Realidades paralelas não são aquelas ficcionalmente imaginadas como existentes ao lado de cada um de nós, como um espelho do que fazemos, mas geralmente em sentido oposto. Acredito que não existe realidade subjetivamente paralela, já que cada ser humano só tem uma consciência. Quando cada indivíduo realiza uma ação, outra ação que bem provavelmente estava marcada para acontecer automaticamente se anula. Mas isso é apenas uma dedução lógica, sem qualquer amparo científico ou para-científico. Contudo, segundo o escritor espiritual Inácio Ferreira, em seu livro “Na Próxima Dimensão”, existe uma realidade paralela objetiva e construída com nossos pensamentos, plasmada pelo cimento das nossas lembranças arquetípicas e pelos pilares da cultura, da religião e de outras crenças. Essa realidade contínua permanece viva e sempre a mesma, ainda que a versão do lado de cá dessa mesma realidade esteja atualmente em ruínas ou de há muito não mais perceptível. Agora, a questão é: em que lugar e em que dimensão se armazena perenemente a realidade moldada pelas fortes lembranças do nosso passado?
Se existe mesmo alguma realidade paralela-espelho a cada um de nós, ela só é analisável a partir de uma linha de raciocínio fora dos padrões humanos convencionais.
O que é mais sensorialmente crível, no campo das chamadas realidades paralelas, é o “desdobramento visível”, ou “bilocação”, segundo o Catolicismo, ou ainda “bicorporeidade” ou “teleplasma”, segundo a Doutrina Espírita. É um fenômeno já constatado em várias oportunidades história afora, ou melhor, história atrás. O caso mais famoso certamente é o de Santo Antonio de Pádua (nome religioso do monge franciscano português Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo (1195-1253), santificado pelo Vaticano apenas onze meses após sua morte).
Segundo a Projeciologia (ciência que trata das projeções astrais da consciência humana em vigília), o fenômeno do desdobramento é a expansão da consciência para além do corpo físico. Sua visibilidade pública acontece quando uma pessoa é “vista” por outras em dois lugares ao mesmo tempo. Trata-se de teletransporte do corpo ectoplasmático, que se desprende da pessoa. O segundo corpo visto alhures é apenas uma materialização da energia do ectoplasma ou psicoplasma emanado da própria pessoa “estendida”. Não tenho notícia de que um corpo ectoplasmático tenha se materializado em tempo diverso ao da produção do concernente desdobramento transfísico.

Porque as coisas invisíveis de Deus… se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles (os homens) fiquem inescusáveis. - Romanos 1:20

Por outro lado, algumas realidades tidas como paralelas fictícias são realidades reais(ops!) mesmo. Algumas existem mais ou menos gravadas no imaginário individual ou coletivo, mas seus efeitos repercutem na realidade concreta sensorial, às vezes de forma muito demorada ou profunda. É o que se chama, em Filosofia Clínica, de “objetivação das imagens internas”.
Quando se exploram bem os recursos dessa subjetiva-objetiva inteligência imaginária, pode-se levar interessantes vantagens. Muitos tiram bons proveitos quando fazem adequadas e coerentes correlações entre ideias, conceitos e pensamentos do mundo imaginário e do mundo sensorial concreto. [Na sétima parte do livro “O Mito da Caverna”, Platão mergulha bem na questão da imagística humana e sua repercussão nas interpretações do que é real (perceptível pelos sentidos) e do que é ideal (pertencente ao mundo das ideias puras, que ele reconhece também como real, mas pertencente a um mundo intangível, portanto somente imaginável por nós)] O próprio Jesus utilizou muito essa linha de raciocínio imaginária, por meio das parábolas, para ilustrar seus ensinamentos reais e eternos.
Afora essa linguagem imaginária, existe de fato um mundo real e sensível do outro lado da nossa esfera de percepção material. Esse outro “lado” não pode ser entendido dentro das regras de reconhecimento da nossa Geografia nem da nossa Geometria Espacial. Ele integra um campo de estudo mais ligado a uma espécie de Geografia transdimensional ou Geometria transespacial. O próprio Jesus fez demonstração clara da existência de um mundo dimensional paralelo ao nosso em 3D, quando se transfigurou e entrou em diálogo com os espíritos de Moisés e de Elias, estes momentaneamente materializados e visíveis pela nossa ótica cárnea.

“1. Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e levou-os, só a eles, a um alto monte. 2 Transfigurou-se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. 3 Nisto, apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele.” – Mateus, 17-1:3.

O próprio Paulo de Tarso, em um momento de manifestação de seus “dons” espirituais, demonstrou vacilar sobre o que via, se um espírito encarnado ou se desencarnado:

"Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é licito falar". - 2 Coríntios, 12:2-4.

Grosso modo, não importa tanto o que existe ou o que deixa de existir para nós, ou mesmo o que não existe em si, apesar de às vezes ser útil acreditarmos no que imaginamos, ou melhor, nas imagens que fazemos do que já existe ou do que (ainda) não existiu objetivamente.
O que mais importa mesmo, na prática, é o que cada um faz ou deixa de fazer a partir de suas imaginações, de suas ideias, da forma como absorve os conhecimentos próprios e os alheios para a melhoria real de si mesmo.
Muitas personalidades sólidas são forjadas e mantidas a partir de imaginações da realidade consideradas por olhares alheios como equivocadas ou parafrênicas, mas que são proveitosas em vários níveis, inclusive afetivo e moral.
Em contrapartida, há outras imaginações continuadas que viram cancros autoideológicos, que garantem apenas uma sobrevivência anestesiada e fugiente de maiores compromissos transformacionais ou sacrificais, porque não incluem o amor ao próximo como prisma.
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 05/09/2010
Reeditado em 24/12/2010
Código do texto: T2479018
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