WAGNER E NIETZSCHE – A POLÊMICA CONTINUA! – Parte 01 de 07 partes

WAGNER E NIETZSCHE – A POLÊMICA CONTINUA! – Parte 01 de 07 partes

J.B.Xavier

Bem vindos ao mundo da música e da filosofia. Este ensaio compõe-se de 07 partes que serão publicadas semanalmente.

Escrever sobre Nietzsche é um prazer inexprimível. Escrever sobre Wagner é um prazer inenarrável! Escrever sobre ambos, ao mesmo tempo, é um prazer inigualável! Contemporâneas, essas duas mentes prodigiosas estiveram intimamente associadas por algum tempo, ligadas, como não poderia deixar de ser, pelas idéias grandiosas que ambas produziam.

Ao contrário de Nietzsche, Wagner era – e se considerava - um fim em si mesmo. Não se deixava influenciar por nada que não fosse monumental, especialmente no terreno musical. Sua personalidade marcante era de tal forma carismática que Nietzsche sucumbiu a ela e deixou-se apaixonar por suas idéias, para mais tarde, delas discordar e dar início à mais longa polêmica de que se tem notícia na história do pensamento humano!

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1813 era um ano marcado para pertencer para sempre aos anais da História Universal, pois, neste ano, enquanto Napoleão encontrava seu destino em Leipzig, nascia Richard Wagner, o músico que talvez mais polêmica causou – e ainda causa – nos meios da música erudita e da filosofia ocidental. Não é pouco para quem viveu uma vida extremamente dificultosa, mas que, apesar disso, maravilhou, seduziu, deslumbrou, irritou e atrapalhou muitos de seus contemporâneos.

Wagner não foi apenas um músico exponencial, mas, como Mozart, precoce, cuja estréia triunfal no mundo da música foi verter para o piano nada menos que a Nona Sinfonia, de outro alemão genial: Beethoven!

Em 1888, cinco anos após a morte do músico, um desses contemporâneos que passou pelo rolo compressor de suas idéias, Friederich Nietzsche, publicou um panfleto, em Turim, que circulou entre os meses de Abril e Junho, no qual abria fogo pesado contra o “Mago de Bayreuth”. A polêmica estava desencadeada.

Fosse Wagner ainda vivo e certamente haveríamos de ter lances e geniais nessa discussão de gigantes, mas os seguidores do compositor providenciaram para que esses lances ficassem à altura da estatura de suas idéias.

Nem mesmo para Nietzsche – um monumento do pensamento da época - era fácil desestabilizar a imagem sólida que Wagner conquistara em toda a Europa.

Para se ter uma idéia da solidez dessa imagem, quando o músico morreu, em Veneza, houve um cortejo solene jamais visto na cidade até então! Quando seu corpo foi transladado por via férrea, através da Itália e da Alemanha, multidões se aglomeravam à beira da ferrovia, por onde passava o cortejo fúnebre. Quando, finalmente o trem chegou a Bayreuth, seu destino final, lá o aguardava a maior multidão já vista reunida na Alemanha até àqueles dias!

Bayreuth é o lugar em que o músico conseguiu conquistar a paz ainda em vida. Seu corpo repousa num monumental mausoléu, e para se ter idéia de sua popularidade, basta lembrar que, desde o ano de sua morte, realiza-se em Bayreuth um festival anual em sua homenagem, que perdura até os dias de hoje!

Os petardos disparados por Nietzsche foram, no entanto, de tal ordem, que ao longo do tempo ainda ricocheteiam perigosamente, sem que se saiba quando terminará o tiroteio!

Era natural e até óbvio que uma natureza portentosamente criativa como a de Wagner, suscitasse em seus concidadãos, sentimentos antagônicos. Tudo nele era contraditório e ousado. Sua música violou os padrões da época e era pejorativamente chamada de “A música do futuro”. Depois de mais de um século da publicação de “O Caso Wagner” de Nietzsche, a vida do autor de PARSIFAL foi devassada e nenhum dos seus talentos escapou à crítica: O Wagner literato, o Wagner músico, o Wagner pensador, o Wagner homem, e, principalmente, o Wagner médium!

Para os que, como eu, quedam-se pasmos ante à sombra desse gigante da música universal, “O Caso Wagner” fornece a oportunidade de conhecer em maior profundidade essa personagem tão desconcertante quanto genial, ou talvez, desconcertante por ser genial!

Entretanto, não foi Nietzsche quem primeiro discordou das idéias de Wagner. Pelo contrário, ele foi um fiel seguidor do grande compositor, e admite isso em seu panfleto quando diz que seu ex-amigo foi “o maior gênio teatral que os alemães tiveram”. Diz ainda que os seus escritos “entre outras coisas, eram a escola da inteligência” .

Como então, um admirador tão apaixonado voltou-se contra o mestre a ponto de tentar denegrir sua imagem, mesmo após sua morte, quando ele já não podia se defender?

Isto é assunto para o próximo capítulo. Até lá!

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JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 24/07/2005
Reeditado em 08/03/2010
Código do texto: T37220
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