Algumas realidades são porque são; outras são porque, até certo ponto, se espera que sejam.
A depender de sua moldabilidade vibracional ou energética, algumas realidades passam a ser efetivamente o que se espera que sejam, mesmo sem perder sua essência natural.
Há realidades que, em si, não são reais nem são placebo, mas, para sua materialização, precisam da participação humana na sua cocriação e na extensão de seus efeitos, a exemplo da fé, da oração, da imaginação e da esperança. Tais realidades, quando bem finalizadas e bem canalizadas, operam verdadeiros “milagres”, que costumam deixar os céticos materialistas boquiabertos e sem qualquer explicação, inclusive nos casos em que não há nenhuma participação de seu destinatário(!). [É o caso de doentes inconscientes que obtêm melhoras e até curas ou resistências a partir de orações ou ações positivas que lhe são destinadas.]
 
{“Os milagres não acontecem em contradição com as Leis da Natureza, mas, sim, em contradição com o que conhecemos destas Leis” - Santo Agostinho}
 
A potencialização e eficácia dessas realidades podem até não garantir a consecução imediata do pretendido, mas nos proveem de força e coragem para, adiante, nos habilitar a conseguir, com nosso próprio suor, o que pretendíamos pela via expressa. É como disse o filósofo iluminista alemão Immanuel Kant (1724-1804): “A felicidade não é um ideal da razão, mas, sim, da imaginação”. Isso foi corroborado por Einstein, quando afirmou que “a imaginação é mais importante do que o conhecimento”. [Ele criou e comprovou a Teoria da Relatividade apenas matematicamente, mas teve o reconhecimento do mundo científico da época. Imagine o que ele não faria com o auxílio dos computadores de hoje!]
Entretanto, a imaginação eficaz é só aquela que energiza o campo vibratorial do ser para mudar, repelir ou atrair as realidades pretendidas, com objetivos de crescimento real. E essa energia se potencializa quando se associa ao devido conhecimento.
Imaginação mais conhecimento é igual a consciência. A partir dessa energização bifontal (imagética e cognitiva), e com a conjunção do Cosmo no mesmo sentido, fica bem mais fácil alcançar metas pretendidas. É só partir para o trabalho dirigido e bem focado, que o sonho se realiza, sem muito tardar.
Por mais hábeis exegetas
[1] e hermeneutas[2] que alguns de nós possamos ser, nunca vamos conhecer todo o espírito do Grande Legislador. Enquanto isso, façamos bem nossa parte na tentativa de preservar a vida e melhorar as qualidades de vida. Invistamos, inclusive, a força da oração e da fé e o dinheiro e o tempo que pudermos investir para ajudar no atendimento de nossos pedidos.
Requerer qualquer benefício à última instância de poder universal é um direito. Porém, estejamos sempre preparados para aceitar a vontade maior, que nem sempre coincide com a nossa no tipo, no momento ou no lugar que pretendemos.
Se olharmos bem para cima, com uma lente poderosíssima, telescópica, veremos que tudo que cai dos céus ao nosso encontro é sempre um tesouro para enriquecer de sentidos os afazeres específicos a que temos de cuidar em nossa existência. Pode ser aquém do que pedimos, igual ao que pedimos ou além do que pedimos, mas cai como uma mão na luva, embora nem sempre nos traga a felicidade que desenhamos para nós mesmos.
Alguns pedem a Deus um carro e recebem um carro.
Outros pedem um carro e recebem uma bicicleta.
Há quem peça um carro e receba apenas uma proteção para que não se lhe tire a bicicleta que já possui.
Há enfim quem peça um carro, mas Deus nada lhe dá de material, porque, ao ver dEle, tudo o que o requerente tem já é mais do que suficiente para dar sentido a sua vida, ou porque está com muito estoque de bens represados e apenas não consegue enxergar esse acúmulo.
Evolução perceptiva ideal: o requerente então recebe, apenas, uma lente de compreensão para poder enxergar ao seu derredor toda a fortuna que já tem, na medida certa de suas necessidades existenciais e de acordo com o que ele faz ou precisa fazer na vida missiologicamente. A partir daí ele parte com coragem e inspiração para pegar no pesado em qualquer frente de trabalho útil para si mesmo e para os outros. Tem aquele ditado que insiste em não sair da boca do povo: “Deus dá o frio conforme o cobertor”. [Equivale ao chique “princípio antrópico” da Filosofia, que anuncia que ninguém está onde não deveria estar e que o estar onde se está tem garantias sobrevivenciais suficientes para essa estação, seja em nível universal, seja em nível local.]
No tópico em tela, podemos dizer também que, para alguns, Deus dá o cobertor conforme o frio, ou seja, atende a anseios materiais de acordo com as reais condições e necessidades do dia a dia de cada um. A partir desse prisma, tudo que se receber a mais é lucro, embora seja sempre bem vindo, ou melhor, bem recebido, mas não decisivo para a obtenção de nacos mais profundos da verdadeira felicidade.
Quando Jesus diz “pedi e obtereis”, certamente não se trata de pedido de algo específico que se pretenda egoicamente. O ideal é pedirmos algo que nos melhore integralmente, que simplesmente nos faça de fato mais felizes do ponto de vista espiritual, emocional e físico, independentemente do estado e das condições em que nos encontramos, mas que possamos usar também como instrumento para melhor cumprir nossas missões. Com certeza nosso desejo, a partir desses termos, é uma ordem.
 
Como dizem os budistas, não existe oração sem resposta. Porém, nada vem de graça (nem nosso invólucro físico-químico a que chamamos corpo físico), sem condição, sem pelo menos uma esperança de aplicação efetivamente proveitosa do que foi recebido, de alguma forma. Não existe dádiva dos céus. Tudo é empréstimo, investimento ou recompensa (agradável ou desagradável). Não existe um “pistolão” cósmico que nos dê o que quisermos, na base da amizade ou na influência de algum “canal”, mesmo que seja a intimidade da fé ou da oração. Todos os pedidos atendidos são fruto de uma regra de três composta de várias grandezas, a exemplo de necessidade, merecimento, fé, prova, prêmio, humildade, trabalho, missão a cumprir e outras. O aumento de uma grandeza pode implicar o aumento de outra (grandezas diretamente proporcionais) ou a redução de outras (grandezas inversamente proporcionais). E a relação de proporcionalidade entre duas grandezas pode aumentar ou inverter uma terceira, uma quarta ou mais grandezas.
Quando nós entregamos a Deus nossos planos, Deus nos entrega um monte de tarefas, que devem ser cumpridas com muito empenho e disciplina, para o êxito do próprio plano.
O que nos compete mesmo é simplificar as relações que pudermos ter com Deus, e apenas pedir, e aceitar o que vier, com gratidão, e dar o que Deus espera de nós.
 
{“Quem pede pouco tem tudo” (frase atribuída a Camões). }
 
Talvez a síntese seja a seguinte: Quanto mais tivermos fé em Deus, cumprindo sua Vontade, tanto mais Deus terá fé em nós, cumprindo nossas vontades.


[1] Intérpretes minuciosos de textos.
[2] Intérpretes dos sentidos de um texto. Em Direito, os que perscrutam as intenções do legislador ao dizer uma norma.
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 07/02/2011
Código do texto: T2776618
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