CARLOS MAGNO E O MODELO EDUCACIONAL DE UM MONGE DE YORK

Por. Alessandro Barreta Garcia

No séc. VI o papado iniciado pelo Papa Gregório, o Grande, deu início à tradição religiosa sob o ponto de vista hierárquico (LARROYO, 1974). Observa-se ainda o desenvolvimento do Império Franco, sob direção de Clodoveu, posteriormente o reinado dos merovíngios finalizando esse período com Dagoberto (629-639). Com o Império carolíngio, sob comando de Carlos Magno (742-814), se dará a grande referência de unidade política e poética na Idade Média. Essa época também ficará conhecida pelo impedimento do avanço dos árabes por Carlos Martel na batalha de Poitiers (732), bem como pela conversão dos Francos ao catolicismo, este fato foi fundamental para o desenvolvimento de uma unidade entre os ainda semibárbaros.

Woods Jr (2008) entende que por encontrar-se ocupado, o Império do oriente não poderia ajudar os cristãos do ocidente, e que os francos foram fundamentais na transferência dos merovíngios para os carolíngios. Tornado assim, possível o Império de Carlos Magno.

Para Pernoud (1997, p.82):

A grande sabedoria de Carlos Magno foi compreender o interesse que apresentava esta hierarquia solidamente organizada e que factor de unidade a Igreja podia ser para o Império. De facto, a lei católica era a única a poder cristalizar as possibilidades de união que se revelavam graças ao advento da dinastia carolíngia, a poder cimentar uns aos outros estes grupos de homens dispersos refugiados nos seus domínios (PERNOUD, 1997, p.82).

Carlos Magno no séc. VIII – foi notavelmente o primeiro a estabelecer uma unidade política, poética e religiosa na Idade Média, percebia a importância da educação nesse processo e almejava ensinar tudo há todos muito antes de Comênius com sua didática magna (LARROYO, 1974 e CAMBI, 1999). Utilizou-se da própria estrutura da Igreja e selecionou grandes sábios como: Paulo, o Diácono, Pedro de Pisa, Raban Mauro, Teodulfo o poeta e o historiador Eginaldo. No entanto a figura educacional mais importante foi o monge Alcuíno (735-804), um Inglês de York no qual assumia na corte de Carlos Magno o cargo de ministro da instrução pública.

Nos anos de 787 e seguintes, Carlos Magno baixou suas celebres capitulares sobre escolas, as quais têm sido consideradas por alguns – embora em sentido figurado, pensamos – as bases da educação moderna, “a carta do pensamento moderno”. Ordenavam o estudo das letras tanto ao clero como aos monges (MONROE, 1988, p. 116).

Com tal educação pública, tão sonhada pelos gregos antigos, seu sistema infelizmente não durou muito, mas o pouco tempo que durou desejou que todos os filhos dos súditos fossem enviados a escola. Alcançava-se com tal ação a obrigatoriedade da educação, algo só visto entre os espartanos como aponta Larroyo (1974). Na Inglaterra, Alfredo o Grande, impulsionou a educação e a exemplo de Carlos Magno fundou escolas, e também obrigou os pais a levarem seus filhos a escola. No séc. IX se inicia efetivamente o chamado período feudal, pois, com a fragmentação do Império de Carlos Magno, a divisão e perda da unidade nacional fortaleciam o regime de grandes soberanos, onde os vassalos, proprietários de terras subordinados aos soberanos imporiam aos servos uma espécie de trabalho compulsório.

O sucessor de Alcuíno, Fredegiso, difundiu os ensinamentos de Alcuíno e popularizou a escrita com uma relativa facilidade (WOODS JR, 2008). A leitura neste período foi surpreendente e determinante para a conservação das obras clássicas. Seria uma primeira criação da imprensa, como diria Philippe Wolff. Dessa forma esse é mais um exemplo irrefutável de que a Idade Média foi um período de luz, sabedoria e razão.

Referências

CAMBI, F. História da pedagogia. Tradução: Álvaro Lorencini – São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.

LARROYO, F. História geral da pedagogia. São Paulo: Mestre Jou, 1974.

PERNAUD, R. Luz sobre a Idade Média. Sintra: Europa – América, 1981.

WOODS JR., T E. Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental. Trad. Èlcio Carillo; rev. Emérico da Gama. – São Paulo: Quadrante, 2008.

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Alessandro Barreta Garcia
Enviado por Alessandro Barreta Garcia em 03/05/2013
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