::: Sobre Despedidas :::

Leia ao som da música: http://www.youtube.com/watch?v=bedyUwZMy3U

E a cada dia somos obrigados a aceitar as despedidas com a sofreguidão de não olhar para trás. Como dizer a alguém que a matéria agora é somente luz? Que ontem os braços que enlaçavam, não mais podem abraçar. As pessoas vão, todos irão, mas para quem fica resta o tempo que dura uma ausência, este tempo chamado saudade e que quando é eterno, nos imprime a sensação de ser insuportável demais. Somos frágeis seres diante de um absurdo poder divino. Somos apenas partes, posto que Cristo seja o nosso todo. Cristo é sem nós, nós não somos nada sem Cristo. E o que pode consolar uma mãe que perde um filho? Como falar se nenhuma palavra sequer poderá acalentar essa dor de um adeus. E um filho que perde um pai? Um filho que não teve a oportunidade de dizer “adeus”! Seu coração estilhaçado não permite que nenhum tipo de razão lhe tome e não há nada que possa abster essa emoção capaz de nos chocar.

"No fim, ninguém diz adeus, em um dia, numa determinada situação, nos encontraremos novamente!"

(Felipe Urias)

A morte nos choca como se fosse algo incrivelmente absurdo, como se não devêssemos partir. Como se aqui, na terra, fosse o nosso lugar. Somos obrigados a derramar lágrimas, a chorar e gritar uma despedida. Somos obrigados a quebrar pratos, estilhaçar televisões, ajoelhar no chão e perguntar: “Por que Deus? Por que comigo?”. Como não partir nossos corações? Estamos sempre amando, abraçando, beijando, chorando e sentindo. Esse é o motivo de nossas maiores dores, temos essa enorme necessidade de tocar e quando o contato já não nos é permitido, o que fazer? É absolutamente complicado encarar uma feição familiar sem expressão, sem alma e sem um coração batendo dentro. É impossível sentir uma mão já fria que não sente teu toque. É impossível não chorar.

"Também as lágrimas têm o peso da voz. As lágrimas são o sangue da alma " (Ovídio)

Então, jamais diga a alguém que passa por isso, para que ela não chore, para que ela não grite e para que ela aja como se fosse normal, ainda que seja natural uma perda, é doloroso demais. É custoso demais. É impossível.

" A despedida é um momento de tristeza, em que corações se preparam para viver uma saudade. "

(Autor Desconhecido)

É uma saudade que não tem fim e que fere pouco a pouco o coração, até que não restem remendos capazes de grudar os pedaços novamente.

"E eu, não aceito despedidas! É como se levassem um pedaço de mim, um pedaço que jamais será preenchido e fica um vazio que perdura pra sempre!"

Ana Luísa Ricardo

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 27/03/2011
Reeditado em 28/03/2011
Código do texto: T2874155