Devemos olhar as pessoas de perto, preferentemente com uma lupa ou com uma câmera Kirlian (máquina inventada em 1939, pelo cientista russo Semyon Davidovitch Kirlian (1898-1978), que consegue fotografar a aura (ou duplo etérico) dos seres animados), para melhor perscrutar-lhes os sentimentos e emoções, mas olhá-las também de longe, para enxergar-lhes os espectros circum-ambientais e sua longa estrada historial.
 
Quem classifica alguém de feio só pelo arriar das malas, é porque não viu o andar de sua carruagem. Ainda não conhece a quarta dimensão da beleza ou da feiura do "chegador", que só se manifesta com o tempo, ou seja, com a manifestação de seus pensamentos, sentimentos, palavras e ações.
Todos nós somos muito maiores e mais largos do que aparentamos. Cada um tem a sua própria órbita, que interage e se comunica com outras órbitas humanas, viabilizando as atrações, as repulsões, os choques e os assédios energéticos invisíveis aos olhos da carne. É o que faz também surgirem as chamadas simpatias ou antipatias gratuitas em relação a alguém, sem se saber por quê.
Esses sentimentos alheios baseiam-se muito mais nos preconceitos positivos ou negativos e simpatizantes ou antipatizantes quanto ao aspecto físico dos “olhados”. Normalmente, a partir dessa primeira impressão, todas as ações decorrentes do preconceituado tendem a ser vistas como simpáticas ou antipáticas, até que sejam vistas mais de perto, com a lente da justiça. [Ressalva apenas para as mudanças de impressão que se tem sobre os outros a depender dos instáveis estados de humor e de amor de julgadores e de julgados.]
Em situações de subjugação emocional entre indivíduos, o subjugado às vezes faz bonito para agradar ao outro, mas esse mesmo fazer o torna horrível para si mesmo. À guisa de ser simpático para o outro, o oprimido torna-se antipático para si mesmo, na medida em que agride seus próprios princípios, sua ética oculta e silenciosa, mesmo que só veja beleza em seu “opressor”.
Pelo revés, um rebelde tido como antipático pode ser interiormente bem resolvido consigo mesmo e se achar muito simpático, justamente por desagradar ao outro enquanto agrada a si mesmo, enquanto valoriza sua independência emocional.
Nesses casos mais sutis de impressões pessoais recíprocas é de se levar em conta, de forma muito objetiva, o que efetivamente é feito por um para o outro e de um pelo outro. Assim, pode-se avaliar onde reside de verdade o prejuízo: na ação objetivamente feita, no fazedor da ação ou no destinatário da ação.
 
O que pesa não é a feiura ou a beleza que se tem, mas é a feiura ou a beleza que se passa. Às vezes é a lente de quem vê que está feia ou bela. Outro observador, com outra lente, pode ver “outríssima” imagem. Às vezes um fazer de alguém o torna belíssimo às vistas de uns e o torna feiíssimo às vistas de outros. O prejuízo pode estar na lente de quem assume o encargo de fazer essa avaliação. Você a assumiria com tranquilidade? Existe alguma opinião efetivamente objetiva de algum ser humano sobre qualquer fenômeno humano aqui neste planeta com mais de cem bilhões de indivíduos (contando os espíritos desencarnados (nomenclatura espírita) ou consciexes (nomenclatura conscienciológica) e os eus interiores de cada um de nós)?
 
{A cada par de pessoas do mesmo sexo, uma é a exceção da outra, ainda que consideremos que há mulheres masculinizadas e homens feminilizados, sem serem necessariamente homossexuais. Qualquer generalização conceitual sobre homens ou mulheres é sempre arriscada. Mas, o que vale mesmo é cada um bem viver e tolerar as diferenças do sexo oposto, inclusive aquelas que jazem ou se agitam dentro de si mesmo. Caboclo Feé, antropólogo e pai de santo, refutando os argumentos machísticos de uma adolescente, na praia do Cristo, em Ilhéus, durante o verão de 1996.}
 
 
Deveras, a tendência é acabar o tempo das máscaras, das personas intra e interanulatórias. Quanto mais leves de ismos animalizantes, de capas duras machísticas e opiniões fechadas arrogantes, melhor nos capacitaremos a voar e a interagir com inteligências sutis das dimensões espirituais e conscienciais mais profundas e a compreender, tolerar, perdoar e amar melhor uns aos outros, no que têm de aparente, no que têm de oculto.
 
O movel da evolução relacional é se pré-admirar cada ser humano independentemente de suas belezas ou de suas feiuras estéticas (tridimensionais) e estáticas (bidimensionais), principalmente porque toda beleza estática é apenas aparente. [Todos temos uma dinâmica invisível que transcende nossas aparências a toda hora.] Que o julgador ou pré-julgador, pelo menos, aguarde até vê-lo andando (no caminho da quarta dimensão, que, por outra, é o próprio caminhar). Principalmente, que espere até ver o resultado das ações da “coisa julgada” (o agente da atividade ou da aparente passividade), com suas ideias e seus pensares. E essas ações podem estar inicialmente sob belas ou feias camadas estéticas ou estáticas, muitas vezes a depender até da hora do dia. Porém, ao final do dia, podem resultar em grandes mudanças melhorativas para o próprio agente ou até para a galáxia inteira!
[Quem não tem suas venetinhas de vez em quando? Só não é normal é se ter grandes e demoradas venetas alternadas, mais típicas de quem sofre de PMD, TOC ou bipolaridade.]
 
Deve ser acolhida com extrema ressalva aquele verso de Vinícius de Morais que diz: “que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental.” A feiura e a beleza a que ele se referiu certamente não são as aparentes, mas, sim, as agentes ou reagentes.
De igual modo, muito cuidado com a adoção passiva daquela frase atribuída ao filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623-1662): “Quanto mais conheço os homens, mais eu gosto do meu cachorro!”. Acho que, quando formulou esse enunciado intracontraditório, ele deveria estar sofrendo de alguma dor de barriga muito forte ou, quem sabe, talvez tivesse acabado de receber alguma crítica ácida a um de seus escritos ou inventos.
{Muitos pensamentos-enunciados de célebres famosos, às vezes absurdos, às vezes radicais ou carregados de emoções, foram “desabafados” quando seus criadores estavam sob alguma forte emoção. Vejamos três espécimes que nos levam a crer nesse sentido:
 
“O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.” – Nelson Rodrigues (citado no livro em sua homenagem, “Flor de Obsessão”, de Ruy Castro).
 
“A cada manhã, para ganhar meu pão, vou ao mercado onde mentiras são compradas. Esperançoso, tomo lugar entre os vendedores.” – Bertold Brecht (Em seu “Poemas de um Manual para Habitantes das Cidades”).
 
“Ninguém sabe escrever.” – Eça de Queiroz, em seu livro de memórias “Fradique Mendes”).
 
Quem já tem alguma linha geral de pensar sinteticamente sobre tudo, às vezes, por falta de um analgésico emergencial adequado, acaba detonando frases inteligentíssimas, mas igualmente absurdas. Tais frases-sentenças, excelentes ou péssimas, ficam bem-afamadas ou mal-afamadas, principalmente porque ditas por quem disse.
Que dor, por exemplo, estava sentindo o filósofo polonês-alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), quando definiu as mulheres como “esses seres de cabelos longos e de ideias curtas”? [Será que na hora de soltar esse idiotema, ele usava um calção que estava apertando demais a sua virilha? Não sei. É apenas uma suscitação.]
É certo que, por não ter sido poeta, ele não tinha compromissos com ideias futuras, e, por isso, expressava bem o conceito reinante em sua época sobre a inteligência feminina. Mas, por ser um filósofo, ele também era um formador de opinião e tinha responsabilidade pelo que transmitia ao povo, composto de homens e de mulheres. Quanto à questão das mulheres, ele deveria, senão elogiá-las, pelo menos calar-se a dizer tamanha asneira, independentemente de qualquer contexto dialógico ou de eventual misoginia (aversão sistemática às mulheres) ou aginia (carência ou falta de mulher; celibato mal resolvido). [Ele escalifa (destrói, arrasa, em baianês) a turma do batom é em seu livro “A Arte de Lidar com as Mulheres”, que talvez tenha sido uma obra à parte do seu repertório de grandes livros filosóficos que escreveu. É como se fosse uma licença para externar um assunto que o vivia incomodando pessoalmente, um terapia literária, para expurgar um tumor psicoconceitual reprimido.]
Quem sabe se ele, em alguns diálogos filosóficos que se permitiu ter com alguma “Hipátia” anônima, democraticamente, não sofreu desta alguns xeques-mate, mesmo que eventualmente sem muitas palavras? [Hipátia é considerada a primeira matemática, cientista e filósofa da História. Viveu de 370 a 415, em Alexandria. Era famosa por sua grande sabedoria, eloquência e beleza física, o que lhe causou morte brutal por cristãos radicais da época.] Quem sabe?
 
- Nem sempre se vence um acalorado debate só com jogo de palavras em igual temperatura. Às vezes, é na sutileza ou na simplicidade, quando não na meiguice, ou até mesmo no próprio silêncio estratégico, que se derruba um gigante do eruditismo ou do culteranismo[1].Jorge, vendedor de livros acadêmicos e operador de som do auditório de uma faculdade na cidade de Barreiras (BA), enquanto ponderava com um jovem aluno arrogante e expert em malabarismos vocabulares, no mês de setembro de 2001.
 
Principalmente se você é feminista radical, talvez seja melhor não ler o livro supradito, para não sofrer um infarto. [Ou você não é tão sensível assim?]
O grande filósofo do pessimismo, neste caso, confundiu não liberdade de expressão, mal do qual até hoje muitas mulheres sofrem, com não capacidade de expressão, que não tem nada a ver com sexo. [Basta dizer que em nossa língua já há uma discriminação natural contra as mulheres nos textos escritos, que se dirigem bem mais para os homens do que para elas, por questões da não neutralidade das muitas classes de palavras quanto ao sexo. Aceito sugestões de como resolver essa “parada”.][Ou Você mesmo já está achando que eu aproveitei aqui o meu poder da caneta apenas para elogiar minhas leitoras mulheres? Estarei eu dando uma “canetada” no preconceito, para dar uma cantada literária no público leitor feminino, a fim de disseminar mais o texto através do botão “encaminhar”? Será que há mesmo dois públicos, um masculino e um feminino? Ou sou eu que já estou de preconceito contra um preconceito que eu nem sei se você está tendo agora em relação a mim?! Ou, enfim, meu eventual preconceito é contra algum sentimento sobre o assunto que eventualmente jaz dentro de meu próprio inconsciente e que, por causa disso, eu estou tentando envolver Você nesta quizumba? Também quem é que sabe? O que eu creio mesmo é que se eu fosse enfrentar o velho “Schop” num debate, ele certamente me nocautearia no primeiro round. Afinal, é dele também aquele livro de bolso “Como Vencer um Debate Sem Precisar Ter Razão”! [Frise-se, contudo, que ele não é a favor das trinta e oito artimanhas de combate verbal que lista no livro, não. Ao contrário, ele as critica e alerta o leitor do bem (embora alerte igualmente o leitor do “mal”, que também é chegado a uma boa leitura).]]
 
Agora (talvez machisticamente falando), quando definiu as mulheres como “esses seres de cabelos longos e de ideias curtas”, Schopenhauer expressava efetivamente uma tendência estatística. No campo da Filosofia, as mulheres nunca foram de pensar muito, não. São poucas as filósofas da história. No geral, as mulheres são menos idealizadoras e mais realizadoras. Enquanto os homens elucubram com a razão, as mulheres raciocinam com a inteligência afetiva ou com a inteligência emocional. Na média, elas conseguem produzir muito mais com ideias curtas do que os homens com suas ideias longas, mas impráticas. Enquanto eles proseiam, elas poetizam, dizendo muito mais em versos do que eles em frases e mais frases. E aí? É uma provocação para debate? Ou você, se mulher, me nocautearia logo com um olhar multi-ideativo? Calma! É só uma provocação. As mulheres usam o pensamento só para si mesmas no campo da razão filosófica. A inteligência feminina é mais multiperceptiva, por causa da sua maior sensibilidade espiritual. [Melhorei ou piorei?]
 
Já é cediço que a capacidade cognitiva da mulher é igual à do homem. A diferença está apenas na maior emotividade que a mulher tende a mesclar no processamento das suas informações cerebrais. Segundo a neurocientista italiana Rita Levi-Montalcini (1909), Nobel de Medicina em 1986, numa entrevista jornalística em 2005, só há diferença entre o cérebro masculino e o feminino “nas funções cerebrais relacionadas com as emoções, vinculadas ao sistema endócrino. Mas quanto às funções cognitivas, não há diferença alguma.
Creio ser incontroverso, também, que a inteligência das mulheres, na média, volta-se mais para a percepção dos detalhes, especialmente no campo das relações. Normalmente, são menos argumentativas do que os homens, mas são mais ativas e reativas, mais observadoras e articuladoras, mais intuitivas e impressivas. Ou não?
Não podemos deixar de lado, contudo, o fato de que as gerações de mulheres sempre se acomodaram mais do que os homens ao espírito do seu tempo. Apesar disso, sempre houve aquelas corajosas que se posicionaram à frente dos mores e dos doxas prevalentes em seu derredor social. O que hoje taxamos de preconceito, outrora era tido como fato social natural, comum ou até divino. Normalmente, não despertava qualquer estranhamento ou revolta, nem dos próprios discriminados. Hoje, “A Arte de Lidar com as Mulheres” é visto como carregado de preconceitos. No tempo em que foi escrito (1851), foi bem recebido pela crítica social, inclusive por algumas das poucas mulheres que sabiam ler e que tiveram autorização de seus maridos para lê-lo. Reinavam as discriminações (que ainda há), mas não o espírito de preconceito contra as mulheres. [Claro, também, que esse livro reforçou a ideologia, até então reinante, de inferioridade das mulheres.]
Em verdade, o comentado filósofo contaminou toda a sua produção livresca, não só com o espírito patriarcalista do seu tempo, mas também com seu conhecido pessimismo frente ao Universo. E o auge da contaminação se deve também às suas próprias crises de relacionamento com as mulheres, em particular com a própria mãe.
[As mulheres sempre tiveram bem afiada uma inteligência adaptativa às condições mais adversas em que tiveram que se submeter para tentarem ser felizes ou pelo menos para tentarem sobreviver, inclusive nas sociedades radicalmente machistas. Sempre deram seu jeitinho. As que sofrem são aquelas inertes e mal resolvidas consigo mesmas enquanto seres humanos. Bem... é o que eu acho.]}
 
- Quem vive a tesar em mesmas teses pessimistas, durante longo tempo, pode estar é carente, sem saber, de algum sal mineral, de alguma vitamina ou até mesmo de um cafuné. – Caboclo Feé, antropólogo e pai de santo, aludindo ao famoso pessimismo de Arthur Schopenhauer, numa roda de bate-papo às margens do Rio Itapicuru, em Jacobina(BA), no meado de 1992.
 
Voltemos à questão beleza-feiura.
No enunciado de Pascal, supracitado, se ele mesmo é um dos homens (homens como seres humanos[2]), então sua autoestima devia estar lá embaixo quando reconheceu sua cada vez maior estima por seu cão, quanto maior era seu conhecimento dos homens, não é lógico? Muito estranho, para quem é o inventor de uma das primeiras máquinas lógicas conhecidas! [Criada em 1642, quando Pascal tinha apenas dezoito anos, a chamada “Pascalina” era uma caixa com rodas dentadas e engrenagens, que calculava somas e subtrações de números inteiros, rapidamente exibindo os resultados num mostrador. Em homenagem a esse filósofo e matemático francês, foi denominada de Turbo-Pascal a famosa linguagem de programação desenvolvida pelo cientista suíço Niklaus Wirth, em 1971.]
 
Na mesma medida com que esperamos que admirem nossas belezas explícitas ou implícitas, devemos ter a devida compreensão em relação a todo aquele que agiu objetivamente feio (segundo os conceitos da época e do lugar do feito) e teve de ser punido. Afinal, este foi apenas um de nós que foi descoberto no momento do extravasamento de sua feiura acional. Ou você, que está neste livro de passagem, discorda radicalmente? O problema é quando essa punição serve para expressar mais a feiura vingativa dos próprios órgãos punidores ou do Governo como ente mais repressivo do que preventivo e educativo, do que para “arrancar”, ainda que coercitivamente, o “duque” que há dentro do condenado pela feiura individual. Neste caso, usa-se a pena mais para que se “ex-duque” do que para que se “e-duque”. [ A rigor etimológico, “educar” vem do latim educare, que se originou do verbo educere. Este se compõe do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar), o que resulta conduzir para fora ou preparar para o convívio social.]
Quando se trata da relação mãe e filho, a situação é ainda mais difícil. Toda mãe, principalmente quando exerce o matriarcado familiar, normalmente tem várias pessoas numa só: mãe (afetiva, carinhosa, protetora), professora (para ensinar o certo e o errado), juíza (para julgar as ações do filho) e verdugo ou algoz (quando precisa agir com rigor em cada punição que ela julga ser necessária à correção do condenadinho por suas açõezinhas feias). Já pensou quanta responsabilidade? Somando a tudo isso suas condições de pessoa humana, pessoa laboral, pessoa estudante, pessoa esposa etc, etc, quando não está “bela” no momento da eventual função de juíza, ditadora ou executora, ela tende a exagerar na “dose”. É uma feiura para coibir outra feiura, às vezes com horríveis repercussões financeiras (espero que você esteja entendendo o que eu quero dizer).
Nós, seres humanos, também somos frutos de nossas emoções, que são extremamente irracionais quando não devidamente educadas, ao ponto de não só nos animalizar, mas também nos bestializar.
Igualmente os senhores patriarcas têm essa multiplicidade de pessoalidades, mas normalmente não a exercem de forma tão envolvente e interativa quanto as mães. Questões histórico-condicionantes? Questões cultural-condicionantes? Questões natural-condicionantes? Ou t.a.r.a. (todas as respostas anteriores)?
 
Enfim, qualquer tentativa de julgar um ser humano a partir de suas expressões meramente tridimensionais ou a partir de suas condutas isoladas e circunstancialmente aparentes é sempre grosseiramente equivocada e incompleta. [Isso sem contar que há os que avaliam as qualidades de uma pessoa, antes mesmo de conhecê-la fisionomicamente, só pelo sobrenome, por ser este muito diferente ou muito comum! É o famoso preconceito antroponímico.]
Em igual equívoco incorre quem costuma avaliar um ser humano impulsionado por tremenda ignorância no terreno da espiritualidade superior, considerando apenas suas expressões conceituais e psicológicas mais “à flor da pele”. [A pior falha de avaliação nesse sentido, histórica, foi certamente a que terminou naqueles gritos: “Barrabás! Barrabás!” Lembra?]
 
- Em terra de preconceituoso quem tem um olho é feio mesmo.– Toinho de Góia, cordelista, enquanto proseava com Zé Doca, companheiro de repentes, na Praça da Conceição, em Araci-Ba, durante um desfile de miss regional, no ano de 1996.
 
 
[A verdadeira beleza, enfim, é a que vem de dentro e passa pelos limites epidérmicos da pessoa e segue espaço afora. É a vibrante beleza da alma, sintonizada com o amor profundo, com o bem crístico aplicado. Desse tipo de beleza a Terra está cheia, mas não é muito reconhecida pelas nossas sociedades tridimensionalistas.
Muitas pessoas vêm à Crosta com missões luminosas e belas, que só se manifestam justamente a partir do preconceito que recebem inicialmente, após sua superação. Tem gente aí que é premiada pelo Cosmos com uma encarnação de alto grau de missionalidade motivacional e conscientizadora, mesmo num corpo aparentemente frágil. 
No geral das encarnações missionais levadas a cabo, quando o missionário já em operação cai no xodó dos homens lá em cima, fazendo alguma coisa do interesse deles, alguma coisa que contribua para o espalhamento do bem aqui entre nós, normalmente ele recebe cargas energéticas vitais extras, que prorrogam a vida encarnacional útil ou dão sustentação anímica para suportar qualquer adversidade circunstancial ou duradoura, inclusive em forma de doença congênita tida como incurável ou iminentemente mortífera (na ótica da nossa vã medicina positivista). Uns chamam esses casos simplesmente de milagre. Nós preferimos chamar de intervenções curativas ou fortalecedoras da Medicina da Alma, que opera nos dois mundos. Só não intervém na transformação estética de alguns, porque a eventual feiura aparente faz parte justamente do processo de atuação. 
Mais triste e mais medonha, contudo, é a feiura moral daqueles que nada fazem em prol do bem, da esperança e do amor e que vivem se preocupando apenas com suas vaidades, seus luxos, seus isso, seus aquilo... na boa vida nababesca e hedônica, aplaudidos nas passarelas do socioegoismo excludente e das superfluidades conscienciofágicas e cronoperdidosas. 
Que possamos mais e mais nos espelhar na beleza em alma dos modelos de passarela do bem que andam por aí, desfilando diante dos miseráveis de toda ordem, para levar-lhes ânimo, encorajamento, amor e assistências múltiplas.
]
 
 

[1] Tendência ao uso e abuso das figuras de linguagem ilustrativas ou dos chamados “cultismos”, “palavras difíceis”, ou até latinismos.
[2] É por isso, dentre outras causas, que eu gosto da língua internacional Esperanto, porque não confunde homens seres humanos (“homoj”) com homens do sexo masculino (“viroj”).
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 05/12/2010
Reeditado em 11/01/2014
Código do texto: T2654296
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