que, no fundo está sendo afirmado pelo Idealismo é a existência de Deus como criador do Universo e dos seres vivos, o homem inclusive.

No Materialismo defende-se que a matéria precede a idéia, ou seja, havendo um cérebro material, haverá idéia, pensamento, concepção. É claro que o cérebro é o resultado de um longo processo de aperfeiçoamento e evolução não tendo sido criado por algum Ser supremo no seu estado acabado. Ou seja, surgiu a matéria que se organizou aleatoriamente e evoluiu e construiu aos poucos uma consciência e os fenômenos espirituais. Os homens criaram deuses, Deus inclusive.

Os pensadores marxistas acham que a história da filosofia é a história da luta entre escolas idealistas e materialistas ao longo do tempo, a começar pelos gregos antigos, e que o idealismo está a serviço das classes dominantes ao longo da história da humanidade. Por oposição, o materialismo, a começar pelo materialismo dialético, seria favorável à classe revolucionária, que Marx, em meados do século 19 associou à classe operária.

O materialismo dialético de Marx propõe a transformação da sociedade, a partir das organizações das classes sociais, sendo a história feita por pessoas e pela luta de classes, na presunção de que o homem que luta de forma organizxada é um ser-para-sí, sendo a felicidade alcançável.

O homem não tem motivos para ser vítima da angústia espiritual. A morte é um problema para quem fica vivo e a extinção do Eu é aceito pacificamente.

Tal homem, evidentemente, não existe na sociedade ocidental, e o problema da angústia humana não é um caso, exclusivamente, para psiquiatras, como costumava ser na antiga URSS.

Como resolver, então, o problema da angústia humana?