NO BANCO DO CALÇADÃO

Não há mais cadeiras em cinemas abertos, todos estão em Shopings, não existe mais o Ideal, o São Luis, o Plaza etc. Tudo bem os DVDs expulsaram todos devidamente.

Resta os Bancos do Calçadão, publicamente e sob o sol sem nenhuma cobertura, você pode sentar com um jornal, um livro, ou cruzar as pernas e admirar os passantes e o movimento, principalmente das pernas femininas claro. A moda me comove, das mulheres atrevida e criativa, nos homens roupas de vagabundo caríssima e de grife. Não há mais criatividade na moda masculina, camisetas, bermudas, calças frouxas, cores sem discernimento como as cores dos carros, indefiníveis. Não existe estilo nem compostura de elegância, essa foi pro brejo há muito. O descuido do esportivo e nem sei mais o que nesta moda ridícula e inexpressiva da população me assusta e me deixa prá baixo. O Pior é que as mulheres, as meninas, adoram o Jeans largo com a cueca aparecendo por cima, calças sem cor, pálida, vazia como os brasileiros que as vestem. Não existe comportamento, não existindo a elegância, que existisse a contestação, manifestação, protestos, pelo menos isso, os Hippies vestiam melhor. A Juventude sem causa e sem ter como e nem poder protestar porque está desligada do mundo que pulsa sob e debaixo dos seus pés, satisfeita com sua ignorância e se nivelando culturalmente por baixo numa onde de choque Brega, SE VESTE COMO É: NADA.

Balançando a cabeça para tirar estes negativos e constatantes pensamentos, fiquei a observar o movimento e me dei conta que estavas sob um redemoinho de papeis e lixo sob meus pés, adiante havia um coletor de lixo pendurado num postezinho, mas a turma que passava amasava e jogava ali mesmo no meio do calçadão, reparei que havia garotas fardadas escandalosamente, distribuindo planfetos, e estes nunca lidos imediatamente viravam bolinhas de papel no meio do calçadão. Não sei do prejuízo do proprietário do produto neste tipo de propaganda, mas o prejuízo poluidor era tremendo, aquilo era uma tonelada de papel misturado com outros, tocos de cigarros, embalagens em geral, um nojento mosaico que denunciava a podridão educacional deste povo.

Pô nada havia de bom por aqui?!

Enfiei o Jornal debaixo do braço e me levantei, o jornal escorregou e caiu em aberto em cima do banco, de cara a manchete “LULA DIZ QUE NUNCA HOUVE MENSALÃO”

ERA DEMAIS PARA UMA TARDE DE DESCANSO MANOS, corri para o ponto de ônibus para a via crucis da espera e do gosto de ser sardinha enlatada nos coletivos brasileiros.