Teoria da felicidade

Assim como ler Freud não corresponde a fazer psicoterapia, ler livros santos não garante um lugar no céu. Para isso são necessários mediadores, psicoterapeutas que cobram caro e sacerdotes que não deixam barato.

Mas por um preço módico, e em tempo abreviado, se podem tentar os livros de auto-ajuda. Garantias não há, mas vale a intenção. Afinal, os sacerdotes e psicoterapeutas também não dão garantias de nada. O céu divino permanece uma aposta até o último segundo, e o céu terrestre é inatingível. Será que tem alguém blefando nesse jogo?

E, assim, a indústria editorial participa da corrida, arrancando um naco do mercado da felicidade, a partir da firme determinação do “faça-você-mesmo”. Com um livro nas mãos e sentimentos na cabeça, se pode conquistar paz interior, sucesso no mercado de trabalho, amor, realização sexual e pessoal, viver em auto-suficiência ou apenas regular o motor do automóvel.

Mas mesmo aqui, nesse filão dos livros de auto-ajuda torna-se necessário separar o joio do trigo. Há aqueles que são bons e correspondem à descrição de uma real experiência do autor e há os que visam apenas as vendas, sendo montagens bem engendradas de outros textos originais.

E os leitores vivem momentos de real paz interior ao ler livros bem escritos. Partir da teoria para a prática eis a questão; na maioria das vezes nos contentamos com a leitura. Mas será que a leitura de um romance ou poesia não seria capaz de evocar os mesmos momentos de satisfação consigo mesmo? Sim, com certeza sim.