Ensaio a Despedida

Como doí dizer adeus a quem tanto amamos, ah, como doí. É como se arrancassem de nós uma parte. A despedida de um ente querido, pai, mãe, avô, avó, tios, primos, irmãos, amigos, pessoas que nem conhecemos, mexe tanto como a gente, é inexplicável.

Imaginarmos que aquela pessoa que nos viu crescer, nos ensinou, acompanhou cada passo de nossa trajetória, e muitas vezes essa trajetória é toda dedicada a essa pessoa, como casais que se conheceram na por vezes na infância, adolescência e passaram uma vida toda dedicada a outra; não estará mais ali para sorrir a cada vitória, para chorar a cada tristeza, emocionar-se a cada sentimento ou acolher a cada queda e acima de tudo nos pôr de pé em toda e qualquer circunstância.

Essa dor que dilacera o coração vem em ondas gigantescas a cada lembrança trazida à mente, e como doí. Como será depois dessa despedida? Como a própria palavra já diz “a – DEUS”, entregamos aquele que amamos às mãos DAQUELE que mais nos ama, deixamos que aquele que estamos nos despedindo vá ao encontro do CRIADOR. Nós cristão acreditamos que um dia ressuscitaremos e vivermos todos juntos novamente num lugar sem dor, sem doenças, sem guerras e fome, acreditamos na vivência do Paraíso.

Mas se ressuscitaremos por que sentimos tanta dor com a partida de um dos nossos? A morte ainda nos é um mistério, porque ainda que acreditemos não podemos tocar esse jardim tão lindo. E na condição humana nós deixamos que as ocasiões sejam maiores que a nossa fé e enxergamos o mundo somente com os olhos do corpo e não como os olhos do espirito. Não conseguimos nos manter de pé diante da perda de um parente, de uma pessoa muito amada e assim não conseguimos ver essa ocasião como os olhos da fé. Assim como Pedro quando recebe o convite de JESUS para caminhar sobre as águas, ele até arrisca alguns passos, mas ao ver a tempestade se preocupa e começa a afundar, conforme o livro de São Mateus no capitulo 14:

25.Entre as três e as seis da madrugada, Jesus foi ter com os discípulos, andando sobre o mar.

26.Quando os discípulos O avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma!” E gritaram de medo.

27.Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou Eu. Não temais”.

28.Então Pedro disse-Lhe: “Senhor, se és Tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”.

29.Jesus respondeu: “Vem”. Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água em direção a Jesus.

30.Mas ficou com medo quando sentiu o vento e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me”.

31.Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e disse-lhe: “Homem de pouca fé, porque duvidaste?”

32.Então entraram na barca. E o vento parou.

E por mais doente ou idoso esteja uma pessoa nunca estaremos preparados para dizer adeus, e sempre desejamos que as pessoas que amamos durem para sempre, ao nosso lado. E “egoístas” esquecemos das missões pessoais de cada um, esquecemos que ao fim de um filme vem os créditos e as premiações como recompensas pelo mesmo. Entendamos que assim também é a morte, após o cumprimento de nossa missão, seja ela qual for, seremos chamados para recebermos o prêmio das mãos de DEUS, e os créditos são as lembranças que ficarão impressas nas lembranças, das pessoas que amamos, ao partir, que por sua vez continuarão a escrever, produzir, dirigir e atuar nos filmes de suas próprias vidas, afim de conseguirem também concluir suas missões para que também recebam os prêmios das mãos de DEUS.

Não é fácil lidar como a partida de um dos nossos, ver as aquelas outras pessoas que amamos entrar em desespero, e não saber com confortar – lhes o coração, as palavras se tornam difíceis, e nada o que dizer irá amenizar naquele momento a dor. Não existem motivos para não chorar durante a despedida, não há razão para que não haja luto. Nas horas em que ainda resta para dizer adeus, o amor vem todo à tona tornando se impossível conter as lagrimas, até mesmo JESUS CRISTO se comove a tal ponto que chora junto de Maria, a irmão, a morte de Lázaro, como vemos no evangelho de São João no capítulo 11:

32.Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

33.Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção,

34.perguntou: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vinde ver.

35.Jesus pôs-se a chorar.

36.Observaram por isso os judeus: Vede como ele o amava!

E sempre tem aquela sensação de que sempre vivemos pouco ao lado dos que amamos. O desejo de um dia poder ver novamente aquela pessoa que tanto amamos, não chega ao acabada quando chega ao fim ao término da cerimônia fúnebre, não devemos deixar morrer em nós a esperança da ressureição e do reencontro. Chorar por quem amamos não nos fará mais fraco, desabar também não quer dizer que tudo acabou. Esse sentimento que aperta no peito e judia do coração é amor, de uma forma muito desordenada.

O funeral é a hora de se reunir como a família, hora de pedir e dar o perdão, é a hora de chorar, de desabar, hora de descobrir um amor que nem sabíamos que existia dentro de nós. Mas após o funeral devemos saber que a vida continua, mesmo que sem aquele brilho, mas continua e devemos continuar a viver, por amor daquele que acabamos e devemos deixar partir, ou simplesmente por amor a nós mesmo.

O luto e tristeza devem durar por alguns dias, por algum tempo, não se sabe quanto tempo, isso varia de pessoa a pessoa. Mas posso ficar triste? Lógico que sim, mas a tristeza e deve durar o mesmo que o luto, pois é da natureza humana se apegar àqueles que amamos e que também nos amam. Mas a tristeza não deve voltar a toda e qualquer lembrança. Mas as lembranças deve vir carregadas de saudade, alegria por termos vivido e participado da vida daquele que nos deixou. A tristeza deve como o tempo passar, desaparecer, mas haverá momentos que a tristeza deve nos aparecer ora aqui, ora acolá. Devemos nos rodar de carinhos e amor para que não venha nos tentar a depressão. E acima de tudo, mais uma vez, devemos sempre alimentar a esperança e a fé de um dia, cumprindo os desígnios do PAI, possamos entrarmos no reino dos céus e lá nos reencontrarmos como aquele que partiu.

Niko Gabriel
Enviado por Niko Gabriel em 11/06/2014
Código do texto: T4840420
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