Buraco no Caminho
O passeio em frente à minha casa é feito com aquelas pedras portuguesas. Mandei colocar tem pouco tempo porque o concreto que tinha estava feio e quebrado.

Há alguns dias porém, uma das pedras soltou e minha esposa pediu que eu a colocasse no lugar. Guardei a pedra solta e disse que quando tivesse folga consertaria o passeio.
O tempo foi passando e eu não tive tempo de colocar a tal pedra de volta. Mas enquanto isso a reclamação rolou solta.

Outro dia, quando estava chegando em casa, olhei o buraco no passeio e pensei: Tem tantas pedras certinhas. Todas estão perfeitas em seus lugares e o buraquinho é tão pequeno que não atrapalha ninguém a andar. Mas mesmo o passeio estando todo certo o buraco é que chama atenção. É dele que reclamamos. É ele que reparamos.

No caminho da vida acontece assim também. Por mais que tenhamos saúde, emprego, uma boa família estamos sempre correndo atrás da falta. Ou seja, estamos sempre querendo preencher algum buraco. Parece que isso é natural e talvez seja o que mantém a chama da vida acesa em nós, seres humanos.

Acho que o mais importante é termos consciência disso tudo. Devemos estabelecer uma boa relação com os buracos que desejamos preencher sem nunca perder de vista o todo conquistado e perfeito que nos rodeia.

Quando tampamos um buraco outros são abertos e assim prosseguimos durante toda a nossa vida. O buraco é a falta, o desejo, o não ter. Ou, melhor, o ter a conquistar. Mas fazer-se escravo dele é dar combustível ao sofrimento.

Assim, o melhor é valorizarmos nossas conquistas, nossos dons e correr sim atrás daquilo queremos mas de forma saudável, equilibrada e paciente.


Quanto ao meu passeio, tenho que arrumar, eu sei, mas no meu tempo...
Carlos Alberto Romanelli
Enviado por Carlos Alberto Romanelli em 01/08/2011
Reeditado em 01/08/2011
Código do texto: T3132633