Sunshine

A mensagem da carta de palavras geladas como o nada.

O não tempo batendo à porta da sala, e a casa vazia.

Ninguém atende a porta que grita sozinha pela presença de alguém.

O olhar refletido no mármore do piso da cozinha molhado de lágrimas salgadas.

O adeus.

O silêncio.

A quietude, infinita e plena.

O coração aflito, batendo solitário.

O abraço no corpo singular.

Os pés contra o chão, casados.

A caixinha de músicas da menina, agora jazia muda e em cacos. A bailarina, que antes rodopiava no centro do brinquedo ao som da sétima sinfonia, agora gira no piso frio e sem brilho da despensa, solitária como sua proprietária.

As aflições, as decepções e os nãos que ganhou em abundancia, o chorar, o partir do amigo que sempre quisera bem mais que um simples amigo. E quando está tudo dando certo, nada lhe sobra.

O sereno da noite contra o rosto,

O olhar atento para o norte gélido e polar.

Os olhos que se cansam e se fecham para o sono que não veio ainda.

O extremo dela, inalcançável de tão acessível que ela é.

“Sou o que sou.”

-Ela pensa.

“Sou o que sou”

-Ela tenta.

A manhã despontando no horizonte de céu nublado, mas já era dia.

A dor, a dor...

O adeus,

O adeus.

A manhã chegou.

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 08/03/2011
Código do texto: T2836363