DESINTOXICANDO A CASA CORPORAL
 
 
 
Existem a natureza e suas influências objetivas na estrutura psíquica, neural, química e física de cada ser humano, de acordo com vários fatores individuais.
Cada ser humano tem sua natureza cheia de quizilas, de mistérios e de transformações sem fim. E existe a Ciência, que tende a generalizar conceitos do que é certo e do que é errado, apenas com base em pesquisas. Alguns resultados de pesquisas realmente coincidem com tendências da natureza mesmo. Outros, nem tanto.
Também a Natureza tem seus mistérios, inclusive em relação a cada ser humano em particular. Nada que tem a ver com seres humanos pode ser encaixado em determinismos científicos. As leis da natureza hominal são de matriz não só biozoológica, mas, também e principalmente, de matrizes emocional, espiritual, mental, psicológica, de crenças, de traumas, de dores e de amores. Somos frutos de vários meios e frutificamos vários meios. Cada cérebro humano ou, mais especificamente, cada uma das cerca de cinquenta trilhões de células de cada corpo humano é um centro único do Universo, ligado a tudo e ligando tudo, através de vários liames: nervosos, neuropeptídicos, energéticos, psicoespirituais, elétricos e outros ainda desconhecidos da Ciência.
 
- Há muito mais mistérios entre a membrana e o núcleo celular do que pode supor nossa vã Citologia [ Adaptação da célebre frase de Shakespeare, em sua peça Hamlet ("Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que sonha nossa filosofia"), que foi repetida por Blaise Pascal anos adiante.] – Filisto, mestre de Xadrez e barbeiro aposentado, em parola com o ex-antropólogo e ex-pai-de-santo Coboclo Feé, na festa de cem anos de Voafra, antiga professora, contadora de histórias e interna do Abrigo Dom Pedro II (Salvador-BA), em abril de 2010.
          
Como hodiernamente todos nós somos mutantes químicos e emocionais, muito do que fazia mal e muito do que fazia bem outrora, hoje é inóquo, ou até faz muito mais mal. Por isso, passamos a ter necessidades diferentes em relação às gerações pré-supermercado, pré-estresse patológico, pré-televisão, pré-bombardeio informacional, pré-poluição do ar, da água e do chão etc.
Os recursos terapêuticos da natureza continuam influenciando em nossas qualidades de vida física, emocional ou mental, mas sempre dependendo, entre outros fatores, da receptividade quimio-orgânica de cada terapizado, da prescrição da dosagem e particulamente da crença. E um dos recursos naturais ainda no prazo de validade e objetivamente eficazes é o jejum.
O jejum funciona independentemente de qualquer fator psicoespirittual, porque quem comanda sua operação é basicamente o corpo químico, que, para tomar posse e exercer sua função, depende apenas da continuidade da abstinência a qualquer alimento sólido externo.
A energia química, quando mobilizada, é mais poderosa do que a energia mental.
A quimicalidade humana tem uma inteligência meio autônoma. Manifesta-se quase no automático. Se nossas interferências mentais, emocionais ou espirituais não forem suficientes para interromper o processo jejunal, o corpo químico fará seu trabalho direitinho, enquanto o corpo físico se mantiver absolutamente abstinente de qualquer alimento material.
 
É essencial fazermos uma periódica desintoxicação fisiológica mais ampla e profunda, como a promovida pelo jejum, que é um recurso sanitivo da natureza corporal, autointeligente, uma forma de faxinar nosso organismo dos lixos químicos e tóxicos que nos são enfiados goela abaixo pela indústria alimentar inevitável e que não podemos modificar integralmente ao nosso talante. Não somente compensa a sujeira química e tóxica da matéria-prima alimentar que vem do grande comércio, como também nos prepara para melhor captarmos as boas energias e influências decisórias do nosso Poder Superior sobre nossas vidas e sobre nossa rotina alimentar pessoal. Apura inclusive a sabedoria, para melhor distinguirmos o que é joio e o que é trigo (integral) na grande lavoura de produtos alimentícios e de produtos ideológicos que temos poder de escolha individual.
Idealmente, mesmo que a dieta linear já esteja bem fincada, e independentemente de qualquer regime adicional, é de bom alvitre fazer uma dieta de desintoxicação fisiológica de vez em quando, inclusive, como parte da prontificação de entrega de nossa rotina alimentar e de vida a Deus.
Mesmo os alimentos naturais deixam seus resíduos no organismo, não sendo armazenados no colon sigmoide para serem excretados e podendo formar mucos e gerar constipações e alergias.
A desintoxicação pode ser feita à base dos chamados “jejuns de frutas”, “jejuns de chás” ou à base de água, sendo que esta vai mais fundo, podendo atingir até corpos sutis.
Defendemos nestes escritos o jejum apenas com água, ou o hidrojejum. O Prof. Mário Sanchez, em seu livro “Jejum Curativo – Ar, Água, Luz, Sucos e Frutas” (Madras Editora), defende o jejum com mel e alguns sucos de frutas. Já o médico alemão Dr. Rudiger Dahlke, em seu livro “O Jejum Como Oportunidade de Recuperar a Saúde” (publicado no Brasil pela Editora Cultrix), propugna pelo jejum com chás. Entendemos, contudo, que o jejum apenas com água, como o proposto pelo psiquiatra e jejunista estadunidense Dr. Allan Cott, em seus livros “Jejum Como Dieta Opcional” e “Jejum: A Dieta Ideal” (publicados no Brasil pela Editora Record), favorece mais a cetogenia (produção dos corpos cetônicos que “enganam a fome”) e não provoca as papilas gustativas. Ajuda melhor o cérebro a ajudar no processo. Questão de neuropsicologia.
 
O jejum é antes de tudo uma grande demonstração de verdadeiro amor a si mesmo. É uma relação de si consigo mesmo, baseada na autoconfiança, na autoestima. É um instrumento de recuperação basilar. É uma abstinência de alimentos por um tempo mais extenso do que os intervalos intrarrefeições, para dar oportunidade ao corpo de se limpar e de corrigir funcionalidades orgânicas. Consta-se que o corpo entra em jejum efetivamente após seis ou oito horas sem ingestão de qualquer alimento.
Podemos dizer que todos nós fazemos um jejunzinho todos os dias, ou melhor, todas as noites, sem saber. Daí se chamar a primeira refeição matinal de “quebra-jejum”, breakfast ou desjejum. As sujeirinhas que saem pelos olhos, pelas narinas, pela urina e pelas fezes são o sinal de que o corpo pré-entrou em jejum durante o sono, através do metabolismo basal. Daí, quanto mais dormirmos tanto maior será a limpeza do “pessoal da noite”. O jejum promove a mesma limpeza e aprofunda muito mais na retirada de sujeiras acumuladas, enquanto perdurar, seja de noite, seja de dia.
 
O jejum não é apenas ficar sem comer. É, em verdade, um processo de mobilização química, hormonal, endocrinológica e celular de todo o organismo, a partir da alquimia interna de transformar gorduras parasitas ou excedentes em cetona e de começar a retirar toxinas e demais sujeiras de determinados órgãos e lançá-los para as lixeiras (através das fezes, urina, suor e até lacrimejamentos). Quando se entra nesse processo de múltipla limpeza, pode-se dizer, aí sim, que se entrou efetivamente em jejum.
Mas o jejum científico como o aqui aventado, ajuda a Dra. Natureza em seu trabalho, com a ingestão de muita água e boas caminhadas durante todo o processo.
 
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Com a prática continuada do jejum semanal, ladeado pela ingestão de muita água e por várias caminhadas, vários mal-estares e doenças de pequena monta são bastante aliviadas ou curadas. O jejum mergulha fundo nos órgãos do corpo, retirando sujeiras e toxinas onde nenhum outro processo de desintoxicação ou bisturi sequer consegue ver.
Eis outros benefícios do jejum:
 
·        contribui para um realinhamento molecular e para uma reprogramação celular, neuronal, intestinal e química;
·        revitaliza as células de regiões fragilizadas ou doentias, favorecendo a cura, o alívio ou até mesmo o recolhimento de doenças potenciais que estavam para se desenvolver a qualquer maior estímulo negativo ambiental;
·        contribui para revitalizar as microvilosidades dos tecidos intestinais, através da “raspagem” da gordura-capa que dificulta o processamento do quimo alimentar;
·        ajuda a eliminar, em grandes quantidades, radicais livres e células velhas, doentias, mortas e quebradiças;

·        regula o pH sanguíneo;
·        adjutora em cicatrizações, expulsão de mucos e de detritos alimentares e fecais acumulados no intestino;
·        faz uma boa faxina no intestino grosso;
·        promove uma grande perda de peso, como nenhuma dieta, regime ou educação alimentar consegue, em curto período de tempo;
·        desobesa não somente o corpo em suas constituições adiposa e tóxica, mas também outros corpos invisíveis com seus miasmas, calorinas emocionais e toxinas espirituais.
 
Destaque-se que há três tipos de obesidade física. A primeira é a obesidade fisioanatômica ou adiposa, que se manifesta ostensivamente para o espelho, mas que se concentra mesmo, e perigosamente, é entre as células. A segunda é a obesidade química, caracterizada pelo excesso de vitaminas e sais minerais no organismo. E a terceira é a obesidade arterial, que é o acúmulo de gorduras nas paredes das artérias. [Isso para não falarmos da obesidade emocional, da obesidade mental e da obesidade sentimental.]
Há obesos fisioanatômicos que são arterialmente magros, com pressão sanguínea derredor de 12x8, enquanto há magérrimos fisioanatômicos que são obesos mórbidos arteriais, com excessos de gordura nas artérias ou até no próprio sangue, ou com todo o corpo entupido de sais minerais e vitaminas em excesso.
O jejum interfere positivamente na eliminação ou significativa redução da obesidade em todos os corpos, dependendo apenas da sua continuidade, sem perda de massa magra útil. [Somente nos jejuns longos pode haver uma perda mínima de massa magra, mas irrelevante frente aos infinitos benefícios multicompensadores, o que é ressaltado, inclusive, pelo Dr. Allan Cott.]
 
Depois de uma sequência de abstinências mais amplas, profundas e básicas como a promovida pelo jejum, qualquer dieta, regime ou plano alimentar faz-se muito mais exitoso e multibenéfico, porque pega o organismo mais limpo, sarado e receptivo.
 
Porém, Você, rápido de raciocínio, logo contra-argui: quase nenhum médico, endocrinologista ou nutricionista recomenda ou aprova o jejum (ainda estamos no início do século XXI). Quando uma unanimidade, quer profissional, quer leiga, condena alguma terapia alternativa inconvencional, ainda que multimilenarmente reconhecida, em princípio é de se desconfiar daquela e pegar a lupa da neutralidade, com calma e discernimento, consultando especialistas ou quem já fez ou tem a prática de fazer esta.
Entretanto, como de tudo se tira vantagem, inclusive da ignorância, às vezes é melhor mesmo não recomendar o jejum para a grande populução desavisada, porque se ele virar subitamente um fenômeno de massa, muita gente poderá morrer, se se autossubmeter a um jejum longo, por exemplo. Muitas pessoas simplesmente não podem jejuar, e, pior, muitas pessoas não sabem como sair de um jejum, desconhecendo os cuidados antes, durante e depois do processo dessa desintoxicação profunda. O que pode matar não é o jejum em si ou o estado de não comer, mas pode ser a grande quantidade de sujeiras que podem entrar subitamente na corrente sanguínea e sufocar o sujeito, que pode morrer envenenado. Por isso, muitos que fazem jejum longo, antes fazem uma dieta desintoxicadora, à base de arroz integral, de verduras ou de frutas, por exemplo. Assim, quando o jejum começa, já encontra um organismo bastante alimpado. [Outro bom facilitador para o sucesso do jejum longo é uma sequência anterior, de aproximadamente seis meses de jejuns de trinta e seis horas a cada semana e de sessenta horas a cada mês.] Esse risco praticamente inexiste quando se trata de jejum curto, do tipo defendido nestes escritos.
O bom é que o jejum cresça em popularidade, mas cada um só deve fazê-lo após autorização médica e dentro de um ambiente supervisionado e protegido.
 
O trio jejum-água-caminhada, como várias outras terapias naturais de alcance profundo no organismo e que curam a causa de várias doenças, tem muito mais a ver com o retorno à sanidade multinivelar do que com curas apenas parciais ou localizadas e condicionadas à observância de medicamentos alopáticos. Isso vai de encontro aos interesses da grande indústria mundial da doença (laboratórios farmacêuticos).
 
Caso V. Sa. resolva iniciar a prática do jejum semanal com os acessórios aqui aventados (água e caminhada), não deixe de buscar autorização de um médico, depois da realização de exames clínicos, inclusive porque nem todo mundo pode jejuar. Também há doenças que não podem ser tratadas com jejum voluntário e independente, a exemplo daquelas enfermidades que podem envenenar todo o organismo, caso sejam jogadas na corrente sanguínea grandes quantidades de sujeira e de toxinas acumuladas.
Também não podem jejuar os que sofrem de doenças cardíacas, trombose, úlceras, câncer, hemopatias, doenças pulmonares ativas, diabete, gota, doenças do fígado, doenças dos rins, enfarto recente do miocárdio, doenças cerebrais. Também devem evitar o jejum os esqueléticos, os muito idosos, as crianças, as grávidas e as lactantes (segundo o Dr. Allan Cott, em “Jejum: A Dieta Ideal”). Estes, contudo, podem se beneficiar com dietas mais apropriadas e com outras formas de desintoxicação e limpeza não cetogênicas, como, por exemplo, aquelas à base de frutas, verduras, arroz integral, fibras de cereais etc, sempre a critério médico.
 
O jejum voluntário e independente praticado toda semana é mais recomendado para os que sofrem de
 
gripes constantes,
artrose,
inchaço nas pernas,
gastrite,
constipações intestinais,
rinite,
alergias,
problemas de pele,
problemas de garganta,
sinusite,
disfunções metabólicas e digestivas,
colite,
altos níveis de LDL (colesterol ruim),
apneia,
hipertensão arterial,
enterite,
prisão de ventre,
varizes,
feridas,
cicatrizações demoradas,
pustemações,
abscessos,
cálculos renais,
menstruações difíceis,
mal das tripas (acúmulo de fezes secas ou massas fecaloides),
platôs antirredutores de peso e
obesidade crônica.
 
Com a continuidade de uns seis meses a um ano de jejum de trinta e seis horas por semana, pode-se ver grandes melhoras ou até a cura completa desses incômodos e pode-se estar quimicamente pronto para se submeter a um jejum longo, de sete ou dez dias por exemplo, para sarar de problemas mais crônicos e difíceis, dentro de um ambiente apropriado.
O jejum clínico ou supervisionado por um especialista, de longa duração, pode promover a desintoxicação quimiocerebral, extirpando nicotina e resíduos de drogas medicamentosas ou de psicotrópicos. Pode resolver também a situação de enfermidades mais resistentes ou mais delicadas, como as relacionadas a disfunções mentais. Os psiquiatras e jejunistas Drs. Allan Cott (Estados Unidos) e Iuri Nicolaiev (Rússia) supervisionaram e testemunharam a cura, com jejuns longos, de dezenas de milhares de esquizofrênicos e portadores de vários outros transtornos psíquicos.[Nossa forma de raciocinar depende dos nossos condionamentos psicocerebral e espiritual. A prima facie, muitos acham impossível ou temeroso passar, por exemplo, vinte e um dias sem ingerir qualquer alimento sólido. Mas depois de um treinamento cerebral através de jejuns curtos semanais, somado com motivações espirituais, metas curativas ou estético-anatômicas, já se pensa totalmente diferente e já se submete e atravessa o período desses vinte e um dias sem maiores avexamentos e até em êxtase felicitador. Tudo depende também de quem prescreve essa abstinência, que é vista em princípio tão estranhamente. Por exemplo, aqueles que fazem cirurgia bariátrica são obrigados a ficar cerca de um mês sem ingerir nenhum alimento sólido, mas normalmente o fazem sem nenhuma crise de medo. Por quê? Simplesmente porque foi exigida pelo próprio bariatra, que é uma autoridade médica.]

 
 
O dia do jejum deve ser dedicado também ao descanso geral da mente e do corpo. Deve-se evitar assistir a televisão, mexer no computador, ler, escrever, fazer compras e outras atividades que “puxem pela mente” e pelo corpo. Deve-se evitar toda forma de estresse, de aborrecimento, de pensamentos negativos. É dia de recesso criacional, leitoral, escritural, se possível profissional e até emocional. É dia de repouso integral (embora não de repouso químico nem hormonal). Atividades recomendáveis são apenas as de relaxamento, respiração consciente, banho de sol, caminhada livre, oração, meditação, conversas suaves, escuta de música clássica, sentimentos nobres.
 
Nada de avexar o juízo nem o coração com aperreios emocionais, reflexões ideativas, conversas muito demoradas e neuroimpactantes ou excitantes. Já vimos, e aqui repetimos quase textualmente, que o corpo mental secreta o pensamento e gera energias de alta condutividade sobre as veias e vias de todos os demais corpos, em especial sobre o corpo perispiritual. Daí a alma precisar alimentar-se e alimentar o corpo com bons pensamentos. O corpo mental bem nutrido e bem nutritivo sustenta muito melhor a abstinência nutricional do corpo físico.
 
“O pensamento é secreção da mente.” –Emmanuel, escritor espiritual
 
Um súbito pensamento muito forte ou carregado de emoção de qualquer natureza, automaticamente envia neuropeptídeos negativos para os tecidos celulares de diversos órgãos do corpo. As introjeções súbitas de toxinas mentais, emocionais e espirituais causam mais doenças do que as toxinas químicas e alimentares.
Quando as células já estão sendo naturalmente tensionadas pela abstinência alimentar e suas crises decorrentes, qualquer descarga cerebral de neuropeptídeos coloca-as em polvorosa, fazendo-as reagir de todo jeito, inclusive com uma maior sobre-excitação nervosa, manifestada, inclusive, em forma de fome. Isso vai exigir da mente superior rápida emissão de pensamentos anódinos reafirmadores e sustentadores, para não pôr em risco a continuidade do processo jejunal. Então, idealmente, devemos mentalizar somente ideias edificantes, benfazejas e positivantes, mas, mesmo estas, de forma suave e light. As ideias centrais que devem alimentar todos os pensamentos durante o jejum são o próprio jejum e temas ligados à saúde em geral, além de um permanente estado de prece, ainda que sem palavras. Idealmente.
 
Mesmo durante eventuais impactos pensamentais ou emocionais, não se deve sair do sério. Exige-se apenas um esforço maior, que deve ser engendrado semiautomaticamente, para não se perder o rumo da ideia central, que é o jejum, para não baixar a guarda vibratorial convergente. É questão de exercício, de foco, de “prepreparação” contra esse tipo de surpresa interna ou de fora para dentro.
Mas os maiores empecilhos e conspirações contra o processo normalmente provêm mais do próprio cérebro do que de fatores externos ao corpo. A premissa maior seja: mais importante do que os quereres e prazeres do cérebro e do ego deve ser o prazer de se ter saúde multinivelar e vida longa, pujante e feliz, para o que o jejum costuma contribuir fortemente.
 
Mesmo depois de já ultrapassada a fase da eventual revoltinha neurológica ou citológica, pode haver uma tristeza profunda do cérebro. É outro impacto sutil que pode pôr em risco a continuidade do jejum. É quando, normalmente, se sente um vazio existencial... uma angústia... É o cérebro em crise. Sente-se meio só... com uma leve depressão... Está faltando alguma coisa... OLHA O PERIGO! Isso não deixa de ser uma forma de antipressão pressionadora. É a hora do diálogo carinhoso com o cérebro. De explicar para ele que o processo de abstinência a sólidos é só periódico, que é para o bem dele e de todos os seus comandados orgânicos, que é para a saúde de todos, para uma melhor qualidade de vida de todo o contêiner... E por aí afora... Falar educadamente com o cérebro, mas sabendo que, no fundo no fundo, ele pode estar querendo mesmo é interromper o jejum, testando mais um de seus artifícios. A mente orgânica que mais se parece com a mente consciencial é a mente cerebral. Todo cuidado com ela é pouco.
Essa crise de depressão ou de saudade é mais comum nos jejuns longos de obesos, quando o cérebro fica meio desnorteado, achando que vai morrer, se desconhecendo no novo corpo que está surgindo. É a crise de identidade somada com a crise de abstinência ou de saudade dos bons tempos de comezaina livre e de vontade livre de pedir ou pressionar e ter seus quereres logo atendidos. Questões neuropsicológicas. Nada que ameace o prosseguimento firme e resoluto da mente superior. É o caso de se conversar com o cérebro e aumentar as passadas rumo à vitória pretendida. Oportunamente, o cérebro há de agradercer “de joelhos” pelas graças alcançadas, em forma de maior vitalidade neuronal, mais agilidade raciocinal, mais sensibilidade no paladar, mais prazer gustativo, mais capacidade de saciedade com menos quantidade de alimentos etc.
[O cérebro é misoneísta, ou seja, tem aversão ao novo, principalmente o jejum, que ele nunca experimentou desde que nasceu. Por isso, a massa cinzenta precisa estar sob estreita superdominância da mente superior, antes, durante e após todo o processo, até “entender” as vantagens deste, com os primeiros resultados positivos. A partir das próximas experiências, o cérebro vai se acostumando cada vez mais com a ideia, vai pegando o jeito da coisa, embora nunca a aceitando de bom grado. Afinal, são seis contra um. Seis dias de alimentação contra um dia de abstinência por semana.]
 
Quem precisa cozinhar para a família, deve fazê-lo na véspera, para não precisar nem olhar o caminho da cozinha no dia da intraducha. É até sugerível se tirar uma soneca das 11 até às 14h. Não mais do que isso, para se evitar insônia noturna, se for o caso. Essa modorra ajuda no desapego inicial que o cérebro precisa ter da “fome programada” do meio-dia, até acostumamento definitivo com a nova ideia. A partir de certa hora do dia, qualquer sensação ou mal-estar cerebral interpretado como fome será sempre neuropsicológico.
No caso dos obesos, por exemplo, diz-se no meio médico que eles devem comer seis vezes ao dia. Pois bem. No jejum, eles comem sem parar, das reservas alimentares acumuladas dentro deles mesmos, a fim de alimentarem principalmente o sangue. E um sangue bem nutrido mensageia para o cérebro que está tudo bem e sob controle abaixo da traqueia. O cérebro entende a mensagem e não emite nenhuma ordem ou recado de “hora de comer” para o estômago e para o intestino.

 
 
É bem recebida pelo corpo uma caminhada vivaz de uma hora e meia ou duas horas, não se esquecendo de levar o cantil de água, dinheiro para comprar mais água no caminho e, se necessário, um chapéu contra eventual sol forte.
A caminhada é praticamente obrigatória para quem está em processo de regime, dieta ou plano de desintoxicação, inclusive como o promovido pelo jejum. Ajuda na digestão não só intestinal, mas também celular, inclusive para uma boa absorção da água pelas células, principalmente durante o jejum, quando a água é o único alimento. A tendência é o processamento otimizado de todos os sais minerais do precioso líquido. Ademais, a caminhada também otimiza e até acelera a passagem do jejum por todos os seus ciclos iniciais. Alivia também o eventual estresse neuronal em razão da abstinência alimentar a sua revelia.
A caminhada elimina, inclusive, aquela sensação de indigestão e empachamento provocada pelo excesso de água no estômago, que nos deixa com alguma náusea e que pode ser um bom motivo para o cérebro atacar de coitadinho, forçando raciocínios interruptivos do processo. Ao fim da “pegada forte” de duas horas, sentimo-nos fortes, aliviados de qualquer sensação de empacho ou hidroindigestão. A água, quando combinada com a caminhada, fica mais bem processada pelas células e favorece todo o processo do jejum. [A caminhada serve contra tudo: empachamento, ressaca, fastio, má digestão, solidão, tristeza, moleza... Serve para vivificar, desembolar, resolver, solver, mobilizar, chacoalhar, refuncionalizar e “pôr” aí afora.]
 
Outrossim, a caminhada ajuda a expulsar sujeiras e toxinas também pelo suor. Daí a utilidade de se tomar um banho mais caprichado com o escovão, esfregando mais a pele do que de costume, inclusive antes de sair para a caminhada durante o jejum. Essa ducha pré-caminhada auxilia também a energizar a mente contra eventual moleza física, natural a certas alturas, porque significa que o organismo está trabalhando mais intensamente para arrancar sujeiras mais arraigadas.
 
A caminhada, mesmo em passos largos, deve ser mais meditativa do que para passar logo o tempo. Tudo durante o jejum deve ser feito por si só e para si... devagar... na boa paz... mesmo para quem esteja quase correndo.
Para quem ainda não tem costume, há dias em que o corpo aceita o jejum, mas não aceita de bom grado a caminhada. Deve-se, sim, calçar o tênis e pegar a pista, ainda que devagar.... miudinho, mas deve-se ir, e tentar caminhar o mesmo tempo de uma hora e meia a duas horas. Paulatinamente, o corpo se acostuma e acaba contribuindo melhor, sem mais oferecer resistências consideráveis, ao ponto de se terminar o percurso todo suado. Sai-se como uma tartaruga, volta-se como uma lebre.

 
 
EM MEIO AO VAVAVU
 
O jejum requer dedicação mental, não necessariamente exclusiva, o que é impossível, mas pelo menos uma dedicação central inabalável. O processo do jejum deve correr por dentro, sólido, firme, objetivo, ou melhor, voltado para o objetivo. Muitos obstáculos estão aí para serem saltados, driblados ou circulados. Muitos obstáculos são até moveis, e correm por fora o tempo todo, esperando uma chance para atrapalhar e interromper o processo, ou aparecem de repente tentando desconcentrar o corredor na pista, como fez aquele irlandês que tirou Vanderlei Cordeiro de Lima da liderança da maratona nas Olimpíadas de Atenas. Só é de urgência destacar que os principais obstáculos são os impulsos emocionais, o estresse, frustrações relacionais e os sentimentos negativos. Vigiar os obstáculos de fora é tão importante como vigiar os obstáculos de dentro para a eficácia do jejum. Não é por acaso que muitos que saem do coma voltam mais saudáveis fisicamente do que quando entraram nele. O jejum aproveita-se da inércia corporal, principalmente a do aparelho digestório, para atuar em favor da saúde, promovendo curas sutis em pontos localizados em todo o organismo que precisem de intervenção curativa e autopoiética. [A autopoiese é a autocriação regenerativa que os corpos naturais têm, enquanto não sofrem atrapalhações interruptivas exteriores, inclusive da própria mente com excessos de distresses, medos, pensamentos negativos, falta de fé etc.]
 
O que deve ir para a moldura é o seguinte: Nenhum empecilho deve contrariar a boa fluência do processo jejunal, para não virar motivo da interrupção deste. Entretanto, tudo é mais uma questão de como se veem os eventuais empecilhos do que os empecilhos em si, sejam estes de ordem extracorporal, intracorporal, físico, emocional, social, profissional ou espiritual. Quem está num padrão vibratorial elevado e compatível com o jejum, mesmo pisando em brasa, sentir-se-á andando nas nuvens.
Qualquer pensamento de pressa, qualquer desejo de que o dia acabe logo para se ir dormir e acabar o jejum não são bons. Não existe tempo. Existimos nós, que passamos. Então o segredo é relaxar, amar o processo, sentir, perceber que cada hora a mais no jejum significa um ganho a mais para a cirurgia que está sendo feita sem que vejamos. A Dra. Natureza está trabalhando, e ela gosta de silêncio na sala de cirurgia, precisa de tranquilidade e de paz. A mente superior ou self deve convergir esforços apenas para ser enfermeira do próprio corpo e de si mesma durante toda a operação sem bisturi. Pensamentos de pressa e de pressão devem ser substituídos por pensamentos de prece e de apreço, para se evitar lançar toxinas emocionais nos órgãos sob reparo e limpeza. Durante o jejum é só alegria íntima. Tudo são flores diante de si, mesmo que se esteja caminhando sobre espinhos. Problemas, só até os limites da aura. Daí para dentro, silêncio, por favor!
Aproveitando essa maior receptividade e condições mais propícias, às vezes Deus aproveita para promover outros tratamentos, a partir de intervenções inteligentes da natureza espiritual, sem que o jejuador se dê conta.
 
O jejum é um processo não só fisioquímico. É também espiritual. Quanto mais receptivo e sintonizado com Deus estiver o jejuador tanto melhor a chance de curas e de grandes melhoras somáticas.
Toda cura física depende antes de uma correlata cura anímica, nem que seja apenas pela crença, pela vontade ou pela esperança de ficar bom. Deus se vale muito disso, para iniciar seus trabalhos curativos, no Seu tempo.

 
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 20/04/2011
Reeditado em 26/08/2013
Código do texto: T2919878
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