O QUE NOS ACORRENTA AO LONGO DA VIDA?

Hoje me peguei a pensar no transcendente mecanismo do amor. No amor atemporal, se é que posso definí-lo assim.

Se pensarmos dessa forma, ficará mais fácil de entender porque conseguimos nos perder pelos entremeados caminhos do tempo e amar cegamente, ou não, como nos tempos da juventude. É a maturidade nos pondo como “O Pensador”, escultura do francês Auguste-René Rodin, a questionar a nossa existência e a nossa tomada de decisão.

Passamos parte da nossa vida ao lado de pessoas que por uma situação e outra se tornou parte de nós. Acomodamos, não evoluímos, segundo a nossa espécie e declinamos na conquista diária que o amor exige para (sobre)viver.

A união de almas fica imortalizada no ato da cerimônia, que ao trocar as alianças, hasteia-se uma bandeira delimitando o território, cujas trincheiras falhas evidenciam a fragilidade de um amor e, angustiados assistimos a tudo, inclusive o passar do tempo.

A nossa espiritualidade se divide. Acontecimentos nos põem a caminhar, enquanto os olhos se voltam para outra era, nas descobertas, nos caminhos, nas palavras de afeto. E dos momentos de tristezas, por que não?

N a verdade, falar de amor na primeira pessoa do plural minimiza qualquer impacto negativo sobre uma só pessoa. Esse distanciamento provoca o equilíbrio racional.

Por isso digo que o amor transcende ao tempo, está distante de nós e infinitamente tão perto!

Infelizmetne há também histórias de amor que não alcançaram altitude e acabaram desistindo do voo, que poderia ter sido a maior de todas as façanhas da vida. Talvez por ter sido “proibido” viver a alegria que o amor propõe que muitas pessoas se fecham em si mesmas, preferindo o silencio e as reflexões de como uma vida poderia ser compartilhada em todos os sentidos...

Então o que dizer do amor excluído, queimado, rasgado ou censurado? Nem por isso deixou de ser amor atemporal, nem por isso deixou de ser amado.

Porém, quando passamos a nossa vida diante dessa mágica que é amor, com os mesmos olhos da juventude, acabamos perdendo a maravilha que poderia ser o amor na fase “enta”: quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta; se a coragem e atitude fizessem parte de nossas virtudes. Mas o medo de errar, em detrimento aos cabelos já grisalhos e de certas linhas de expressão, mapeiam a nossa alma, delimitando o nosso coração.

Triste é percebermos que as escolhas que fizemos ao longo da vida, podem nos fazer experimentar a mais doce e eterna saudade, daquele ou daquela que deveria ter sido o grande amor de nossas vidas, com gosto de perpetualidade!

Este sim é o amor que transcende toda a nossa vida, mesmo diante de certas derrotas marcadas pelo próprio tempo. Com nossos olhos já turvos e cansados, o amor ainda é brasa “quase” adormecida dentro de nós e somos capazes de amar verdadeiramente, porque o amor é o dom mais sublime que Deus poderia ter deixado sobre a Terra. Não escolhe idade, classe social, tampouco o momento para acontecer, basta que estejamos preparados para o amor e com ele assumir todos os riscos que a felicidade poderá nos trazer.

E quem não quer?

SÔNIA SYLVA
Enviado por SÔNIA SYLVA em 28/01/2011
Reeditado em 30/01/2011
Código do texto: T2756528