ENSAIOS DE UMA MORTE ROMANCEADA

Sob a perfuração do tecido de linho de sua camisa branca escapava todo os seus fluidos vitais e, já não sabia ele se os seus minutos eram finais ou se estava imerso num cíclico e repetitivo momento de angústia final que não cessava.

Seus pensamentos se emaranhavam de uma forma que todas as suas lembranças se fundiram não respeitando nenhum critério de sincronicidade temporal, espacial e lógica.

Então pensou:

- “Quão vale os minutos finais de um homem para que se redima dos pecados que lhe atribuíram e se arrependa dos mesmos?”

Já não era o mesmo, o peito perfurado pelo qual a vida lhe escapava proporcionalmente a cada gota do seu sangue, havia experimentado nos últimos tempos uma alegria e preenchimento que o fizera sair de uma vida sem sentido e vazia.

Então, já não podendo suportar o peso de seu corpo violado pela morte, caiu de joelhos trazendo ainda nas suas lembranças finais o quanto fora feliz e se sentira vivo ao lado do amor proibido e escondido de todos.

Caindo de joelhos com um grito que pareceu uma mistura de alívio, pelo fim de sua dor, e desespero por ter de morrer renunciando ao seu amor por uma sociedade hipócrita e podre – Caindo de joelho ele foi abraçado por ela, que chorava convulsivamente vendo o ultimo suspirar de seu verdadeiro e escolhido amor.

Ao abraçá-lo transtornada e indo beijá-lo na boca, surpreendeu-se ao ver que ele virou o rosto para aproximá-lo de seu ouvido e sussurrar, extraindo as últimas palavras:

- Meu amor, nem mesmo a morte sucumbirá nosso amor e iremos viver nossos momentos para sempre na memória, onde nem mesmo o poder do julgamento dos hipócritas alcança.

uiliam santana
Enviado por uiliam santana em 02/10/2009
Reeditado em 12/03/2013
Código do texto: T1844832
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