Ensaio sobre João

Quero criar um personagem e nele trabalhar durante um tempo. Dedicar a minha poesia exclusivamente a esse sujeito. Já até pensei em seu nome: João. Um nome comum para um homem que se destaca no meio do centro do Rio, com os seus cariocas o compondo em movimentos desordenados e extremamente apressados, meio que se esbarrando entre si e, desta maneira, transformando-se em uma única massa colorida de peles e de pessoas, chegando ao ponto de, vistos panoramicamente, assemelharem-se a uma panela cheia de arroz banhado por feijão, farinha, mandioca, salada - por que não - e comidas e mais comidas variadas. Diante a esta confusão humana há João, com a sua barba mal feita, o seu corpo desenhado nas mesmas proporções que a de Dionísio, cujas linhas designam detalhes marcantes e traços minuciosamente bem feitos. Notam-se ao olhar de qualquer um algumas tatuagens espalhadas pelos seus braços viris e suas costas largas; cada uma delas transporta João a um momento de sua vida que o marcou de uma forma intensa e reveladora, como aqueles instantes nos quais nos vemos vivendo e de repente, percebemos que eles são a peça fundamental a que tanto esperamos para mudarmos o rumo dos nossos caminhos até ali trilhados; instantes que levam às mudanças, de modo geral. Pois bem, eu quero sentar de frente a este computador ou até à maquina de escrever e, meticulosamente, arranjar em um único formato todas as formas que compõem esse meu mais novíssimo personagem, esse ser que está louco dentro do seu espírito, ainda muito mal elaborado por mim, para ser atirado ao papel, ou melhor, às crônicas - quero crônicas para tratar de João, não contos ou romance.

À medida que os meus estudos sobre esse cara, que já me agrada a criatividade, avançar, postarei aqui as suas novidades e até o texto finalizado, é claro. Mas enquanto isso me banho um pouquinho nessa minha inspiração incessante - graças a Deus - e dela volto molhado de histórias compondo João e suas peripécias pelo Rio de Janeiro afora.