Preocupação velha: Fredie Mercury: conflitos derivados do pensamento racional.

Ah, pensamento racional...

Acomodado, tendente ao equilíbrio!

Por que tu não podes (ou não me deixas) compreender?

Somente tu não me deixas compreender,

Aceitar...

E sentir de modo construtivo, aquilo que no íntimo já é compreendido.

Talvez aceito.

Hoje o que movimenta esse conflito é a morte do Fredie Mercury, em atualização a tantas outras mortes não aceitas por mim: Dulcinha, Cazuza...

Quando ouço sua voz percebo o quanto, de outro modo, está vivo.

Quando penso que foi cremado percebo a sua dispersão em meio a tantas outras matérias – a unidade organísmica acabou de vez. Que dor!

Sua morte revela a percepção do fim daquilo, que lhe dava uma unidade energética – o corpo, do qual emanava a energia individual, que o fazia Fredie Mercury, indivíduo.

Doi...

Mas, transcendeu e não deixou de ser energia, somente perdeu a unidade, que era ele.

Transcendeu e, agora, é energia sonora.

Transcendeu, porque canta e pelo canto permanece em tantas outras correntes energéticas, como a minha.

Mesmo assim, choro de dor, porque, ao mesmo tempo, que essa transcendência é canto, é também outra energia, mais plural, não mais unidade temporal – Fredie Mercury é morte!

Um mais que transmutar.

Por que transmutar?

Por que transmutar do jeito que foi?

Ainda mais, porque viveu do jeito que viveu?

Um viver que o fez brilhar ou enlouquecer para se envolver com um conflito de época?

Conflito da humanidade, a SIDA.

Ora, será que tem um por quê?

Se tem, que por que será?

Nada é à toa, desconfio.

Viver, brilhar, enriquecer X adoecer, sofrer a consciência do, próprio, morrer (Show must go on), norrer, deixando toda essa fortuna, de experiência e material, para a solução desse conflito de época.

Talvez aí esteja o sentido. Tantos outros, racionalmente, já não deram a vida, assim diz a história?

Fredie Mercury viveu e morreu... tão intensamente, parece.

Que o boom foi à morte, como consciência de sair de cena – Show must go on...

Ele é que não estaria mais no palco desse show, chamado vida.

Mas, meu pensamento racionalista sabe, mas não aceita.

Que boom? Inconformação!!

Pois, a lógica materialista em debate com outra lógica mais holística, segunda a qual tudo está integrado, diz-me que o boom é curtir as coisas materiais.

E, me faz sofrer, não deixando sentir aquilo que já é aceito.

Incongruência, mesmo sabendo que não é à toa que a vida se organizou dessa maneira.

Inconformação modificada, quase congruência me faz, agora pensar.

Sua morte não foi uma tragédia, embora tenha sido em função de uma tragédia – a SIDA, para além de uma tragédia... Pois, que a valorização de sua vida fica patente com a finalidade que sua vida e morte acabaram tendo. O produto das duas experiências energéticas destinou-se a reconstrução. Para que a humanidade reconstrua uma posição a partir do dueto vida e morte dentro de um contexto de época – a SIDA, esquecido por quem é de dever.

Com dor digo vai Fredie, pois não estou livre para dizer, simplesmente vaaaaai... (30/11/91).

Francisca de Assis Rocha Alves
Enviado por Francisca de Assis Rocha Alves em 22/05/2013
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