A Noite Laranja

Quando se ama alguém de verdade, não se deixa esse alguém ir embora sem lutar.

E o arranjo de plástico no centro da sala, só serviu para mostrar quão superficiais as coisas eram entre nós.

E pra mim, que sempre fui tão intenso, as flores de plástico não são nada além que evidencia de um crime contra nossa quase vida.

E juntos, damos passos em direções contrarias, então experimento minha dor, que agora, já arde doce.

Você nem me percebe aqui.

A flor de plástico na sala não murcha, ela também não morre.

Que mentira! Toda flor morre.

Passo mais um dia sem graça, fingindo uma alegria que não tenho, e canto pro espelho do banheiro, que me devolve uma imagem muda, simétrica, cômica e sem nenhum significado, e então me vejo em você.

Na TV uma piada que e eu não consegui entender.

Fico esperando o sol nascer, mas ele parece que não vêm. As horas se perdem com o tempo, e invento uma cor laranja que domina o ambiente. Vejo flashes e fotos laranja, vejo cartas em ton laranja, a música e a sala também são laranja. Então canto de um jeito todo laranja minha solidão sem cor. E mais uma vez percebo que o telefone não toca, o vento ainda sopra, porque chove lá fora, e alguém me dá noticias de você.

Então chove aqui dentro.

Mas o telefone não toca.

E a noite se vai laranja.

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 15/10/2011
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