Natal ideal.

O Natal ideal não deveria ter anúncios e nem propagandas.

Não deveria ser apelativo, oferecendo "promoções imperdiveis" de carro zero, casa nova, móveis, eletro-domésticos, roupas, joias, tudo em "condições especiais, sem juros e consulta ao SERASA/SPC" e superfluos de toda ordem, que já estamos enfadados de ver.

Não deveria ter espalhado pelas ruas, outdoor's com mulheres de biquíni usando a "toquinha" do papai noel só para chamar a atenção sobre algum produto ou marca.

Não precisaria usar cachorrinhos com presente na boca para estimular muito cedo, o consumismo nas nossas crianças.

Não deveria mostrar crianças colocando seus pedidos para o papai noel nas meias penduradas nas janelas para faze-las acreditar que, só se deve ser bom, honesto, comportado e educado para receber o presente no final do ano, e não pelo simples fato de se adotar essa postura por compreender os profundos conceitos morais que existem por trás desse conjunto de comportamentos.

Não deveria ter bebezinho passeando com a mãe nos shopping's lotados.

Nesse natal, não deveriamos ver casais supostamente apaixonados, trocando juras de amor proporcionais aos presentes que receberam um do outro.

Nem beijo forçado e abraço desajeitado só porque recebeu um presente.

Não deveria ter propagada mostrando famílias "perfeitas" se reunindo para abrir seus presentes antes de "ceiar" num lar "ideal", pois a maior parte das pessoas que irá ver esse tipo de comercial, não terá se quer, algo para comer na noite de natal ou um teto para se abrigar.

Não deveria haver músicas natalinas em rítimos de pagode, tecno e até mesmo de axé music, porque bom mesmo é o simples, o "feijão com arroz" como se diz.

Não deveria ter aqueles efeitos especiais feitos por uma grande empresa de refrigerantes, só para vender mais.

Nem carangueijo gritando: "nã nã nã nã!"

Nem a "boa", nem a "nova", nem a "velha", nem cerveja que se apaixona pelo consumidor.

Nesse natal não deveria ter gente famosa, porque o mundo de verdade é feito por anônimos como eu e você.

Não deveria ter garotinho que descobre a roupa de papai noel no guarda-roupas do pai, porque nesse natal deveriamos estar mais interessados em perpetuar esse sentimento de generosidade e fraternidade pelo restante do ano, e não somente quando chega a época das festividades natalinas.

Ninguém deveria ser convencido a comprar nada.

Nesse natal, deveriamos ser estimulados a dar, mais do que receber, presentes que estão em falta no mercado globalizado, e que por sinal, você talvez até já deve ter recebido ou dado alguns desses presentes, só que não estão mais distribuindo.

Esses presentes que não têm marcas,

Não precisam de proganda,

Não têm slogan,

Não têm embalagens,

Nem precisam fazer promoção tipo leve 3, pague 2.

E esse texto é simples e sem figuras, todo branco e desse jeito, porque ele pode ser entendido aqui e no mundo inteiro.

Aliás, seria muito bom se essa mensagem pudesse circular pelo mundo inteiro.

Porque os presentes ideais para serem entregues nesse natal são: o amor (incondicional), o perdão, o sorriso, a companhia, a mão fechada com o polegar para cima, o consolo, a alegria, a elegância do comportamento, a boa educação, a amizade e a paz.

Enquanto o pessoal que precisa comprar presentes não compra, faça assim:

Pegue o estoque de todos esses itens você ainda tem em casa, coloque num embrulho, que é você, e disbribua no trânsito, na fila do banco, no elevador, no metrô, no futebol, na rua, na escola, na faculdade, na sua igreja, no seu bairro e no seu trabalho.

Esses presentes são interessantes, porque quanto mais você usa e doa, mais você tem e mais você recebe.

E se todo mundo começar a doar esses presentes, quem sabe chegue o dia em que ninguém mais precise escrever um texto para sugerir como deve ser um natal ideal.