Por que Deus criou o homem?

Pergunta dum ateu, não devo entendê-la como curiosidade, já que não crê. Talvez, um desafio para demonstrar que a existência humana seja proposital não, acidental.

Concede-me a hipótese da existência Divina para demonstrar um sentido da criação do homem.

A Bíblia descreve o modo pelo qual fomos criados, sem explicitar os motivos íntimos de Deus; mas, podemos inferir razões.

Ocorrem-me três motivos: Estético, afetivo e judicial.

Apreciação do belo é comum, mesmo ao homem; ninguém pergunta a um artista por que ele cria uma obra de arte. A obra por si justifica-se plenamente. Quando Deus criou o homem, pensou em seu próprio reflexo “Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança.” .

Malgrado a perfeição física, a imagem que impressiona Deus é antes, espiritual. Não há registro de algum prazer Divino, dada a beleza de Saul e Absalão, por exemplo; todavia, se gloriou da integridade de Jó. Mesmo aquele e outros virtuosos do Velho testamento sequer se aproximaram da perfeição do homem originalmente criado.

“Onde estás?” Essa foi mais uma pergunta emocional; sendo Deus onisciente, sabia onde estava o homem; mas, após a queda, a perfeição se foi, e a pergunta divina pode ser comparada a alguém que surpreende o cônjuge em adultério e pergunta, “O que você está fazendo? Ele sabe, mas quer uma explicação.

Mesmo os melhores, não eram mais a imagem de Deus. Essa pergunta pelo seu filho ecoou sem resposta por uns quatro milênios, até um dia em que certo carpinteiro se dirigiu a João Batista.

Então ao “Segundo Adão” o regozijo do Artista; “Este é o meu filho amado, nele está todo o meu prazer.”

Entramos já no motivo afetivo; Deus afirma que Sua obra lhe dá prazer, Ele ama-a. Amor e prazer são bens afetivos. Jesus apresentou-se a Nicodemos como uma declaração de amor, de Deus: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho Unigênito, para todo o que nele crer, não pereça, mas tenha vida eterna” Jo 3; 16.

Como o amor humano, o Divino anela ser correspondido; “Deus procura adoradores que O adorem em espírito e verdade.” Tanto é o amor o motivo mais forte, que Jesus sintetizou toda a Lei em dois mandamentos, Amar a Deus e ao próximo.

Resta apreciarmos as razões judiciais. O anjo perfeito em formosura corrompeu-se. Segundo Zacarias e Apocalipse, a terça parte dos anjos foi seduzida por esse mercador de mentiras e o escolheu como novo líder; Satanás. Como não possuía nada de seu, propriamente, comerciou promessas vazias, como fazem tantos políticos.

Dar um tempo a ele “no poder” para que execute suas promessas é um ato de justiça de Deus, pois, naqueles dois terços que permaneceram fiéis, poderia ter ficado alguma dúvida, quando a justiça e o amor de Deus foram questionados.

Nossa renúncia aos “bens” do príncipe desse mundo por Deus acaba sendo didática a essa seleta plateia. “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,” Ef 3; 10

Os salvos ocuparão o lugar perdido pelos anjos caídos; em seu desempenho ajudam a desmascarar a mentira de Satã, a pergunta, “Porque Deus criou o homem”? Ficaria melhor, nos lábios dele. Se o homem estivesse insatisfeito com a vida bastaria se suicidar.

Mas, mesmo o suicida não questiona a criação humana; antes, sua sina particular “patrocina” seu gesto extremo; geralmente, por estar sua sorte mui aquém do que anelou; não que a vida não valha à pena, mas acha que não vale, daquele modo.

Se, a ideia de uma questão assim é dar trabalho aos crentes tentando explicar, funciona; mas, precisamos nós esforço para dar trabalho aos ateus? Bastaria que nos explicassem a origem da vida sem Deus.

Se o fito é justificar-se numa posição rebelde, talvez a pergunta seja outra: “Por que Deus requer santidade dos Seus filhos?” Jesus ensinou: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5; 8 Por razões estéticas e afetivas Deus quer contemplar Sua arte.

A Palavra não muda, mas nossa reação sim é diversa “... a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que ouviram.” Heb 4; 2 “...nós, os que temos crido, entramos no repouso,...” Vs 3

A quem repousa em Deus, não restam dúvidas, mas segurança; aos demais, faltam âncoras; derivam sem rumo tendo como mais forte sua negação, que uma crença propriamente.

Em questões filosóficas e espirituais, não existe “resposta certa” como ciência exata; mas, creio ter oferecido algumas razões plausíveis, embora tateando numa tarefa bem maior que minhas forças.

“- A mente não é uma vasilha para ser enchida, mas um fogo para ser aceso”. (Plutarco)