Existe um grande destino geral para todos nós. Embora variadas quanto a qualidade, ambiente, facilidades ou dificuldades naturais, cada um pré-recebe as ferramentas que precisa e pode utilizar para cumprir seu pré-destino cotidiano, rumo ao grande destino coletivo de todos nós.
E não importa tanto o que cada um pré-recebeu ou vai recebendo durante a jornada. Não importa tanto se, em si, as ferramentas recebidas lhe facilitam a execução das suas ações, ou não. O que conta, inclusive para lhe ser aumentada ou reduzida sua ferramentaria no futuro, é se cada um está aproveitando o que já tem para ser um fiel cumpridor de suas missões pré-destinadas em cada etapa de sua vida.

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Não sabemos exatamente como estaremos no futuro. Nós antevemos nosso futuro, pela lei da probabilidade ou até pela projeção de memória (que pode nos mostrar nosso “futuro mais provável” (conforme o psiquiatra estadunidense Brian Weiss), mas nunca o vemos vis-à-vis de onde estamos no presente. Por isso, normalmente, não valorizamos nosso presente visando a valorizar nosso futuro, que é um horizonte sempre inalcançável, embora saibamos que ele fatalmente virá, sempre.
Idealmente, a meta não é vencer ou melhorar no futuro, após o fim da última etapa. Não. A meta é tentar vencer e melhorar agora, com o que se faz agora, ainda que o eventual prêmio só venha a ser entregue depois. Que cada um se adapte às condições naturais recebidas, mas também as adapte a si mesmo, tentando ser feliz com o que quer que tenha e tentando fazer os outros felizes. E que se batalhe duro, se aperfeiçoando cada vez mais para adquirir suas próprias ferramentas materiais e espirituais, a fim de melhorar suas condições de vida e melhor cumprir seu desiderato aqui neste duro campo de testes que é a presente existência na Terra, mesmo que se esteja na última etapa do tempo cotidiano.

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O nosso pré-destino inicial básico é traçado antes mesmo de nascermos, montado para que alcancemos o nosso destino final. No itinerário, temos um poder relativo de modificar seu curso, para mais ou para menos, a depender de nossas semeaduras cotidianas. Só não podemos é não estradar rumo ao nosso grande destino final, que é o próprio sem-fim.
Entretanto, as leis divinas também atuam na correção do curso de nosso ir-destino. Também Deus, presentado pela lei de ação e reação, tem o poder absoluto de modificar o curso de nosso pré-destino, para mais ou para menos, a depender de nossos caminhos escolhidos, de nossas decisões tomadas, de nossas teimosias, para que acabemos reapontando nossa ida para adiante. Estamos condenados a ir.
Quanto mais ultrapassarmos os estágios de prontidão para maiores aberturas conscienciais, tanto mais suaves e pavimentados vão se tornando os caminhos adiante. Podemos não saber qual é o fim dos nossos esforços evolucionais no presente, mas sabemos que ele terá consequências inexoráveis no futuro. Então, vale a pena ser feliz como pudermos hoje e vale a pena investir em esforços evolucionais para garantir uma felicidade amanhã. Felicidade de hoje e felicidade de amanhã. Essa é a luta de cada dia, no presente e no futuro.
Muitas vezes as ferramentas que cada um recebe lhe dão o direito ou o dever de melhorar seu próprio pré-destino, como pré-requisito de passagem para uma etapa mais felicitadora ou facilitadora adiante. Para isso, mesmo já em curso um pré-destino atual, muitos recebem novas ferramentas (energias, conhecimentos, sentimentos, confortos, boas coincidências e outras providências divinas), para não somente garantir melhor o seu cumprimento, mas também para lhe ajudar a ajudar outros seres humanos a cumprir o seu.
Por amor ao debate, eis uma pequena resposta a algumas religiões, seitas ou formações evangélicas bibliólatras: Nem sempre a ajuda inesperada vem ou deve ir para quem se arrepende primeiro. Apenas para argumentar: Madalena só se arrependeu da sua vida pregressa errante depois que foi salva por Jesus do apedrejamento, mais especificamente depois que Ele lhe disse “vá e não peques mais”. O moribundo à beira da estrada certamente não estava sequer em condições de pensar direito, muito menos de se arrepender, quando recebeu a ajuda do bom samaritano.
Quem ainda não se arrependeu de suas malfeitorias, e ainda não retomou a estrada do amor, precisa não de ser apedrejado, mas, sim, de ser amado, da mesma forma que qualquer necessitado à beira do caminho, para se estimule ao crescimento. Relembrando Pedro I, 4:7-8: “Mas o fim de tudo aproxima-se; sede vigilante em orações, antes de tudo tendo intenso amor uns pelos outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados”. E devemos amar, ou seja, praticar o bem é a quem precisa, inclusive aos que vivem na sarjeta moral, onde cada um de nós ainda tem nem que seja um dedo do pé. Daí infere-se que os verdadeiros seguidores do Cristo, em todos os tempos, e especialmente agora nesse final de ciclo cronológico terráqueo, não são necessariamente os intitulados cristãos, mas, sim, aqueles que muito se amam. ["Meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem” (João, 13:35), logicamente, o que não depende de crença, nem de status moral, nem do título eclesial de cristão.]

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Sou dos que acreditam que não existe destino predeterminado e absoluto no meio do caminho, ainda que tenhamos aceitado e até pedido nossos eventuais carmas ou carminhas, antes da reentrância no orbe terrestre. [Aqui entendamos o carma como condição existencial muito severa, sacrifical e expiatória. Na nomenclatura induísta existe também o carma positivo.]
Quando ocorre um acúmulo muito grande de dívidas entre várias existências terrenas, normalmente o próprio endividado acerta ou aceita um carma objetivamente penoso, para quitação ou amortização do seu passivo individual. É quando surge o determinismo já a partir do nascimento, que poderá ser toda uma áspera condição existencial ou a partir de determinada época da existência, ou ainda um desencarne acidental, sozinho ou com outras pessoas em desastres coletivos.
Mesmo o carma mais severo pode ser anulado, alterado ou pelo menos adiado (mas não sine die). Podemos pedir, e às vezes até recebemos, moratória da execução do carma, mas se já estamos mesmo na época de sofrê-lo, tem que haver muitas outras condições para conseguirmos um deferimento de tal pedido. Geralmente, quem tem grandes dívidas para quitar através de carmas, já nasce no corredor do carma. Com um grande volume de ações positivas continuadas, podemos fazer com que a coluna dos créditos ultrapasse a coluna dos débitos, iniciando, assim, a redução ou anulação do carma a qualquer momento.

Ainda na cotidianidade em curso, existe um pré-destino inicial básico para cada etapa existencial de todo ser humano, montado, inclusive a partir do relatório das ações de cada um na etapa anterior.
Entendamos por “etapa” não só a atual existência física em que vivemos, mas, também, cada segundo da nossa existência que mobiliza uma ação, uma reação, uma ação-reação ou uma reação-ação. O que fazemos no presente cotidiano ou no presente encarnacional pré-define o que nos será feito no futuro cotidiano (ainda na atual carne) ou no futuro pós-encarnacional, a princípio.
Deus não é somente justo. Ele é poderoso, mas também é ponderoso. Ele é “bom”, embora não indulgente em relação a nosso passado, ao nosso presente e em relação até mesmo ao nosso futuro. Mas, através daquela “lei” do “muito será cobrado a quem muito foi dado”, Ele leva em conta condições histórico-ambientais, cognitivas e conscienciais na hora de exercer o rigor da pena sobre cada um de nós, através da lei da justiça. Permite até parcelamento de dívidas (desde que seja até o último centavo)! Mas admite também conversão da pena, quando o apenado passa a amar, ou seja, a corrigir seus erros do passado fazendo o oposto.

{"O xadrez é o mundo. As peças são os fenômenos do universo. As regras do jogo são as leis da natureza. O jogador do outro lado está oculto de nós." - Thomas Henry Huxley (1825-1895), biólogo britânico.}

Por outro lado, muitas ferramentas adicionadas servem para, aparentemente, dificultar o cumprimento, como que para testar o pré-destinatário.
Esse é um jogo do Cosmo com cada ser humano em particular. Embora nem sempre aparente, este jogo é sempre no fair play, ou seja, honesto e leal, considerando, inclusive, as condições técnicas de cada adversário. Ele dá antes a cada um o cobertor apropriado para o frio que cada um deverá suportar no decorrer do jogo, mesmo para alguém que eventualmente retirou o cobertor de muita gente no passado. É um jogo-campeonato longo e cheio de níveis e divisões, dos mais fáceis aos mais difíceis. Faz parte das regras.
Já o jogo do “adversário” (cada ser humano) é que às vezes é escuso, atrapalhado, mal conduzido, cheio de decisões de lances equivocadas, um horror! Isso costuma atrasar muito cada partida. Mas o Cosmo é paciente e sempre aguarda e até ajuda o adversário a se recompor e a aprender cada vez melhor quais são as regras do jogo e como segui-las. Dá-lhe até algumas dicas e macetes preciosos, para facilitar-lhe a vitória definitiva. Afinal, é isso que o Cosmo quer: que cada um vença, não a ele em si, mas a si próprio. E nesse jogo, vencer é avençar e avançar sempre no tabuleiro evolucional.
O Cosmo ou Universo, em verdade, é apenas um guia turístico, que usa o jogo como mapa para atrair (ou empurrar) cada ser rumo ao objetivo final de todos, de uma forma ou de outra.
Isso, contudo, não retira a responsabilidade pelos atos de cada um de nós sobre nós mesmos e sobre o mundo, em que pese às reconhecidas camadas vibracionais menores que vivem a tentar empurrar-nos em sentido oposto, o que também faz parte da ida.
E esse objetivo maior não é exatamente o alcance da felicidade. Esta é apenas um meio de transporte facilitador e acelerador da caminhada. O grande e final objetivo do campeonato é conhecer o Supremo Criador do jogo, das regras, dos gramados, tabuleiros, quadras, pistas e tatames e de todos os jogadores e suas jogadas ensaiadas ou improvisadas. Enfim, é conhecer a Inteligência Criadora, Administradora e Controladora que há por trás, por cima e por dentro de tudo que existe, inclusive com poderes de conhecer o que cada jogador fez, faz e fará em derredor de cada lance.
Consequentemente, é de se concluir que o Engenheiro Supremo que criou todos os games e gamers é o único que não joga, por não ver qualquer sentido em jogar sabendo do jogo interno de cada jogador.
E quando chegaremos ao nível máximo do jogo? Quando surfaremos enfim a onda perfeita no mar da evolução? Nunca! Porém, tentar alcançar o impossível é que é mais excitante e faz a eterna duração do campeonato, cheio de jogos, turnos e returnos, repescagens e zonas de classificação e de rebaixamento, ter algum sentido e ser sempre bacana de se jogar.
Ficar feliz com cada vitorinha diária, inclusive sobre as próprias infelicidades, dores e tristezas também de cada dia, é que já dá uma certa cotidianização ao prosseguimento infinito do certame.
Não é o caso de se procurar ficar infeliz de caso pensado, mesmo porque, assim como a felicidade, também a infelicidade não é necessariamente deste mundo.
O empenho maior é assumir a inevitável infelicidade, após cada derrota, também como impulsão para uma nova tentativa de vencer a próxima batalha de cada etapa. A esperança de ser feliz amanhã justifica qualquer continuidade da peleja de hoje, desde que se busque usufruir da felicidadezinha de já estar em campo atualmente, com ou sem as vitórias pessoais pretendidas.
O importante é não jogar à toa em cada etapa, em cada lance. É melhor prestar sempre atenção ao jogo, para ir vencendo etapas e passando para níveis cada vez mais excitantes e decisivos, embora cada vez mais profundos. Depende muito do método e de sua velocidade e duração que cada um usa para fazer os lances e para entender os lances já feitos e a fazer do adversário. São vários métodos em jogo: os seus, que vão se alternando e evoluindo com a experiência, e os do adversário, que também tem seus truques ocultos.

Não importa muito os métodos, nem sua velocidade, nem que eternidade durou ou quando foi largado por cada um de nós. Só não podemos é largar de mão a nós mesmos. Isso nunca. Isso é perder a etapa atual do jogo, por impaciência e descuido infantil. Vai atrasar muito a partida de cada um e todo o jogo coletivo da humanidade. E o pior é que a partida de cada um e o campeonato geral são irrenunciáveis, até o infinito.

Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 06/09/2010
Reeditado em 24/12/2010
Código do texto: T2482560
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