A Noite Laranja
Quando se ama alguém de verdade, não se deixa esse alguém ir embora sem lutar.
E o arranjo de plástico no centro da sala, só serviu para mostrar quão superficiais as coisas eram entre nós.
E pra mim, que sempre fui tão intenso, as flores de plástico não são nada além que evidencia de um crime contra nossa quase vida.
E juntos, damos passos em direções contrarias, então experimento minha dor, que agora, já arde doce.
Você nem me percebe aqui.
A flor de plástico na sala não murcha, ela também não morre.
Que mentira! Toda flor morre.
Passo mais um dia sem graça, fingindo uma alegria que não tenho, e canto pro espelho do banheiro, que me devolve uma imagem muda, simétrica, cômica e sem nenhum significado, e então me vejo em você.
Na TV uma piada que e eu não consegui entender.
Fico esperando o sol nascer, mas ele parece que não vêm. As horas se perdem com o tempo, e invento uma cor laranja que domina o ambiente. Vejo flashes e fotos laranja, vejo cartas em ton laranja, a música e a sala também são laranja. Então canto de um jeito todo laranja minha solidão sem cor. E mais uma vez percebo que o telefone não toca, o vento ainda sopra, porque chove lá fora, e alguém me dá noticias de você.
Então chove aqui dentro.
Mas o telefone não toca.
E a noite se vai laranja.