REDUZINDO A MARCHA

Um termo que sempre ouvi dos motoristas é que em curvas perigosas, ou em algum trecho que requer maior cautela, é necessário que se reduza a marcha, diminua a velocidade do veículo, então andei pensando em quantos atropelos fazemos em nosso dia a dia, ainda que não sejamos veículos, algumas regras básicas do trãnsito se adequariam muito ao estilo de vida do ser humano.

Muitos acidentes que causamos ou sofremos, se deve ao acelerar demasiadamente, sem muitas vezes medir a consequencia do desgaste da máquina.

Cuidamos de tudo, da bagagem a levar, do roteiro traçado, pegamos o mapa a seguir, mas muitas vezes esquecemos do essencial, de fazer a revisão do carro, e no contexto que aqui abordo o veículo somos nós.

Cuidamos dos afazeres no trabalho, em casa, na família, planejamos, executamos, tal como uma máquina, ou até com uma intensidade maior, e esquecemos de cuidar de nós mesmos.

Temos tempo, ou o reinventamos para tudo e todos, e na grande maioria, tudo ao redor tem prioridade menos nóss mesmos.

Negamos ao veículo o repouso necessário para que o motor não funda.

Parece ser indigno tirar um tempo para simplesmente aproveitar um tempo para visitar os amigos, rir diante d euma comédia, andar sem destino simplesmente aproveitando a liberdade de ir e vir.

É como se tivéssemos roubando de nós mesmos a preciosidade do tempo. Os ponteiros vão passando e nesta visão capitalista, cada minuto vale dinheiro, e o não produzir a todo momento é como se fosse um roubo.´

Dessa forma o homem vai desenvolvendo a relação culpa-tempo-benefício-produção, num círculo vicioso em que passa pela vida, sem porém dela tudo poder usufruir. O homem retira de si mesmo a liberdade de saborear a vida.

É preciso traçarmos a revolução da mudança de pensamento,

talvez a mais difícil de todas as revoluções.

Viver o tempo de andar descalços

tirar um dia pra andar na praça

dar gargalhadas intermináveis sem se preocupar com a hora

mastigar os alimentos calmamente

degustar os sabores variados

ouvir uma boa música

calçar o famoso "chinelinho surrado" sem preocupações

rir, cantar, falar, ou simplesmente silenciar

mas essencialmente, pisar um pouco na marcha

reduzir a velocidade e aproveitar a beleza da paisagem diante de si...

Ana Lú Portes, Juiz de Fora, 08 de abril 2011

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 08/04/2011
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