Eduard Mãos de Tesoura e o Artesão

A possibilidade de uma visão crítica é extremamente saudável, pois, as coisas que desconhecemos podem assustar; ou, privados dela, como o avestruz poderemos comer tudo o que parece alimento.

A crítica é necessária antes de apoiarmos um postulado qualquer. Contudo, ela pode se tornar patológica, quando vira um fim em si.

O criticopata, fica a postos como Eduard Mãos de Tesoura, a espera que nossos “arbustos” mostrem o menor raminho que ele acha fora do lugar, e zás.

Por causa de suas mãos diferenciadas, não pode plantar nada, apenas podar. Jamais interpreta um texto no sentido de estimular fé, edificação, salvação, no prisma bíblico, claro; mas, gasta seu tempo e sua pesada artilharia, suas vorazes tesouras, para desfazer o que outros fizeram.

Seu preciosismo pedante evidencia alguém extremamente egoísta, carente de aplausos, incapaz de amar. Mas, ousemos um texto mínimo que seja sobre amor, e suas tesouras velozes apararão presto nossas “sobras”.

Ora, pequenas concessões periféricas não invalidam um bom trabalho, e, de vez em quando poder dizer; apoiado, é isso; não faz mal a ninguém; antes, identifica posição, e valoriza ao labor de quem plantou.

Esse crítico “à priori”, já “sabe” que todos estão errados, tudo o que ele precisa fazer é demonstrar onde, quando, ou, como.

Quando Jesus curava um cego num sábado, esse fato extraordinário era ofuscado pelos criticopatas de então, como se o ritual religioso fosse mais importante que a cura.

Por ocasião da ressurreição de Lázaro disseram: “Que faremos? Pois é notório que esse homem fez um grande sinal, e NÃO PODEMOS negar”; não se tratava de não querer, mas, de não poder ocultar ao que o Senhor fizera.

Naqueles casos, nítido é que a inveja era o combustível das críticas. Qual será a “lenha” que arde alimentando aos semelhantes de hoje?

Não tenho problemas com a crítica séria, antes, cresço com ela. O que me deixa roxo, é quando a coisa é gratuita, sem razão de ser, ou, sem a devida honestidade intelectual.

Como disse Jó: “Quão fortes são as palavras da boa razão! Mas, o que censura a vossa arguição?” Em outras palavras, ele dizia que se renderia à razão, não a censuras sem propósito.

Com frequência, deparo com textos de gente que, desconhecendo contexto, hermenêutica, e outras ferramentas, pinça um verso cá outro acolá, e afirma suas barbaridades teológicas e ainda se dá ao direito de apagar nosso comentário que corrige seus erros. Nesses casos, nem o Mãos de Tesoura resolveria, pois, deve-se arrancar o arbusto todo.

Eu critico, quando acho criticável, sobretudo, em minha área de atuação, teologia; escrevo textos polêmicos, não como um fim, mas, meio de expor meu pensar, todavia, dou o “direito de resposta” a quem discordar, manda ver. E isso não impede de escrever textos referentes à salvação, edificação e consolo dos que sofrem.

Na cidade de Victor Graeff RS, está a mais bela praça do estado, com figuras de aves, animais, pessoas, e obras arquitetônicas, todas “esculpidas” em ciprestes. Vale a pena conhecer, aliás, está na NET.

Dá pra fazer maravilhas, pois, com a arte de podar, mas, mesmo essa, não sendo um fim em si, antes, mirando produzir beleza e arte, para encanto de terceiros, mesmo sendo desconhecido de muitos, o hábil artesão.

Esse, diferente do Eduard, tem mão normais; pois, plantou, regou, fez crescer, e moldou, buscando um fim nobre. Acho que poderíamos parafrasear a clássica história do cisco e do argueiro assim: “Por que te apressas a criticar, quando a ti falta autocrítica?”

“Os ataques da inveja são os únicos em que o agressor, se pudesse, preferia fazer o papel da vítima.” Niceto Zamora