Não existe um inexorável verbo ser quando se trata de pessoas humanas. Ninguém é absolutamente. Ninguém será porque está sendo. A estação atual não decorre exatamente do que se esteve antes. Ninguém esteve sendo porque simplesmente estava sendo.
Muito menos ninguém pode garantir o êxito ou o fracasso futuro de quem quer que seja, nem o seu próprio, também baseado apenas no que já se esteve sendo ou até como já se agiu no passado.
No mercado aberto da vida é sempre perigosa qualquer generalização do tipo “todo ser humano assim é assado”, “todo ser humano que está em tal lugar é assado” ou “fulano é assim porque já foi assado”. Pior é quando se julga pelas aparências, sem sequer suscitar dúvidas ou mesmo sem sequer buscar a sombra paliativa da árvore das probabilidades.
E o pior do pior[!] é quando se julgam ações alheias levando essas mesmas premissas (ou seriam mais premeditações?) pré-substantivas ou pré-adjetivas para a classe dos verbos condicionados-condicionantes, mais ou menos deste jeito:
- se fulano age ou agiu assim, então ele é ou será assado;
- se fulano assado (quando o próprio fulano já aceitou ou já deixou suficientemente claro que ele foi ou é assado mesmo) é ou já foi assado antes, é porque ele agia assim antes; e
- (agora o suprassumo da piora) quem foi ou agiu ou é ou age assim, sempre será ou agirá assado!
Idealmente, não devemos julgar ninguém nem pelas aparências, nem as aparências, e nem mesmo as essências de quem quer que seja, principalmente porque nós vivemos todos em constantes mudanças que repercutem em nossos eus profundos. Temos camadas de aparências e de essências que estão dentro de outras e que estão dentro de outras camadas de aparências e de essências, de modo que aparências e essências se confundem. Ninguém nunca vai conhecer a essência essencial e indivisível de ninguém, nem a sua própria.
Até nossa aura mudamos a todo instante, e mudamos nossa história a todo instante, a partir da ressignificação das nossas ações e das nossas reações, com repercussões nas nossas qualidades de vida anatômica, fisiológica, emocional, mental e espiritual. E há mudanças instantâneas e por acumulação.
Qualquer pessoa humana que está parada ou vindo em nossa direção está no mínimo acompanhada de sua aura e de seus pensamentos, de seus sentimentos e de suas emoções. Está usinando tijolinhos de energias que vão construindo, reconstruindo e transmorfizando suas próprias personas físicas (intestino, coração, cérebro, fígado, estômago, sangue, linfa etc), quimioemocionais (adrenalina, cortisona, serotonina, endorfina etc) e psicomateriais (perispírito, aura, intelecto ou mente, pensamento, memória, sonhos, imaginações etc).
Muitas vezes, alguém que ainda vem ao longe já está agora passando por você, com suas ondas de pensamentos ou com suas formas-pensamentos projetadas ou em sua direção ou na direção de outrem posicionado além ou alhures. [Isso para não falar dos guarda-costas, amigos, inimigos, propínquos afins e outros coligados da dimensão invisível que circundam e acompanham o achegante, às vezes formando uma verdadeira procissão, ou mesmo uma multidão, quando se misturam com sua eventual turma.]
O certo é que ninguém está sozinho. Os próprios pensamentos são a companhia mais íntima, que sempre repercutem na simpatia ou na antipatia de qualquer um de nós perante os outros. Toda essa usinagem antropodinâmica afeta por via de decorrência a feição nanoanatômica e irradia também ondas-pensamento quadrimensionais que interferem nas personas de si mesmo e dos outros humanos e nas coisas.
 
Frente a qualquer relacionamento, mesmo que somente visual, devemos sempre manter a base de equilíbrio, para não julgar a aparência, muito menos pela aparência, seja física, emocional, intelectual, moral e espiritual, especialmente se instado a dizer sim ou a dizer não sob o impacto do que vemos, sem pedir tempo ou sem dar tempo.
 

- Ser ou não ser não é a questão. A questão é como ser e o que fazer com o que se é em seus estares (visão de si sobre si mesmo) e como ver e o que fazer com o que se vê (visão de si sobre o outro).– Antero, poeta e andarilho, em parlenda com uma antiga professora de religião, que, na porta da igreja de São João Batista, em Barrocas(BA), lhe reprochara as vestes meio velhas com que se apresentou na festa de Reis, em 1981.

 


O lombrosianismo (teoria do criminalista italiano Cesare Lombroso (1836-1909), que definia os criminosos natos a partir de seus traços físicos, às vezes já na infância) comportamental tende a atrapalhar muito a ida livre e progressista de todo preconceituado, mormente quando este aceita o estigma da ridicularização ou humilhação que se lhe impõe. Se antes eventualmente as portas ascensionais já lhe eram fechadas, agora se tornam trancadas a chave do tipo tetra. Isso principalmente porque ele próprio se autoestereotipa, se acomoda ou assimila os prejuízos objetivos que sofre com o que está sendo ou com o que não está sendo, mas que dizem que ele é.
Essas portas interiores, por isso, correm o risco de oxidação pelos radicais livres do tempo, até que ele resolva (auto)arrombá-las pelo pé de cabra do alevantamento autoestimativo. [Vixe! Pesei a mão, não foi?] É quando ele, agora sob nova direção, resolve pensar e sarar por si mesmo suas marcas e cicatrizes psicoestigmatizadas socialmente (sem descuidar, contudo, de desembaçar o espelho de vez em quando).

 


No teatro das relações fisioanatômicas, todos nós estamos representando papéis aparentes uns para os outros. Uns fazem papel de alto e outros, de baixo; uns interpretam velhos e outros, jovens. Há os que se exibem como negros, brancos, morenos, louros, narigudos, orelhudos, fanhosos, carecas e outros fisiobiotipos. Mas nenhum ator ou atriz é essencialmente o que representa. Apenas está sob corpos-máscaras tais. O problema é quando a plateia de coatores julga quem desfila no palco (quaisquer transeuntes e circundantes) por seu próprio personagem, ou quando o próprio intérprete avistado, em crise de identidade, julga a si mesmo por seu próprio personagem.
Cada um de nós tem suas diferenças de aspecto físico ou psíquico. O preconceito, positivo ou negativo, surge quando essas diferenças são prestigiadas ou rejeitadas pela sociedade. E é reforçado quando o próprio preconceituado preconceitua suas diferenças, prestigiando-as ou rejeitando-as, construindo assim uma crosta psíquica de orgulho (fruto de um narcisismo social) ou de baixa autoestima, conforme sua fisioanatomia coincida com os padrões prestigiados ou rejeitados em sua comunidade ou em sua época. Quer dizer, tendemos a nos comportar de acordo com nossas características psíquicas, físicas e sociais vigentes.

 


Aí entram as seguintes vertentes taxinomeáveis da Sociopsicologia:
geopsicologia (comportamento em função do lugar onde se mora ou de onde se tem origem)
aristopsicologia (comportamento em função da nobreza social ou da riqueza material que se possui),
politicopsicologia (comportamento em função de cargo de autoridade que se exerce),
etnopsicologia (comportamento em função da cor da epiderme ou de traços étnicos ou bioetnotípicos),
ideopsicologia (comportamento em função das ideologias de que se nutre para justificar pensamentos e ações e para comentar os fatos sociais),
etaripsicologia (comportamento em função da faixa etária),
hieropsicologia (comportamento em função de influência religiosa ou de dogmas igregísticos),
fisiopsicologia (comportamento em função de traços fisionômicos ou anatômicos),
culturopsicologia (comportamento em função da cultura, do conhecimento e da linguagem),
homopsicologia (comportamento em função da condição de homossexual).
Essas psicologias acima são de afirmação, de quem sente na pele a caracterização imposta pela visão de si sobre si mesmo.
Porém, existe também a psicologia do contrário, que é a visão tendencial do outro sobre ele. Por exemplo, é quando um branco (ou, mais precisamente, um epidermobranco) tem uma visão preconceitual sobre os ou, melhor, epidermonegros), exatamente porque sua epiderme não é negra na atual existência. Se o preconceito for exacerbado, sistemático e doentio, isso pode denunciar que o abrancado não foi negro nem anegrado, quer na cor, quer na cultura, há várias encarnações. Não tem a mínima memória da experiência na pele nem na consciência opostas. Mas pode ser também pelo seguinte: esse agora “branco” na pele mal resolvido foi negro na pele na última existência e sofreu grandes baques psíquicos, por sua condição étnica então desprestigiada, e, por isso, hoje ele tem verdadeira ojeriza da situação que pré-vivera sofrendo. Quer dizer, antes, metempsicoticamente, como melanoderma, ele não se valorizou, nem superou os eventuais achaques que sofrera continuadamente. Agora, como leucoderma, ele sente-se livre do desprestígio e até sente-se orgulhoso por vestir uma capa epidérmica socialmente prestigiada. Em resumo, ele continua iludido. Não se autorresolveu como negro, não se autorresolveu como branco, não se autorresolveu como ser humano. Continua com a mente doentia.
E uma das tendências da psicologia de afirmação ou da psicologia do contrário é se desconhecer, não aceitar, nem entender direitos ou necessidades de integrantes de outras psicologias que não a sua. Não se tem noção de que, muitas vezes, a pretensa defesa de direitos democráticos e de igualdade de oportunidades para todos, vela mesmo é uma política de opressão subjacente sobre psicologias contrárias historicamente desprestigiadas e que sempre tiveram supressos vários de seus direitos, que nunca foram vistos sequer como existentes pelas psicologias dominantes, com a chancela do governo e da igreja.

 


Todas essas características, que nos são próprias como seres sociais, tendem, quando exacerbadas, estimular o complexo de superioridade ou de inferioridade, de nós para os outros e dos outros para nós. Escravizam e afastam do nosso self, até quando se aprende ou se educa a superá-las e a ver-se e ver apenas ser humano igual e irmão em tudo na supermalha de relações fraternas e psicoafetivas globais.

 


Em princípio não importa o que somos ou mesmo como nos sentimos intimamente com o que somos. Importa mesmo é o que fazemos com o que somos para nosso benefício integral e para o benefício dos outros.

 


Os julgamentos generalizantes, temporais, atemporais, espaciais ou condicionantes são típicos de quem não tem qualquer noção das microleis não escritas que regulam os infinitos tipos de relações, de pessoas, de objetos de interesse, de direitos e de necessidades. Isso vale para julgadores e para julgados, tanto no terreno da fisioanatomia (feição física) quanto no terreno da psicoanatomia (feição mental) e da socioanatomia (feição social, econômica e cultural).

 



 
{- Só não devemos é exagerar como Dona Cloa. Embora vivesse a gargalhar junto aos seus “irmãos de cor”, ela nunca aliviava a feição, nem jamais mostrava um mínimo sorriso sequer a nenhuma pessoa de epiderme clara. Sua ideia era não acharem que ela estava assimilando ou se acomodando à condição de escrava. Aliás, escrava, não! Escravizada, como ela fazia questão de lembrar sempre. Só que ela ainda se comportava dessa forma nos anos quarenta do século passado, quando já tinha quase cem anos de idade e a escravidão negra no Brasil já havia oficialmente terminado há mais de cinquenta anos! – Voafra, professora de Educação Moral e Cívica e historiadora, enquanto prelecionava sobre consciência negra, numa escola do bairro da Liberdade, em Salvador, na abertura do ano letivo de 1959. }
[A propósito, eis o conceito de consciência negra para a professora Voafra:
“A consciência negra é uma consciência transcendental. Está acima da cor da pele social e historicamente rejeitada. É a percepção que o negro passa a ter da sua própria essencialidade humana, que vivia oprimida pelo preconceito etnossocioeconômico, e que de repente vem à flor da pele, ou melhor, à flor da consciência de si mesmo. É quando ele, então, se firma e se autoafirma, passando a exigir respeito a si como ser etnicamente diferente, mas não humanamente desigual. É quando ele parte para a luta no sentido de melhor se posicionar no grande mercado das oportunidades melhorativas da vida, sem jamais renegar suas origens culturais, e lutando pelo compartilhamento de sua autoabolição com outros sabagantes ainda cativos de si mesmos pelas influências discriminatórias que marcam nossa história e nossa sociedade. Só essa atitude mental já lhe acende a luz interior. Quase automaticamente, ele passa a ser visto com outros olhos, mesmo quando calado, mesmo quando parado.” ]

 


Se para os preconceituados visuais ou de nascença a “lei” já é sistematicamente “severina”, imagine para quem mantém a feição e a afeição também sistematicamente fechadas! Vai demorar muito de ver um sorriso de brandura do legislador relativamente “improado” [É uma derivação popular de “emproado” (orgulhoso, altivo, pretensioso, vaidoso). O “improado”, como se diz no Sertão, está mais para o sujeito zangado, de cara amarrada, de poucos amigos.] O cativeiro conceitual entristecedor continua agrilhoando sua alma. Mais difícil ainda será conseguir se alforriar de vez pela conscientização autolibertadora. Contudo, quando isso acontece, é uma beleza! A pessoa autolibertada se alinda e passa a sambar no terreiro da liberdade de expressão, de impressão, de sentimentos mais fagueiros, de escolhas e até de gastos livres dos vinténs que vivem presos no saiote. [[Mas, aí agora já começa outra luta, que é a das compras, que desenvolvo no livro “Inteligência Econômica”]]}

 


Com o passar dos anos, além das modificações naturais do tempo, os corpos humanos vão assumindo novas plásticas naturais. Isso muito decorre da predominância do estado emocional mais corriqueiro e muito de acordo com a predominância das qualidades de ondas de sentimentos emanadas de seu coração e das ondas de pensamento emanadas de seu cérebro. As consequências refletem-se no semblante, na pele e em todo o corpo. A partir desses estados d’ alma mais marcantes e fenotipicamente transmorfizantes, as pessoas se avelhentam mais depressa ou mantêm-se novas por muito mais tempo do que o esperável (por fora e por dentro), podendo desenvolver um semblante mais ameno e saudável ou mais sofrível ou doentio. Podem despertar mais alegria ou tristeza, simpatia ou antipatia, beleza ou feiura.
É uma realidade que não tem nada a ver com o lombrosianismo comportamental (espero!). Mas, também nesse caso, até robusta prova, argumentação ou convencimento em contrário, fica igualmente difícil se fazer um juízo abalizado e certeiro de valor acerca do caráter e dos sentimentos predominantes atuais de quem quer que seja.

 


{Na longa estrada da vida, as condições objetivas, incluindo a alimentação, o ar, a água, as dores e os amores e os saberes e os sabores vão erodindo e mimetizando cada viajor. Os aluviões vão se grudando nele, como um ímã, ao ponto até dele se confundir com as próprias paisagens movediças. Ele vira parte das paisagens e as paisagens viram parte dele. A certa altura da ida, ele percebe que as paisagens que vêm andando em sua direção são justamente aquelas que ele mesmo pintara. É quando ele começa a reforçar os traços de suas atuais pinturas de paisagens paradisíacas, para apreciá-las e apreciar-se melhor no futuro. - Antero, poeta e andarilho, enquanto coloquiava com um topógrafo do DNOCS, na estrada de Itiuba para Camandaroba (cidades do sertão da Bahia), no verão de 1979. }

 


Não é raro se julgar “mal” uma pessoa “improada” ou macambúzia, sem saber, por exemplo, que ela está passando momentaneamente essa imagem apenas porque está enfrentando um problema sério de família, ou por ter sofrido traumas (físicos, mentais, emocionais ou espirituais) profundos na infância.

 


No mais, até prejuízo ostensivo em contrário, cada um tem garantida por lei a liberdade de expressão, inclusive fisionômica. Até manifestação oral ou acional em contrário, as aparências nem sempre espelham os sentimentos e os pensamentos circunstanciais de cada um.

 


Um aparte para o endocrinologista e filósofo hindu-estadunidense Deepak Chopra:
 
“Quem está deprimido por causa da perda de um emprego projeta tristeza por toda parte no corpo. A produção de neurotransmissores por parte do cérebro reduz-se, o nível de hormônios baixa, o ciclo de sono é interrompido, os receptores neuropeptídicos na superfície externa das células da pele tornam-se distorcidos, as plaquetas sanguíneas ficam mais viscosas e mais propensas a formar grumos, e até suas lágrimas contêm traços químicos diferentes das lágrimas de alegria.
Todo este perfil bioquímico será drasticamente alterado quando a pessoa encontra uma nova posição. Isto reforça a grande necessidade de usar nossa consciência para criar os corpos que realmente desejamos.” (em seu livro “Saúde Perfeita”)

 


[A partir dessa premissa, é de se esperar que o oposto possa ocorrer, ou seja, que a partir da força dirigida do espírito para a mente, e da mente para o cérebro, possamos melhorar nossas condições físicas. É a atuação retransmorfizante das chamadas idioplastia e neuroplasticidade.]

 


Sobre um homem tido como bonito ou feio ou sobre uma mulher tida como bonita ou feia, deve-se dizer, mais apropriadamente, que se trata de um homem de corpo bonito ou feio ou que se trata de uma mulher de corpo bonito ou feio. E beleza ou feiura sempre depende do conceito cultural reinante no inconsciente individual ou coletivo, em cada época e em cada lugar, acerca da estética fisionômica humana. Então, mesmo essa definição estética é objetivamente preconceituosa. Não existe beleza ou feiura absoluta. Tudo nasce de preconceitos implícitos acumulados no inconsciente.
Também certas feições antipáticas que se veem por aí decorrem apenas de determinadas carências vitamínicas ou de sais minerais. Pode ser também por excesso de sujeira no organismo, como toxinas e radicais livres, combinado com poluição mental ou espiritual, o que nem os criticadores de personalidades alheias nem os próprios criticados sabem.

 


Todo ser humano tem dimensões que vão muito além das três comumente captáveis pelos sentidos zoológicos. Cada ser humano é a ponta do iceberg de si mesmo, quando visto apenas em seus contornos biotípicos, genotípicos, fenotípicos, aurotípicos e principalmente comportamentais. [No caso dos seres humanos, a aura varia de tonalidade e de cores, a todo momento, conforme o padrão vibratório mantido pela força dos pensamentos e dos sentimentos. Chamo de aurótipo ou aurotipo o padrão predominante do contorno da substância etérea em derredor de cada ser vivo.]
Às vezes, a chamada “falha de caráter” de alguém reside em um dos seus eus mais ocultos, só vindo à flor da pele em momentos extremamente provocadores. Mas também muitas vezes ocorre o contrário: o sentimento mais nobre e inesperado de alguém jaz no interior do seu eu mais profundo, e vem à tona nas ocasiões quando menos se espera dele.
[Tais contrastes comportamentais são amiude vistos, também, nos conhecidos casos de regeneração para ações boas, logo após alguma explosão emocional, afetiva, moral ou cognitiva. Seria essa regeneração ou autobatismo consciencial o “ser gerado de novo” prenunciado por Jesus (João, 3:3) como fator condicionante para se chegar ao reino dos céus? [Segundo nota da “Tradução do Novo Mundo”, versão da Bíblia das Testemunhas de Jeová, o “ser gerado de novo”, nesse versículo, quer dizer, literalmente, “ser gerado de cima”. Induz à conclusão de que para essa passagem bíblica cabem perfeitamente as duas interpretações religiosas mais comuns: a de que se trata do batismo pela reforma íntima, principalmente a partir do arrependimento e despertamento de novo patamar consciencial, bem como de que se trata da menção crística ao fenômeno biológico natural da palingenesia ou reencarnação. Por isso, como busca de uma estética agradável ao Olho Invisível que tudo vê integralmente, devemos sempre fazer o bem ou tentar fazê-lo. Procuremos sem cessar nos livrar do mal, inclusive o que jaz dentro de nós mesmos, e inclusive o mal que podemos chamar de síndrome de pecador. A prática das ações boas já possibilita alguma regeneração antecipada, mesmo ainda se sendo um errante estradante. Claro que quem puder só fazer o bem e nunca mais voltar a pecar, melhor ainda.]
Por falta de “treino”, as erupções vulcânicas, boas ou más, costumam fazer grandes diferenças transformacionais, para si e para os outros, podendo ser altamente proveitosas ou prejudiciais. Quando se trata de explosão emocional de amor, doçura, solidariedade ou de piedade, menos mal. Mas quando se trata de explosão emocional de ódio, amargura, rancor ou violência, hum...! Vixe-maria!

 


Louco é quem tenta decifrar todos os seus próprios eus e, mais ainda, os eus dos outros. Quem responde não a qualquer pergunta sobre se conhece uma certa pessoa, está sempre dando uma resposta absolutamente correta, mesmo que eventualmente seja seu irmão gêmeo univitelino!
É de grande valia, pelo menos, saber que há tantos indivíduos formando uma só pessoa, para não se precipitar nos pré-julgamentos dos outros a partir de aparências, mesmo as invisíveis e subcutâneas, de forma sistemática.
O dever de cada um de nós é não bancar o promotor público de graça e não sair por aí acusando quem quer que seja, sem ter sido concursado para isso. Busquemos nos melhorar e fazer o possível para minimizar ou transformar nosso sofrimento e o alheio. Julgar, em princípio, só nossos próprios atos.
Acusar, ou mesmo dar logo a primeira pedrada no outro, é fácil. E ajudar? Pode ser mais fácil ainda. É só questão de trocar o ângulo de visão dos fatos “sub oculis” (emLatim: que está sendo analisado, avaliado, julgado).
Não crucificar ninguém, principalmente quando não se tem causa pessoal para isso. Porém, se já o fez, que não se esqueça, o mais depressa possível, de descrucificá-lo. Suceda-se à crítica, ainda que justa, uma visão maior de compreensão ou que se enalteça também as aspectos positivos da vítima do opróbrio (desonra pública). Idealmente.
Julgar a aparência ou pela aparência, ou mesmo julgar a essência de quem quer que seja, mesmo de acordo com o voto do próprio autojulgado, nunca. Ajudar, compreender, servir, orientar, sempre que possível. Ver além e acima e tratar qualquer um em nível superior ao que ele mesmo aparenta ou se julga, é mais proveitoso para o sucesso da melhoria de cada um e para a durabilidade da paz relacional como um todo.
Ademais, uma parte do valor que atribuímos aos outros em nossos julgamentos se agrega automaticamente aos nossos próprios valores. [Isso não implica que devamos confiar cegamente em todo mundo. Pelo contrário, já que não conhecemos ninguém, é fundamental ajudar sempre e dar voto de confiança sempre que necessário, uma vez que não podemos viver sem contar uns com os outros. Porém, confiar cegamente só em situações raras.]

 


Enfim, o mais importante é aproveitar do melhor de cada um, inclusive dos próprios eus mais aparentes e suas diferenças, nas várias oportunidades de relacionamentos que surgem a toda hora e em todo lugar, deixando as acusações e julgamentos para quem de Direito, mesmo que não perfeitamente direito.

Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 05/12/2010
Reeditado em 24/12/2010
Código do texto: T2654286
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