Chegou o nosso Natal.

Chegou o nosso Natal

( em homenagem ao artista plástico Antonio Petrek )

Nós vamos ganhar ainda neste Natal,

emoções, lembranças,

ternas,

loucas, outras louras, outras de outras cores,

queremos todas...

``

Num Natal eu queria uns dinheiros,

todos os queremos,

são pagas, impõe-se porque são como impostos,

são reconhecimentos, valores que aplacam nossas carências,

todas,

não todas,

quase todas.

Umas há sem cura, duram uma Noite de Natal,

que viajam conosco, que vão até ti, meu amor,

buscar-te, mesmo que estejas bem,

mesmo que estejas certa de teus momentos,

não sei se tão certa estarás,

haverá dúvidas, algumas, certo que haverá.

-Vinha-me um homem num amplo salão de festas.

Éra homem rico, éra o dono da casa .

Por certo era uma de suas salas,

as de seus ensejos, para seus deleites;

Éra para os seus, para as suas,

que uma delas em viagem estava, por país vizinho;

era sala de luxo para meus pincéis de óleo, para o meu Jesus...,

um Jesus que estava nascendo...

...já veio-me a senhora, esta que viaja, para falar-me

dos detalhes deste traço, daquela curva,

que era para o Natal,

que passaria entre seus judeus em longínquo país,

para depois vir,

que depois teria a paga, eu,

mas,

Deus sabe, o Natal está chegando.

Essas coisas estão por toda parte,

coisas da época de Natal,

balbúrdias, devaneios, brisas estranhas, luzes em toda parte,

vagalumes, parecem coloridos, pensamentos ao lado que passam por nós,

de todos,

que parece que pensam alto, dá rumores na alma;

Sentimentos da época do Natal,

que a bába tanto espera,

para seus trigos, seus costumes, seus pães, seus patrícios,

os meus que espero também,

num mundo sombrio, opaco,

era o que tinha.

...lembrava eu que a bába tinha dito que meu dinheiro gastara

em mesas, não era verdade, dessa vez não...

A aura desse Natal desgraçava-me,

estava desgastado,abatido.

Ressoava o sino da Missa do Galo,

lembrava dos pães, das ervas, do pôr do sol,

que já era hora do trigo com mel, para a Noite.

Tinha na mente as pessoas chegando às escadarias,

os amigos pondo-se nas esquinas, ensaiando os primeiros goles,

ensaiando os planos da noite, daquela noite especial.

- O Senhor, pelo que vejo, já terminou o trabalho, disse o homem.

- Pode ir embora, Feliz Natal .

Engoli seco...

Dodrou o último sino e estava começando a Missa de Natal.

O que dizer em casa ?

Totalmente sem dinheiro para a féria...

Quase abordei o homem rico...

Fui-me cabisbaixo, amores meio fadados na cabeça,

babucha triste;

esperavam-me talvez ansiosos,

alguns em outros lugares,

algumas, talvez, em lugares certos.

Já tinha chegado a idade mais madura,

entendia dessas necessidades,

poucas que fossem,

são elas, às vezes, que nos levam para o amanhã.

É Natal, ficamos tristes nessa noite.

É até parte da magia.

Já não ouvimos a rotina, algo está acontecendo,

as pessoas estão agitadas...

Há cheiros diferentes em todas as partes dessa rua onde passo,

para onde vou,

para meu Natal,

que nunca esqueço.

``

Hoje não. Hoje é outro Natal, faz tanto tempo...

Mas,

quero emoções,

ainda nesses tempos,

ainda neste Natal,

das louras, de outras cores também,

quero-as neste Natal,

para valer-me, para viver-me, para encantar-me,

nesse sonho de tantas noites...

...para nesse encanto ver-te bela, de novo, mesmo que estejas bem,

que pareças estar certa de teus momentos.

Vou fustigar-te,

convidar-te,

a matar nossas vidas, essas que corroem,

para brincar de viver,

para sonhar de viver,

para sonhar que chegou o nosso Natal...

``... o homem rico deu-me a paga um ano depois, ainda antes do outro

Natal... ``

teobaldomesquita@uol.com.br

Teobaldo Mesquita
Enviado por Teobaldo Mesquita em 05/12/2006
Código do texto: T309966