Os deuses que Deus quer salvar

“E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles. Então o SENHOR disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao SENHOR, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.” Jó 1; 6 e 7

Durante essa reunião administrativa, onde o “Presidente” receberia um relatório dos acontecimentos planetários, havia um penetra na sala, que também rodeava a terra em busca de novas.

Sem entrar nessa questão, por ora, o que quero abordar é que, mediante a tecnologia, nos tornamos deuses também; afinal, o fruto da árvore da ciência tomou a terra. Basta que liguemos uma TV, acessemos a Internet, e relatórios globais nos são trazidos.

Sabemos da renúncia do Papa; da sua preocupação com as finanças do Vaticano ao colocar alguém de sua confiança para presidir o banco; dos meteoritos que fizeram estrago na Rússia; da nevasca que assolou o nordeste americano; de atleta paraolímpico acusado de matar a esposa na África do Sul, etc...

Conhecemos o que ocorre no mundo, embora, podemos ignorar as dificuldades de nossos vizinhos. Os “anjos” da imprensa voam de um lado para outro, afinal, nós os pagamos para que nos mantenham informados.

O problema é que esses trabalham com versões, aparências, e, não raro, o que recebemos como fatos, nem sempre é a verdade.

A maioria do que nos informam não atinge diretamente nossas vidas; salvo, pelo prisma que nos distraem de coisas menores, reais, que nessa condição de “deuses” nos furtamos de cuidar.

Essa possibilidade tecnológica nos coloca como “gestores do mundo”, enquanto nos aliena de bem gerirmos nossas próprias vidas. Afinal, de quantos problemas maiores que os nossos, “temos” que cuidar.

De qualquer modo, basta uma queda de energia, uma falha de conexão, e nossa “onisciência” vai para o espaço, e quedamos perplexos e desorientados.

Somos muito propensos à curiosidade, onde “gerimos” a vida alheia, e a mudanças geográficas, quando nossas vidas demandam câmbios psicológicos ou espirituais. Como o exemplo bíblico da família de Noemi; pintou escassez em Belém, vamos embora pra Moabe. Perdeu seu esposo e filhos que lá morreram, se bem que voltou com a virtuosa Rute.

O poeta Mario Quintana escreveu uma quadra que ilustra essa dificuldade de mudarmos em nossas almas, ele disse:

“Podes ir até a esquina

comprar cigarros e voltar;

ou mudar-te para a China,

sem sair de onde tu estás”.

Não estou com isso, demonizando o fato de estarmos bem informados, mas, advertindo que, contrário àquele relatório primeiro, de “repórteres” fiéis, capazes de relatar essências não aparências, vivemos num mundo maligno, de engano, sofismas, e raramente há um anjo de Deus infiltrado nisso tudo, para tentar nos tolher as ilusões, e nos persuadir a priorizarmos o que interessa.

Não que devamos com isso nos enclausurarmos temendo a interação; antes, como ensinou Jesus, “...tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” Mat 7; 5 Vendo bem, ajudemos a ver; sem esquecer “... que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 12

Afinal, Deus, ao invés de se impressionar com qualquer acontecimento colossal, mundial, pôs em relevo ante ao inimigo o caráter de um, que Lhe pareceu ser a notícia mais importante da reunião; “E disse o SENHOR a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal.” Vs 8

Podemos pois, fantasiar que dominamos grandes coisas; ou, apenas sermos, mediante fidelidade, integridade, a “notícia” que traz grande alegria ao coração de Deus.

“Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15; 10