O julgamento dos juízes

“O que disser ao ímpio: Justo és, os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão. Mas para os que o repreenderem haverá delícias, sobre eles virá a bênção do bem.” Prov 24; 24 e 25

Parece que temos, no exemplo supra, um juiz julgado. Ele absolve o ímpio, os povos o amaldiçoam. Imaginamos que a justiça seja um aprendizado dominado só por grandes juristas, depois de muitos anos de estudo. O cidadão comum estaria à mercê das decisões de tais magistrados sem condições de contestar, por serem, tais, detentores da justiça.

Todavia, esse viés que habitaria o imaginário popular destoa da Bíblia. A ideia expressa é que todos têm boas noções; ao magistrado cabe apenas o papel de exercê-la, aplicando a devida punição ao que, mesmo o cidadão comum sabe ser culpado. Claro que certo preparo é necessário para preservar o direito, identificar contradições, bem como prescrever uma dosimetria equivalente; ou seja: que violações semelhantes sofram penas equivalentes.

Acontece que a justiça é um fundamento imprescindível para manutenção da ordem social; se o fundamento ruir, a casa, ( sociedade ) ruirá. Depois de narrar uma faceta da eterna má inclinação humana, o salmista evoca tais bens, como socorro do justo. “Pois eis que os ímpios armam o arco, põem as flechas na corda, para com elas atirarem, às escuras, aos retos de coração. Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11; 2 e 3

Mesmo o Senhor denuncia que, o estabelecimento do vício como regra vitupera Sua imagem; posto que Santa, os hipócritas a vendem assim; como se Ele, fosse igual a eles. O profeta denunciou: “Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é impura, e o seu produto, isto é, a sua comida é desprezível. E dizeis ainda: Eis aqui, que canseira! E o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos Exércitos; vós ofereceis o que foi roubado, o coxo, o enfermo; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de vossa mão? diz o Senhor. Pois seja maldito o enganador que, tendo macho no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome é temível entre os gentios.” Mal 1; 12 a 14

Outra vez temos uma maldição contra o que se estriba na injustiça, pois, profana quem a instituiu e preza, Deus. Assim como os sacerdotes hebreus eram amaldiçoados por descuidarem da justiça no que tangia ao serviço a Deus, o são os magistrados em qualquer parte, se macularem a justiça por interesses.

Qualquer pessoa honesta e bem informada sabe que o julgamento do STF, instância maior de nossa justiça, deixou muito a desejar no famigerado “Mensalão”. Não fosse a bravura do Ministro Joaquim Barbosa, nem o pouco que resultou teria havido. Tal é a contaminação do Tribunal com gente que não inspira confiança, que ele mesmo antecipou sua aposentadoria fugindo ao nefasto convívio.

Impressionante como a maioria dos votos dos juízes foram previsíveis. Salvas honrosas exceções, suas vastas perorações em apurado juridiquês buscavam verossimilhança, não, justiça.

A maldição dita na Bíblia está expressa por toda a parte. Cidadãos não comprometidos com os ladrões julgados patenteiam descrédito quanto às ações do tribunal, embora “abençoem” à figura de Barbosa.

Conclusão necessária desses que usam seu saber para mascarar, em vez de desvendar à justiça é que sua “luz” equivale às trevas; O Salvador advertiu contra isso: “… Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6; 23

O vínculo da luz com a honestidade é expresso também por Salomão: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Apresenta o progressivo entendimento do justo, em oposição à cegueira do ímpio; “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4; 18 e 19

Perguntemos ao Zé da padaria sobre esses ladrões públicos, e numa frase de cinco segundos dará um veredicto melhor que tais colegiados em oito anos.

Agora temos uma CPI de “amigos” dos envolvidos “investigando” a roubalheira na Petrobrás. Sabemos o final antes do começo; aliás, desde sempre; Perguntemos a Habacuque o profeta, ele dirá: “Pois que a destruição e a violência estão diante de mim… Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida.” Hc 1; 3 e 4

O Supremo Real ainda não julgou, mas, enviou Sua Lei; “A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.” Sal 85; 11 e O Juiz voltará para julgar.