(Reflexões de Psicologia Social, especiais para crianças decenárias em diante, adolescentes e todos aqueles que têm seu lado infanto-adolescencial ainda mal resolvido no que se refere a tomadas de decisões sob influências grupais)
 

 
A qualidade energética de toda formação social é determinada muito mais pela prevalência da somatória das energias orbitais de seus integrantes do que por regras externas de conduta.
 
Independentemente de roupagens formais, belas ou feias, dogmáticas ou ritualísticas, há também a “figura” do indivíduo coletivo, que age como um príncipe ou como um monstro, como se tivesse personalidade própria real.
Pode ser formado a partir de duas pessoas até uma nação inteira. Pode durar de um minuto a um século.
Há também, amiúde, a formação de indivíduos coletivos súbitos, inclusive a partir de pessoas totalmente desconhecidas entre si. Geralmente, começam a reagir em nível de protestos a uma provocação iniciada por um primeiro descontente. Pode começar numa fila, dentro de um ônibus, no estádio de futebol... Formam uma espécie de ressonância energética centrífuga, multiplicativa ou expansiva, e crescem como fogo na caatinga. Muitas vezes, o “arerê” repentino adquire dimensões catastróficas. [Porém, quase sempre, na hora da chamada à responsabilidade por eventuais estragos, quem menos aparece para assumir são os primeiros incitadores.]
As forças energéticas produzidas tanto podem gerar efeitos no próprio indivíduo coletivo como na sociedade local ou mesmo global. O certo é que os homens, quando reunidos em turbas, com objetivos meramente emocionais, sensoriais ou prazerosos, geram fenômenos da chamada psicologia de massa, porque impulsionados por energias próprias e bestializantes, embrutecedoras, primitivas, infantis ou até monstrificantes.
 
O indivíduo coletivo não chega a formar um sistema ou um povo, porque só existe enquanto as pessoas individuais humanas que o compõem estão vibrando ativamente na mesma sintonia, mesmo quando geograficamente separadas. [Hoje em dia, com o avanço, baixo custo e eficiência dos meios de comunicação eletrônicos, muitos indivíduos coletivos são formados sem que cada elemento integrante precise sequer sair de casa durante o processo de “doutrinação”. Os líderes de indivíduos coletivos se apresentam como pomposos e convincentes formadores de opinião. Usam novelas, filmes, jogos de internet, spans eletrônicos, mensagens subliminares sob formas aparentemente saudáveis, inocentes e otimistas. Usam também discursos salvacionistas pseudorreligiosos, motivações publicitárias para venda e divulgação de correntes, pirâmides e tralhas pseudonutritivas etc. Usam as propagandas, exibem-se em programas de auditório, discursam em palanques eleitoreiros, disseminam-se através de letras musicais erotizantes... E, mais perigosamente, valem-se de bate-papos, orkuts e outros meios internéticos, para aliciar mentes desavisadas e, assim, promoverem o tráfico de drogas, pornografias, pedofilias e outros malfeitos criminais. É todo um conjunto de técnicas de marketing, neuromarketing, fascismos, nazismos, lógicas argumentativas, estimulações a preconceitos sociais (estas preponderantemente dentro de escritos, imagens, charges e programas humorísticos) etc. É tudo esteticamente muito bem feito, colorido, bonito, sonoro, uma beleza de se ver e ouvir. Vale tudo para cativar a clientela para a aquisição direta dos produtos materiais ou ideológicos da linha de frente do reino dos homens e também para adquirir, subliminarmente, os produtos da linha de fundo do reino das trevas. [Calma! Há também a produção de coisas boas, por mãos boas e por mãos tortas, inclusive usando os mesmos meios de comunicação pós-modernas, voltadas para os interesses do espírito e da nova ordem mundial comandada pelo Cristo. Só não causam tanto impacto sensorial.]
A maioria dos formadores e multiplicadores de opinião sobre os produtos hedônicos expostos no grande mercado são em verdade inocentes úteis a serviço de interesses escusos de inteligências do plano astral inferior e pregadores de uma vida inteiramente voltada para o culto à materialidade e aos prazeres da carne e da sensorialidade. Isso tudo, somado com a subnutrição física e quimiocerebral da população, contribui para criar um cenário perfeito ao asselvajamento das personalidades e para o embrutecimento das sensibilidades, propício à ação dos indivíduos coletivos criminais do aquém e do além.
Quase não se houve algum discurso incentivando o amor crístico, os valores morais, a solidariedade com os desvalidos, a vida simples, o afastamento das futilidades e das frivolidades mundanais, a diminuição do consumismo, o combate às doenças da compulsividade... Quer dizer, há uma espécie de complô para desviar as pessoas humanas do que é mesmo essencial nesta vida e particulamente nesta fase de transição planetária. Enquanto isso, as sarjetas sociais, morais e emocionais continuam se apinhando cada vez mais.]
 
****
 
Fisicamente não existe indivíduo coletivo. Com efeito, o indivíduo é o núcleo central do átomo, portanto historicamente indivisível. Porém, no campo da Psicologia Social, do comportamento humano ou até mesmo do que poderíamos chamar de psicobiofísica nuclear (com direito a fissões, confissões, fusões e confusões), existe, sim, o tal do indivíduo coletivo. Hoje já se sabe que o antigo núcleo do átomo é o núcleo do núcleo do núcleo do núcleo anteriormente conhecido.
 
{ Há mais mistérios entre a camada de valência e núcleo de prótons e nêutrons, do que supõe nossa vã Química Atômica. – Filisto, barbeiro aposentado e professor de xadrez, enquanto discutia sobre Física Quântica e Espiritualismo com seu neto, no alpendre da sua casa de campo, em Praia do Forte(BA), numa tarde de domingo do verão de 1995.}
 
O quantum talvez seja o núcleo mais nuclear de todos até agora, mas já é visto por muitos cientistas-espiritualistas como uma ponte entre a tridimensão material e a quintidimensão espiritual. Você já atravessou essa ponte? Será finalmente a ponte ou “buraco da minhoca” idealizada por Einstein e Rosenand, em 1935? A já tradicional Física Quântica ainda tem muito para descobrir e revolucionar no campo da Física e da Espiritualidade. Questão de pouco tempo.
Esse conceito aí passa a ser meramente didático, uma vez que, se se trata de um indivíduo divisível, a rigor, ele é um divíduo, não é mesmo? Ele é formado por um grupo de pessoas humanas. E a energia inteligente, que unifica e fortalece os pensares, os sentires e principalmente os agires dessas pessoas, gera uma verdadeira “fusão nuclear”. Quando a energia cessa ou quando ocorre uma ionização ou desprendimento abrupto de algum elétron-pessoa humana, ocorre, neste momento, a dividualização do ser coletivo, que fica, consequentemente, enfraquecido ou mesmo extinto, a depender da quantidade de desprendimento. Se, por alguma força externa ou mesmo interna, ocorrer a dissociação completa entre a própria energia e o grupo como um todo, ocorre, neste momento, a fissão nuclear. Esta é a separação das duas partes principais do núcleo atômico (prótons e nêutrons). Nesta hipótese pode ocorrer uma grande explosão de inteligências para todo lado, durante a dispersão do grupo.
O xis da questão é: a força sustentadora desse ser imaterial com efeitos materiais é, em si, casual ou inteligente?
[Haverá um quantum inteligente intranuclear ou supranuclear manipulando o átomo coletivo enquanto este não se fissiona? Se, sim, a atual Física Quântica poderá ceder lugar de destaque para a Inteligência Quântica (expressão já cunhada por alguns homens de saber como o cientista Jorge Menezes e o engenheiro Valter Barbosa Júnior). Tal inteligência certamente pertencerá a algum novo campo de estudos, talvez chamado de Nanoneurociência, Psicofísica Quântica ou algo do gênero. Esse quantum, ou quark fundamental, segundo a teoria quântica mais holística, corresponde à "partícula divina consciencial", o princípio inteligente (ou “mônada”, na definição do filósofo e cientista alemão Leibniz (1646-1716)). Seria por acaso o “noûs” definido pelo filósofo grego Anaxágoras (499 a.C.-428 a.C.), ou princípio cósmico inteligente, eterno e ilimitado, capaz de ordenar os elementos materiais (as homeomerias) que compõem o universo? Enfim, seria Deus? Será que vem daí a afirmação de Jesus de que “o reino de Deus está dentro de vós”? Mas... e o possível quantum inteligente que manipula o indivíduo coletivo? Será sempre divino ou superior, ou pode ser também “diabólico” ou inferior? Se for o caso, acho que as duas alternativas podem estar corretas. Depende da intenção prevalente das mentes individuais reunidas para criar o indivíduo coletivo.]
 

 
INDIVÍDUOS COLETIVOS ESPIRITUAIS.
TAMBÉM ESTÃO AÍ, ALI E ACOLÁ, “NA COLA"
 
Há uma questão que não pode ficar calada neste arrazoado. Nas dimensões superiores da espiritualidade formam-se indivíduos coletivos para potencializar ações positivas e construtivas nas dimensões abaixo, inclusive na tridimensão terráquea, onde há “pedaços” de todas as dimensões do Universo Espiritual.
Entretanto, também nas camadas mais baixas da quinta dimensão (que é uma espécie de subdimensão espiritual, também chamada tradicionalmente de “inferno” ou “astral inferior”) formam-se indivíduos coletivos, para potencializar ações negativas e destrutivas entre os humanos.
Os indivíduos coletivos desse além menor são espíritos energeticamente coletivizados, para interferirem, quer no próprio plano espiritual, quer no plano hominal, visando à incitação de violências, tumultos e dissensões entre os habitantes da crosta planetária.
Muitos indivíduos coletivos humanos têm às vezes duas lideranças: uma humana e outra espiritual, e na hora das ações engendradas pela consciência coletiva há, em verdade, dois grupos de atuação, sendo um visível e outro invisível.
Os indivíduos coletivos voltados para ações benfazejas quase sempre conseguem atingir seus objetivos, porque trabalham em um campo vibracional superior. Já os indivíduos coletivos (quadrilhas espirituais), voltadas para ações más e destrutivas, nem sempre conseguem realizar seus planos, porque trabalham num plano vibracional inferior, denso e sem muito poder de manipulação sobre as mentes destinatárias, especialmente as humanas. Para conseguirem perpetrar suas ideias maldosas ou destrutivas, precisam primeiro incitar as vítimas de várias formas. Normalmente, energizam-lhes com pensamentos perversos, sentimentos conflitantes com a família, insatisfações instintuais inconscientizadoras. Também lhes inspiram vontade de se drogarem com substâncias consciencio-alterativas, como alcoolina, musicaína (substância acústica bidrogal, com barulho eletrônico e letras erotizantes ou bestializantes), cocaína, extasy, LSD, crack, cola de sapateiro, etc. Enfim, baixando-se o padrão vibratorial destas, por algum motivo, a sintonia é viabilizada.
Antes mesmo de ataques conscienciais coletivos mais psicoimpactantes, muitos espíritos inferiores já fazem um trabalho preparatório inoculando vírus ideológicos na mente de várias pessoas, especialmente na de jovens sem uma formação moral, ética espiritual ou religiosa ainda muito sólida, ou que já vêm usando algum tipo de droga material ou ideológica.
Duas das sementes-vírus que melhor preparam o campo consciencial para futuras invasões obsessionais coletivas chamam-se ateísmo e materialismo.
 
É multiafirmado haver ateus e materialistas mais éticos, honestos, gentis, carinhosos e caridosos do que muitos crentes em Deus e na espiritualidade. Sem dúvida. Para Deus, o que vale é o que se faz de útil para si, para a sociedade e para o Universo, não a motivação dos feitos, nem mesmo se há intenção consciente de agradá-Lo, ou não.
Entretanto, outra realidade insiste aqui em não ficar calada. É a importância da fé em Deus como facilitador de uma ascensão moral baseada na esperança na proteção divina e de um fortalecimento espiritual baseado na crença nos espíritos superiores (ou anjos) com suas asas protetoras abertas sobre todos nós.
A partir de uma conversão para a crença em um Deus infinitamente justo e bom, ter-se-ia uma noção de que suas ideias anteriores de ateísmo ou de materialismo decorriam da ignorância quanto às verdadeiras causas dos problemas maiores do ser, do destino e da dor. Passando-se a crer em uma Inteligência Suprema e Causa Primária de Todas As Coisas, poder-se-ia entender certos enigmas e fechar certas equações mal ou não resolvidas pelas ciências, religiões e filosofias materialísticas. A partir de uma crença na vida espiritual e suas influências na nossa vida humana, e vice-versa, perceber-se-ia que muitas ideias contrárias aos interesses do espírito são plantadas por mentes desinteressadas no crescimento amplo e na verdadeira felicidade dos seres humanos em geral. Constataria que, assim como há os biblicamente chamados “espíritos de Deus”, há também espíritos que se comprazem em fazer o mal. E descobriria, inclusive, que muitos destes usam uma espécie de doutrinação sutil, especialmente sobre mentes ainda jovens, no sentido de fazer-lhes negar a existência de Deus e do mundo espiritual. Essas armas subideológicas inconscientizadoras do além inferior são ótimas para facilitar processos obsessionais, depressivos e drogais, além de vampirismos energéticos e afundamentos morais dos encarnados sob sua influência fascinante, para proveito energético próprio, ou pelo simples prazer de destruir, de matar. A estratégia deles é: quanto mais afastar os indivíduos do caminho da fortificação espiritual pela fé em Deus e da influência benfazeja dos espíritos mais elevados, tanto melhor para os processos de dominações mentais antiteístas e antiespiritualistas.
 
A partir daí, os fuzuês coletivos tornam-se tão fáceis como dar um doce para uma criança.
 
- Há muito mais mistérios entre o cocuruto e o pescoço do que pode supor nossa vã neurociência.[1] – Filisto, penseroso enxadrista e barbeiro, enquanto aparava as suíças de um psicólogo freudiano com quem dialogava em sua velha tenda, na Rua 7 de Setembro, em Alagoinhas-BA, no final de 1999.
 

 
AGENDA DE AÇÕES DOS INDIVÍDUOS COLETIVOS
 
No dia a dia, como costuma se manifestar tal indivíduo coletivo? Resposta: através do comportamento, das decisões, das ações e das reações reflexas, mas não refletidas, que cada pessoa assume porque está e enquanto está no grupo, mas que não seriam assumidas se cada pessoa-componente estivesse consciencialmente sozinha. É a força ativa que se agrega a cada pessoa, que o senso comum chama de “maria vai com as outras”. [Mas também há situações em que se as outras não vão, Maria também não vai, quando deveria ir. É a influência prostrativa individual pela inação coletiva.]
Quando são ações positivas, portanto belas em si mesmas, voltadas para o bem das próprias pessoas que ali estão ou para o bem da coletividade externa, ótimo! Mas quando são ações voltadas para resultados potencialmente danosos, a curto, médio ou longo prazos, é que a tragédia se instala.
Muitas vezes tal indivíduo articulado forma-se dentro de outras manifestações de massa momentâneas, para fazer o miserê rapidinho. [É o caso dos baderneiros que se aproveitam das greves e outras coalizões populares para gerar pânico e violência nas ruas, ou dos grupos de hooligans (torcedores violentos e racistas) que se aproveitam do anonimato relativo da torcida para promover ações terroristas e até mortes. A propósito, o filósofo existencialista argelino Albert Camus (1913-1960) disse que aprendia muito mais sobre o caráter dos homens no estádio de futebol do que em qualquer outro lugar.]
Há vários comportamentos nazísticos perpetrados a partir de uma ótica distorcida pelo preconceito consciente ou inconsciente manifestada em formações sociais asselvajadamente emotivas, cuja nascente pode estar, inclusive, na paixão, no fanatismo ou no bairrismo. Por exemplo, torcer sofregamente por um time de futebol, enquanto se nutre um ódio mortal pelo time concorrente local, já é um sintoma preocupante. Já alimenta ou já germina, ainda que obliquamente, outros ódios.
Opinar favorável ou desfavoravelmente contra qualquer fenômeno, evento ou realidade social é aceitável, mesmo em se sendo contra a opinião de quem opina. Agora, o ideal é não julgar, muito menos condenar, a pessoa do opinador, mesmo que a opinião deste seja, por exemplo, visivelmente racista, homofóbica ou xenofóbica. É caso de pena, não de pena. É caso até de denúncia, se estiver havendo incitação ao ódio. Enquanto isso não ocorre, e em respeito à liberdade de expressão, não se deve ter preconceito, mesmo contra quem tem preconceito. O crime objetivo só existe quando se opina diretamente em relação a certas pessoas. Torcer contra um time rival é até certo ponto normal. Mas, querer torcer o pescoço de quem torce pelo time rival, aí é misturar perigosamente as coisas.
A liberdade de expressão dispensa, inclusive, da obrigação de fundamentar por que se pensa ou porque se é assim ou assado. É normal. Deve ser normal numa sociedade democrática como a nossa. No caso de disputas entre familiares e entre amigos por times, em um clima de limites, totalmente não há conflito. Há uma disputa sadia e bem humorada. Normalmente, leva-se na esportiva.
A questão é justamente a falta de respeito a essa liberdade de expressão e de ser (e de torcer) pelos outros que não pensam igual e que se bestializam se resvalando para as vias de fato e de morte. A intolerância exagerada aos pensares e aos seres dos outros é que germina ou explode os conflitos sociais.
Da mesma forma, acendimentos preconceituais profundos e inconscientes fagulham-se em grupos alegres e descontraídos, com a habituação, por exemplo, de se contar piadas ou fazer alusões racistas, homofóbicas ou xenofóbicas, ainda que, conscientemente, tudo na brincadeira. As guerras de nervos e de ideologias entre as gentes começam assim, quando os indivíduos coletivos estão eufóricos ou com o estado de consciência alterado. Muitos podres inconscienciais se encorajam a vir à tona. E se houver, como estimulante de fundo, umas drogas químicas consciencio-alterativas, como, por exemplo, a alcoolina... Hum! O ambiente torna-se um campo minado. A qualquer momento ações poderão se germinar ou explodir, para promover arrependimentos ou tristezas posteriores, seja na cela de uma cadeia, seja no leito de um hospital, seja ao pé de um túmulo. [Exagerei?].
[Digressãozinha básica: Registre-se em ata que não é preciso se estar drogado para botar seus podres para fora nem cometer atos de agressão a si e aos outros. Nem é preciso se estar num ambiente coletivo estimulante química e emocionalmente, como, por exemplo, um bar. Os barracos monstrificadores acontecem ou se formam também é na porta de igrejas, quando se sai do culto cheio de ideias pastorais preconceituosas ou psicoterroristas; quando se sai da escola modificado com aulas eivadas de conceitos mal elaborados, incompletos e subliminarmente excludentes e insensibilizantes; quando se sai de ambientes culturais ou artísticos maravilhado com conceitos distorcidos sobre os valores humanos e com o inconsciente massageado com cenas chocantes, aberrantes e bestializantes que rechacoalham os nossos instintos mais selvagens. A pior droga consciencio-alterativa do corpo social não é o álcool, mas, sim, a ignorância e o apego a ideias e conceitos velhos ainda aninhados nos fundos do cérebro coletivo inconsciencial e que vêm à tona quando estimulados devidamente por formadores de opinião perversos e por traficantes ideológicos irresponsáveis. Nos momentos de manifestações pseudointelectuais, pseudoartísticas e pseudorreligiosas, a agressão é mental, traumatizante da alma, acendedores de antigas rudezas morais, deprimente, desumanizante. E quando os traficantes ideológicos têm o poder da palavra bem articulada, quando são mestres da oratória e da retórica e quando têm o microfone, as câmeras ou a caneta a seu dispor... hum! As disseminações preconceituais, nazistas e fascistas se propagam com muito mais abrangência e eficiência. Se não houvesse discursos bons, honestos e verdadeiros disputando espaço nos sensores das pessoas individuais e coletivas, em ambientes semelhantes, poderíamos estar caminhando para o despenhadeiro moral irreversível, quer em nível nacional, quer em nível global.
Efetivamente, grandes oradores e retóricos não são necessariamente verdadeiros, honestos e bem intencionados. Mas os espíritos superiores que os inspiram, sim, têm compromisso com a verdade. Às vezes um eloquente tratadista das palavras diz uma pérola de luz num discurso e dá uma pedrada estúpida, em outro, isso em qualquer frente religiosa, política, acadêmica... Depende da inspiração. Depende até do que comeram meio dia, ou se apertaram demais o cinto da calça. Mas, tais discrepâncias são sempre pontuais. Não podemos nunca generalizar. Hoje em dia, com os choques intertextuais e contratextuais, não se pode esperar coerência o tempo todo de uma mesma voz, a menos que se trate de representante de fontes sólidas e imperturbáveis de saber. Ainda assim, nestes casos, devemos analisar o discurso sempre com uma lupa de aumento ponto a ponto. É o velho instituto gestáltico da verificação de validade, com os intrumentos da razão, da lógica e da comparação com as fontes de saber universal.
Em todo discurso humano, escrito ou oral, há verdades e inverdades, não necessariamente por má-fé, mas pela ignorância sobre as verdades profundas e essenciais do universo ou em razão das limitações linguísticas. A questão é se saber onde está o grão de trigo entre os joios e onde está o joio entre os grãos de trigo. De qualquer forma, verdades e inverdades são relativas aos sentidos intelectuais de cada um. O que é verdade para uns, pode ser inverdade para outros. É questão de cada um saber separar o que é joio e o que é trigo no discurso alheio, mas dentro da sua concepção, que pode ser tritícea ou joeiral.
Tem havido uma profusão de transformadores de opinião do bem e verdadeiramente engajados nas frentes de conscientização popular, manifestando seus pensares em todos os ambientes formais, inclusive religiosos, acadêmicos e artísticos, mesmo que seus discursos estejam se espraiando meio espremidos entre outros discursos aparentemente medíocres, confusos, conservadores e eivados de símbolos, dogmas, figuras de linguagem e rituais. Esses mensageiros do progresso e da libertação de atavismos até são maioria, ainda que não tenham o mesmo apoio das grandes mídias de massa nem a projeção em grandes volumes de decibéis. Mas, a Espiritualidade Superior também dá seus jeitinhos, para que eles consigam erigir seus stands discursivos aqui e ali, inclusive no ambiente mais democrático já criado pelas nossas tecnologias, que é a internet, que não deixa de ser uma espécie de superbiblioteca (uma biblioteca de Alexandria, ainda que desorganizada), uma superpraça (uma ágora virtual sem fronteiras) e um mural aberto de dimensão global.
Por outro lado, ou melhor, acima disso tudo, Jesus e seus missionários transformacionais nunca trabalharam tanto para tentar salvar o máximo de nós para a nova aurora de luz espiritual que se avizinha na madrugada caótica que ainda penumbra nosso planeta. Jesus tem frequentado todos os ambientes escolares, laborais, culturais, artísticos, religiosos, sociais, prisionais, recuperatórios e distrativos. Ele está meio apertadinho lá, mas tem conseguido infiltrar suas influências iluminantes. Pode não usar recursos high-tech, mas a energia que ele usa é de alta potência. Vamos botar mais gás nos nossos lampiões e mais energia em nossas lanterninhas? A estrada ainda é longa e a seara para os trabalhadores de última hora (nós) ainda carece de muita colheita. O trabalho de apoio tem de acontecer em ritmo mais acelerado, mesmo durante as atuais horas noturnas. Depois, quem sabe, poderemos receber o adicional respectivo de vinte por cento, ainda que em forma de compensação para quitar parte de nossas dívidas.]
 
Em muitos crimes de rixa, a intenção dolosa dos que incitam o germe do quebra-quebra é apenas protestar contra algo ou contra alguém, mas os bate-rebates violentos se alastram feito fogo em palha seca, gerando efeitos bem mais graves ou altamente destruidores. É o típico crime coletivo preterdoloso (doloso na origem menor, culposo no resultado maior). [Pode dizer: “lá vem ele com seus rótulos cientificistas sobre os fatos sociais e humanos!” Mas fazer o quê? Nós vivemos nadando-raciocinando muito mais em oceanos de palavras-etiquetas do que dentro dos fatos correlatos em si, não é mesmo? Talvez só não devamos exagerar como Mário de Andrade, ao dizer que “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.” Ou é exatamente isso mesmo?]
 
A ideologia ou ideia comum aceita pela maioria das pessoas humanas reunidas é que pode dar suporte e força a ações das mais bárbaras e bestiais possíveis do indivíduo coletivo.
Mas, noutros casos, o que mais conta mesmo para despertar o tal individuozinho ordinário é o desejo bestial de fazer um quebra-quebra para satisfação de instintos asselvajados, de revoltas, de chamar a atenção ou do prazer da destruição (típico das gangues metropolitanas). É o que podemos chamar de explosão emocional coletiva.
Para o despertar desse gigante adormecido e anônimo, o líder-despertador usa o “jogo rápido” de uma espécie de psicologia breve
[2] de convencimento dos demais, que pode ser desde uma “multidão de duas pessoas”, como um “grupinho de cem milhões”.
São comuns frases-campanhias mais ou menos deste jaez:
 
·          “Vamo, vamo, vamo! É agora ou nunca! Todo terrorismo é o embrião de uma nova era”!
·          “Quem não gritar bem alto Mata! Mata!, é mulher do padre!”
·          “Somos uma raça superior!”
·         “Vocês não se garantem não? Vamos assaltar um ônibus hoje!”
·         “Você ainda é virgem?! Isso é ridículo!”
·         “Apedrejai! Apedrejai!”
·         “Vamos sacrificar juntos nossos corpos, para despertarmos no paraíso ainda esta noite!”
·         “Pega ligeiro, antes que aquele egoísta chegue!”
·         “Joga logo fogo nessa cruz! E que viva a ku-klux-klan!”
·         “Despeje álcool sobre ele e risque o fósforo! Mas, antes, saudemos: “Heil, Hitler!”
·         “Barrabás! Barrabás!”
 
[Sugiro-lhe fazer o seguinte caderno de casa: quais são as ideologias defendidas, direta ou indiretamente, clara ou subliminarmente, por trás de cada uma dessas provocações-chamamentos? Ou Você não percebeu nada de mais além da autoevidente e bestial estupidez subumana em cada uma delas?]
 
Depois que o grupo se dispersa, não adianta arrependimento individual de cada um pelo que eventualmente fez de ruim enquanto parte do indivíduo coletivo. Este não tem forma linear (unidimensional), nem plana (bidimensional) e nem espacial (tridimensional), embora tenha forma temporal-espacial ou acional ou quadrimensional. Por isso, depois do estrago ou dos quiproquós gerados, o resultado dessa “ruindade potencializada” não pode ser imputada ao indivíduo coletivo, e, sim, a cada um dos partícipes, uma vez que aquele não existe no nosso plano real físico, que é, no máximo, tridimensional.
 
Agora, imagine essa consciência coletiva destrutiva, já diferenciada em si, estimulada pela ingestão de alguma droga química, alcoólica ou botânica alterativa do estado de consciência de cada pessoa-membro. Pode levar até ao suicídio em massa [“credo-em-cruz"!]. Essa morte não é coletiva, já que não é o indivíduo coletivo quem morre, mas pode levar ao suicídio das pessoas humanas que o compõem. É uma espécie de falência múltipla induzida dos órgãos desse corpo incorpóreo ideológico, mas corporificado articuladamente por seus componentes. E como é uma morte geral induzida, logo, não se trata de suicídio, mas, sim, de morticínio provocado por uma pessoa (o indivíduo coletivo) que não existe no plano físico!
A pessoa humana que embrionou a ideia desse “suicídio-assassinato”, normalmente o líder do grupo, deve responder por homicídio. A dúvida pode ser quanto ao tipo, uma vez que, geralmente, não há o dolo, ou seja, a intenção maldosa de matar (ou de fazer morrer). Ele tem uma crença ideológica que sustenta seu sugestionamento a tal extremo.
Seria um “homicídio culposo qualificado”? Contudo, se o líder não morreu junto com as demais pessoas humanas envolvidas, neste caso, sim, fica bem mais apropriada a figura penal do induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, ainda que “dolosamente inconsciente”. [Ops!]
 
“Pessoas “portadoras” de inteligência econômica geralmente têm que tomar muito cuidado quando eventualmente estiverem integrando um indivíduo coletivo qualquer. Se no grupo surgir a ideia de detonar (calma!) todas as reservas financeiras, a queima-roupa (ou, melhor, a queima-bolso), para comprar umas roupas de luxo em uma promoção-relâmpago que alguém disse estar havendo em uma boutique ali perto, e que só vai durar uma hora, olhe o problema! O inteligente econômico, sozinho, jamais parte precipitadamente para fazer uma compra sem planejamento orçamentário ou contábil, sem uma análise do poder econômico de que dispõe e sem consultar seu oráculo (seus envelopes). Mas na pressa ou na pressão tende a esquecer a prece ou o preço do fugidio apreço”. - Vasco Baleiro, consultor de compras e ex-integrante de uma antiga gangue de capitães da areia, enquanto orientava donas-de-casa, numa associação de moradores no bairro da Pituba, em Salvador, às vésperas do Natal de 1987.
 
O problema maior nos indivíduos coletivos é a quase impotência de qualquer pessoa individual para dizer não. Cada um decide a favor da ação plurissubjetiva praticamente empurrado, de roldão. Ser do contra num momento desses exige altíssima consciência da realidade multidimensional a que estamos todos permanentemente inseridos e, em particular, de seus princípios. E o pior é que quem se encoraja a dizer não é imediatamente censurado pela galhofa psicoterrorista dos demais, no mínimo. Como em geral ninguém gosta de “pagar mico”, o “meio indeciso” acaba cedendo à “decisão unânime do um só”, no caso o indivíduo coletivo, que normalmente não é racional, pelo menos considerando os padrões da racionalidade humana.
É neste momento que pode, numa ação antipsicoterrorista(!), entrar em cena um super-herói salvador, composto por todo um conjunto de valores devidamente enraizados no inconsciente do indeciso ainda “semiconsciente”. Esses valores podem ser morais, éticos, religiosos, formacionais domésticos (especialmente os fincados no inconsciente ainda no primeiro setênio de vida) ou escolares. Podem ser também as lembranças dos conselhos do pai, da mãe, da vovó, do psicólogo, do analista ou dos seus próprios convencimentos autossedimentados a partir de suas análises dos fatos sociais. Enfim, podem se originar, também, de suas leituras, suas experiências, seus traumas, seus princípios gerais de vida.
Dentre estes princípios pode até haver o seguinte: a liberdade individual coletiva termina onde começa a liberdade individual individual!
Também pode vir em socorro sua própria inteligência econômica já devidamente “corporificada” nos seus níveis conscienciais. E aí, no exemplo dado acima, a “ovelha negra” do grupo decide dizer não e efetivamente diz: “não, não quero comprar!!!”; “e que doa no bolso de quem doer, menos no meu!” Nesse momento, ressurge o que mesmo? O contrário, ou seja, uma coletividade individualizada, reunida numa pessoa humana só, exercendo sobre esta uma espécie de controle remoto! É quando várias fontes de influência positiva e protetiva já estão tão impregnadas nos níveis de consciência de uma pessoa, que passam a compor permanentemente a “segunda natureza” dessa própria pessoa.
Qualquer pessoa humana, quando “bem criada” consciencialmente, passa a ser uma parte de si mesma. A outra parte são as fontes que marcaram a sua história passada até então!
E todo esse “ordenamento jurídico” pessoal pode exercer muito mais peso, influências e freios do que todos os códigos jurídicos objetivos juntos. Funciona como um freio de mão pré-programado para se autoacionar frente ao perigo, ou mesmo como um reversor automático ante a queda fatal no precipício.
Quando uma coletividade individual já pertence ao arcabouço da pessoa humana, ela, agora uma “ovelha negra invertida”, tem mais condições teóricas de “vencer”, sem grandes dificuldades, a pressão do indivíduo coletivo, mais recente e passageiro. O dificultador pode ser apenas as técnicas de pressão e sugestionamentos usadas pelo líder, que consegue resultados bem mais rápidos aproveitando o calor do momento.
A estratégia principal do indivíduo coletivo é não deixar as pessoas humanas envolvidas terem muito tempo para pensamentos éticos, nem lhes dar tempo para metabolizarem os raciocínios-relâmpagos, sentir “saudade de casa”, (pré-)medir consequências etc. Mas, mesmo assim, se o super-herói salvador for suficientemente poderoso, praticamente decide pelo indeciso e dá um “jeitinho cósmico” para que ele saia, instantaneamente, daquele “ambiente emocionalmente envenenado”. [“Vige-mãe-puríssima!”] Espoca uma espécie de instinto de sobrevivência, não exatamente da vida física, mas principalmente de sobrevivência de seus interesses maiores, de proteção a sua dignidade, a seus valores, a seu solo sagrado particular. E se a ameaça vier a implicar inusitados dispêndios financeiros, esse mesmo instinto pode se agigantar, para proteger todo o seu arcabouço principiológico e sua ética aquisitiva montada por sua inteligência econômica já refinada e burilada.
Daí, enfim, a importância do estudo, ainda que elementar, da Sociologia das Multidões, da Psicologia Social, do poder de dizer sim ou não, da segurança pública, privada e pessoal, e de consolidar e exercitar, dia a dia, os valores morais e éticos.
Uma pessoa sozinha pensa e age como um indivíduo. Uma pessoa em um grupo pensa e age como um elemento. É preciso não se perder a individualidade, mesmo numa coletividade, sabendo dizer sim ou dizer não, de acordo com os propósitos e intenções do indivíduo que se forma, ou sabendo desligar-se a tempo do grupo e seguir seu próprio caminho, se perceber intenções destrutivas ou maliciosas da consciência multiarticulada. A vida de relações tem dessas coisas, a todo momento e em qualquer lugar onde haja mais de uma pessoa visível ou invisível. Daí a necessidade de andar sempre com Deus no coração, em oração e em ação. Essa companhia nunca falha, nunca nos deixa na mão, e nos incentiva sempre a ver nos outros uma oportunidade de exercitar o amor fraterno, de praticar as virtudes morais e éticas, de estender a mão para ajudar, de tentar influenciar para o bem e para ações positivas, de ouvir as palavras boas que devamos seguir, ou eventualmente as más, que devemos descartar. O importante é cumprirmos sempre a nossa parte: sermos gentis, alegres, afetivos. Sempre quando isso não for possível em determinado ambiente, peçamos licença. Afinal, um cavalheiro sabe a hora de se recolher.


[1] Adaptação da célebre frase de Shakespeare, em sua peça Hamlet ("Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que sonha nossa filosofia"), que foi repetida por Blaise Pascal, anos adiante.
[2] Favor, não confundir com a Psicologia Breve como abordagem em processos psicoterapêuticos.
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 01/03/2011
Reeditado em 07/03/2011
Código do texto: T2823188
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.