O ÁPICE
Caminho em direção a porta ainda fechada, as chaves nas mãos tremulas, o esperar desesperado do desejo escondido, aludido, camuflado, imperceptível e translucido no meu olhar agressivo e feroz.
O fogo das palavras ardidas e ardilosas.
O chamado da menina, o beijo quente do rapaz, é só o primeiro beijo.
Imagens tortas desintegram-se e se fundem, criando formas caleidoscópicas e tangentes que pulsam e que gritam na minha mente imponente e sem voz.
É minha verdade inocente, escondida de mim mesmo.
E o gole na bebida forte, é o ápice, o absinto.
É o amor e o esperar.
As luzes multiformes, passos leves soltos e dançantes, o bilhetinho do garçom.
É a surpresa, a vontade expressa a se expressar.
O tempo voa, a música me chama, é só dançar.
No fim da noite que mal iniciou, a alegria extravasada, o desejo descarregado, e um novo beijo.
O coração pulsante, o corpo palpitante, a alegria delirante, o cair exaustivo.
O solo contra os pés e os passos apressados.
No despedir da lua, a pele quente, o toque percebido, a intenção é o desejo.
E no raiar do sol, a noite só começando.