Um Terço

Um terço.

Recebido do meu pai.

Da parte dele por motivos religiosos.- Quer que eu pesse a irmã não sei o quê para benzê-lo?

Da minha parte por mero motivo estético. Oras, até Pete Doroty usava... – Não carece.

Mesmo sem o menor interesse comecei a receber informações sobre o tal “adorno”.

- Não o utilize no pescoço!

- Esse seu terço já foi benzido?

- Sabe rezar o terço? Não!? É assim ó...

A tanta coisa. Isso realmente me encheu saco!

E ao mesmo tempo eu estava passando por certos problemas. E confesso que não eram rosas que passavam pelos meus pensamentos.

Geralmente eu parava para repará-lo durante o banho. Pois na maior parte do dia, ele fica coberto por minhas blusas e camisas.

E à medida que meus problemas se acentuavam e meus pensamentos se amargavam cada vez mais via Jesus oxidando. Eu o via esverdear cada vez mais rápido.

E as bolinhas começaram a estourar, em uma semana perdi onze delas.

Tendo em vista que eu possuía o terço a uns dois meses.

No dia que sai do meu antigo trabalho. Com a mente repleta de bons pensamentos sobre meu chefe e o dono da empresa, fui tomar banho.

Eu estava lá tomando meu banho, enquanto estava me ensaboando, senti Jesus agarrar minha pulseira.

Ele se soltou, mas não me entreguei na mesma hora fui ao seu resgate. Mas foi em vão, lá se foi Jesus ralo

abaixo.

Mas ele já tinha tentado se tentado a fuga outras vezes, mas dessas outras vezes ele tentou enquanto eu dormia. Mas não conseguiu ir muito longe.

De tanto tentar ele acabou por conseguir.

Procurei naquele ralo, procurei no ralo central do banheiro e nada. Ele realmente se foi.

Não deve ter agüentado tantos pensamentos pecaminosos.

Depois de uns meses e três reais a menos. Encontro-me novamente com outro Jesus.

Mas acho que esse não tem vocação para Mr. M.

Ou meus pensamentos que estão mais ortodoxos?

22-XII-2005