O DIA QUE O DEFUNTO FALOU
O DIA QUE O DEFUNTO FALOU
(DIÁLOGOS)
A cabeça penalizava as mãos que fremiam
Minha boca,... Era puro malte escocês
As pernas,... Estoicamente trôpegas
A visão triplamente hipermetrope
Guiava-me para mais uma ida ao banheiro.
À volta, borbulhavam vozes que me emudeciam
E o amigo abarrotava meu copo cortês.
O velório estava em pândegas
Acenavam-me e eu sorria epítrope
Ofereceram-me até carne de cordeiro.
A viúva me chamou para uma breve oração
Larguei o copo e pus-me em redor do caixão
Meu corpo ventava, pronunciava sem falar
Nem o amém me alentava
... Gostaria de me sentar!
- De repente ouvi o lívido gargalhar
Esfreguei a cara, não queria acreditar
O desgraçado falou que a viúva era safada
Olhei e vi que até meu amigo rezava.
Ele saltou o tronco para frente
E eu rapidamente,...
Encolhi-me para trás
Cala a boca!!! Esbravejei
Ouviu-se um silencio latente
A viúva abraçou-me calada
Mal imaginara o que se passava... .
Lentamente peguei o seu pulso, e estava quente
E o filho da mãe assustou-me novamente
Gritei: Sai de mim satanás!!!
Levei uma tapa, e a boca tapei
E bambeei no meu corpo dolente.
Insistentemente retiraram-me de perto do caixão
(não sei o porquê)
Envergonhado enchi meu copo sem compaixão
(estava à mercê).
Os amigos me rodearam,...
E, me perguntaram se estava bem,... .
Os pais do defunto de mim se ladearam
Seu pai era mais zen,...
Mas, a sua mãe que me estapeou
Comigo gritou:
Você conhecia meu filho seu animal???
Tentei a verdade lhe contar
E agressivamente mandou-me calar
Intimou-me: Saia daqui seu anormal!!!
Pensei: Então porque me perguntou sua vaca?!?!?!
Sai de mim urucubaca!
Com muito custo foram embora
Graças à intervenção de amigos
Sentei-me e cabisbaixo senti a mão de uma velha senhora
Disse-me para ir com ela olhar os jazigos.
Sem dar bola para mais uma mais louca do que eu
Amaldiçoei todo irmão ateu.
- Porque esse desgraçado me escolheu? Perguntei-me
Será que era porque dormi com sua mulher? Sentei-me
Mas todos já o haviam feito
Porque eu?
Arrependi-me do meu lado Romeu
De hoje em diante andaria direito.
Não contente,...
Sorrateiramente...
Acheguei-me perto do defunto sorridente
E,... Iniciamos um papo eloqüente
Foram mais de uma hora de gestos displicentes
Que nem percebi o acúmulo de descrentes.
Pasmados fitavam-me alucinados
Perguntavam que merda eu tinha fumado...
Meu amigo, meu bêbado aliado
Mandou todos ficarem calados
E meu antes inimigo
E agora mais novo amigo
O defunto falante
Disse que ali não tinha aliados
E eu seria sua voz sonante.
Quando abri caminho no meio da multidão
Vi rostos em exclamação
Todos falavam que eu estava doidão.
Minha namorada que acabara de chegar
Disse-me não saber o que pensar
Mas, começou ali mesmo a me agarrar...
Mais uma pouca vergonha estava prestes a começar
Afastei-a revelando a minha ereção.
- O que estava fazendo?
Ela estava me querendo
Mais uma ameaça
Pairava nessa desgraça... .
... (...).
CHICO DE ARRUDA.
ESSE É UM DIALÓGO DE UM DOS LIVROS QUE ESTOU ESCREVENDO, ESTOU QUASE TERMINANDO. AINDA NÃO TEM TÍTULO, É MUITO EXTENSO, POR ISSO PEÇO DESCULPAS POR NÃO TER CHEGADO AO FIM
E PELOS ERROS, POIS NÃO FOI REVISADO. CONSIDERO-O COMO UMA:
“TRAGI-COMÉDIA”. RESOLVI PARTILHÁ-LO COM VOCÊS ESPERO QUE GOSTEM, E ME TENHAM COMPREENSÃO AO JULGÁ-LO.