FRAGMENTOS

Fragmentos de casos

estilhaços de vida

dias sendo riscados no calendário

probabilidades e estatísticas que se esvaem

no ralo do tempo

que aumentam ou diminuem a cada página virada

A chuva cai e jorra a sujeira dos canos nas calhas

e lá se vai o puro com o que é impuro

nas valetas e esgotos

na marginalidade, no crime

no execrável da humanidade

Pastas tumutuam o caminho

repleta de relatórios

de escritas que se amontoam

em páginas intermináveis

de ditos e não ditos

a espera de resoluções

Pápeis em celulose

papéis em funções

que se desmancham muitas vezes

na falta do exercício necessário

de cada um fazer seu papel

Falas, em um tagarelar contínuo

e em uma escuta cada vez mais necessária

de ser apurada,

filtrada

e focada

Ouvir, e ser ouvido

eis um verbo pouco aplicado e conjugado em meio ao cotidiano

Ouvir o dito e

o não dito das entrelinhas

das feições

afeições

e evidências diante dos olhos.

Se ouve rádio, tv, música...

é preciso também aprender a ouvir

a quem está próximo

diante de ti,

como uma realidade que brada por escuta

Ouvir no abraço que acolhe e diz

Ouvir no olhar de atenção

Ouvir com

os sentidos

e sentimentos

com os quais o ser humano foi presenteado...

Ana Lú Portes, Juiz de Fora, 05 de maio, 2011

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 05/05/2011
Reeditado em 05/05/2011
Código do texto: T2951011
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