História de um momento no mato
o batuque era intenso e as chamas pareciam dançar
conforme cada batida, bumbava o tambor
fagulhas de madeiras, já incandescente pairavam do céu ao chão, enquanto aquela brisa leve só levava o cheiro da fumaça pelo ar
se era sinal, sei não, mas de algo estava pra avisar
desde o arrependimento até o perdão
uma história nova pra contar
as folhas secas estalavam enquanto os pisares de pesados pés, cheios de pesares, saltitavam ali
pequenos gravetos ressecados e o barro avermelhado formavam parte do cenário daquela noite no meio do mato
apreciando la do alto um canto, odara, que em tons indecifráveis aquelas vozes vorazes cantavam
ao que sentia nos caroços de arrepios da pele
e beliscava as bochechas pra se sentir acordado no frio
mistério de temer ao que não se vê
e ansiar uma mudança que não se sabe
seus olhos de valas e velas
vê-se bem, que se perder é fácil
é o ego gritando, comandar
aos pregos e poças
a cera que escorreu, tomou conta dos pratos
e prantos
uma parceria percebida natureza/homem
gota de animal-metropolitano
pedindo pro asfalto virar barro
e o tal pássaro João inventar o cimento
para o ciumento
apenas o santo sal vestindo a residência pele
pô-lo aos poucos a tampar teus poros.