Materialismo e Idealismo: tudo é relativo

Mas, não só a classe operária não é revolucionária, como se beneficiou enormemente do capitalismo, em salários e melhoramento das condições de vida. Assim, os operários da Europa Ocidental fazem parte, hoje, da classe média, considerado o seu nível de renda e consumo, após a catástrofe monumental na qual resultou a crise dos capitalismos do século 20, as duas guerras mundiais.

A realidade é bem mais complexa do que supunham os filósofos e não pode ser reduzida a modelos simplificados. A ação política baseada em tais modelos vem sendo, sempre frustrante e geradora de muitas tragédias pessoais. Mas não são assim todas as guerras?

O fato é que não ficaram invalidados os princípios do materialismo dialético, que hoje são aplicados, mesmo que intuitivamente, pelas empresas capitalistas, (até por aquelas que mantém a estátua de São Jorge no escritório).

Mas o princípio básico, o que afirma a primazia do material sobre o ideal costuma ser muito pouco entendido.

Assim, pode-se afirmar que, em muitas ocasiões o ideal vem antes do material. Por exemplo, se uma empresa deseja construir um edifício, é óbvio que o mesmo terá que ser feito a partir de um projeto elaborado por especialistas. Ou seja, antes do objeto material estar pronto, tem que haver uma concepção sobre ele.

Da mesma forma, qualquer indivíduo que existe sobre a terra não poderia existir sem o apoio de um grupo organizado e de sua cultura, a ser transmitida na forma de práticas educacionais. A educação é um processo idealizado por um grupo de especialistas, nas civilizações avançadas, ou seja há uma idéia prévia sobre como deve-se educar um indivíduo antes mesmo deste existir.

Mas isso não seria Idealismo, mas tão somente o uso da experiência social em benefício da própria sociedade.

Isso porque a questão de saber-se o que nasce primeiro, o ovo ou a galinha, só tem importância para se determinar o que é primário e secundário. No dizer de V.I. Ulianov (Lênin):

“ É certo que a oposição entre matéria e consciência só tem significado em limites muito restritos: neste caso, só o tem nos da questão gnoseológica fundamental: O que é primário e o que é secundário? Para alem destes limites, a relatividade desta oposição não levanta nenhuma dúvida.” ( Materialismo e Empiriocriticismo, Editorial Estampa, Lisboa, 1975, pg. 130).

Citar Lênin em 2009, além de ser uma novidade, faz muito bem à memória.