Sunshine
A mensagem da carta de palavras geladas como o nada.
O não tempo batendo à porta da sala, e a casa vazia.
Ninguém atende a porta que grita sozinha pela presença de alguém.
O olhar refletido no mármore do piso da cozinha molhado de lágrimas salgadas.
O adeus.
O silêncio.
A quietude, infinita e plena.
O coração aflito, batendo solitário.
O abraço no corpo singular.
Os pés contra o chão, casados.
A caixinha de músicas da menina, agora jazia muda e em cacos. A bailarina, que antes rodopiava no centro do brinquedo ao som da sétima sinfonia, agora gira no piso frio e sem brilho da despensa, solitária como sua proprietária.
As aflições, as decepções e os nãos que ganhou em abundancia, o chorar, o partir do amigo que sempre quisera bem mais que um simples amigo. E quando está tudo dando certo, nada lhe sobra.
O sereno da noite contra o rosto,
O olhar atento para o norte gélido e polar.
Os olhos que se cansam e se fecham para o sono que não veio ainda.
O extremo dela, inalcançável de tão acessível que ela é.
“Sou o que sou.”
-Ela pensa.
“Sou o que sou”
-Ela tenta.
A manhã despontando no horizonte de céu nublado, mas já era dia.
A dor, a dor...
O adeus,
O adeus.
A manhã chegou.