A boca não cala

E se de repente a tua mente começasse a correr, as palavras transbordando pela boca como fossem água corrente, como glândula desorientada que vai produzindo em exagero a substância preponderante de onde se estende a fala?

Cala a tua boca. Eu diria a ela.

Mas e se ela não se cala? E se acontecesse a ti o absurdo de não poder conter este insano defeito teu?

Eu diria:

Me surpreende esta tua idiossincrasia indecente, que quer invadir os meus ouvidos. Cala-te boca!

Mas a boca não cala!

Eu escrevo que é pra não falar sozinho...

Nilson Ruas
Enviado por Nilson Ruas em 21/09/2009
Código do texto: T1823578