O pequeno ensaio do futuro

Houve um biólogo, de qual não me recordo o nome agora, que determinou a seguinte lei: quando um grupo “x” de animais começa a crescer em níveis excedentes do que o ambiente pode aguentar, começa a haver competições intraespecíficas entre os indivíduos dessa espécie. Com o tempo, eles vão, ao contrário do que manda o instinto animal, diminuindo o número de seu bando: uns matam os outros ou morrem de fome. Dessa forma, uma curva de crescimento de grande ascendente começa a inverter sua ordem, decrescendo em níveis exorbitantes. Ao passar do tempo, a competição irá acabar, haverá alimentos para todos, e novamente entrarão num regime normal de existência em bando. Irão se reproduzir, terão muitas proles, que causarão uma nova superpopulação e o ciclo novamente continua. Pois então, a linha populacional do grupo “x” de animais não será uma reta linear, mas uma onda de altos e baixos (todo esse exemplo não leva em conta possíveis catástrofes que possam afetar a população “x”). A guerra humana não será, então, nada mais do que uma competição intraespecífica?

Sim. Porém não somente por uma superpopulação. A guerra é o acontecimento mais certo de que temos na humanidade, ao contrário da piedade e caridade. Não é possível que se acredite que não haverá mais conflitos bélicos entre os povos porque, muitas vezes, a uma superpopulação de ideias e interesses. Somos a mesma espécie, porém divididos e diminutos grupos: alimentamo-nos das mesmas coisas, consumimos o mesmo ar e disputamos o mesmo dinheiro. O ambiente humano não aguenta esse inchaço de variáveis e hipóteses e explode, literalmente. Explode vinte milhões de pessoas, explode dez milhões. Juntam-se em grupos para que seu poder destrutivo seja maior, ou será que para seus exércitos, seus homens poderem morrer juntos nos campos de batalha?

Infelizmente a guerra do futuro, aquela que não esperamos, pode estar formada, apenas dando pequenas formas. Achamos que a tecnologia é tão benéfica, exaltamos a cada vez que inventam uma cura para uma determinada doença que mata muitas e muitas pessoas por ano, comemoramos cada vez que os novos índices apontam que a idade média dos idosos está aumentando. Do ponto de vista normativo e valoroso da sociedade, continuem comemorando. Já somos sete bilhões, queremos mais vidas! Mais vidas demandam mais casas, mais alimentos, mais empregos. Contudo, a natureza não nos aguenta mais e o lucro implora por menos trabalhadores nas fábricas. Será esses fatores uma boa premissa?

Por mais que agora possa ser alvo de seu julgamento, caro leitor, posiciono rapidamente minhas defesas. Não sou contra o valor de celebrar uma nova cura ou uma melhora substancial na saúde pública capaz de aumentar a expectativa de vida da população. São ótimas coisas, até do tão criticado ponto de vista capitalista. Anseio, entretanto, despertar no senhor (a) uma reflexão do futuro. Não tende o número de habitantes aumentar? Não tende o número de empregos e florestas não desmatadas diminuírem? Convido-os a pensarem numa solução. Será que o planeta já não se esgotou?

Ao meu ponto de vista, apenas um fator pode melhorar as possíveis variáveis do fim: a população tem que diminuir. Já chegamos à superpopulação ilustrada no exemplo do início, nossa tendência seria diminuir, mas só ascendemos a linha populacional. O que pode acontecer então que abaixe a população?

Primeiramente, convido-os ao que seria, para mim, o pior cenário. Nessa cena, esgotaremos os recursos naturais. Induziremos o planeta ao completo caos climático, à extinção de espécies. Árvores serão apenas de plástico em museus, já que as verdadeiras foram substituídas por casas e campos de superprodução alimentícia (claro, com uso de agrotóxicos em todos os cantos). Nesse cenário, não será preciso haver uma crise empregatícia. A natureza, por si só, tratará de causar um grande desastre natural, que nos despertará o questionamento de por que tanta ira nessa malvada Terra. Milhões, bilhões irão para o fim. A peste humana finalmente será contida. Todavia, e os pós-efeitos? Nesse espetáculo a natureza continuará destoando. Para sempre. Causamos um desequilíbrio tão grande que demorará milénios para ela recuperar seu ânimo de antes. Apenas os humanos fortes sobreviverão, com certeza sem o conforto dos dias atuais, mas com a felicidade de seus antepassados terem sobrevivido a Grande Catástrofe. Será esse modelo o adotado pela humanidade?

Outra possível planificação futurista seria uma grande competição interespecífica. Podemos retratar muito bem como uma nova dose da década de 1930, onde assolava, principalmente na Europa, uma crise econômica, social e política. No entanto, adicionaremos muito mais gente e expandiríamos essa crise a todo o mundo. Perceba: no mundo, não para de nascem pessoas, enquanto as mais idosas morrem cada vez mais tarde. Além do mais, cada vez mais a tecnologia cria novos robôs, novos meios de substituir o homem (seja nas fábricas ou no dia a dia urbano), causando uma drástica diminuição de empregos. A primeira etapa desse conflito seria, como na Europa no período entre guerras, o descontentamento público. Explodiriam manifestações, rebeliões em toda uma nação, exigindo a mudança de situação. Iriam então fundar um novo governo. Na segunda etapa, esses novos governos entrariam em guerra, seja para tentar achar novos empregos para sua população, ou recursos para abastecê-la. Bem vindos a Guerra do Futuro. No fim, grande parte da população teria morrido. Voltaríamos então a um nível onde o planeta nos aguentaria outra vez. Até um ponto em que teríamos novamente uma superpopulação e...

Há, porém, uma pequena luz no fim do túnel. Minúscula e ínfima, talvez seja a solução da própria humanidade para sua superpopulação. Essa salvadora chama-se taxa de natalidade! Ao longo dos anos, muitas pesquisas indicam que ela vem decrescendo. A média de dois filhos por casal/pai, o número vem decaindo para 1,5. Isso quer dizer que a linha de crescimento populacional humana pode estar iniciando a curva que a levará da crista para o vale da onda do gráfico. Será que isso poderá acontecer? Bem, apenas o futuro pode nos dizer, mas mesmo assim não seria descartada a falta de emprego estrutural. No fim, a única certeza que temos é que a humanidade não acabará, pelo menos não por suicídio. Não obstante, para isso algo terá que mudar, ou acontecer, para haver a manutenção da população “x” no meio em que vive.

Eduardo D
Enviado por Eduardo D em 04/04/2013
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