A práxis revolucionária contra o neofascismo e o neopopulismo

Como alternativa ao neofascismo que domina os atuais governos surge uma tendência neopopulista de resgate das figuras de Vargas, Jango e Brizola, que ignora conscientemente que Vargas reprimiu comunistas e o movimento sindical, que o governo Jango não passou de uma promessa e que busca domesticar a figura de Brizola, que apesar de nacionalista era radical, inimigo feroz dos grandes meios de comunicação e dos fascistas e golpistas do meio empresarial e militar, e não somente um governante a favor dos pobres. Eu ainda sou daqueles que defende uma alternativa socialista, a democracia direta e um governo dos trabalhadores, uma alternativa socialista revolucionária, o socialismo internacionalista e democrático, o verdadeiro comunismo e não sua deturpação stalinista, autoritária, totalitária, um projeto classista, que por meio da luta de CLASSES instaure um regime social de sujeitos produtores e não alienados e, portanto, verdadeiramente livres. Rejeito a conciliação de classes porque não tenho nenhuma comunidade de interesses com os exploradores e opressores. O projeto societário que defendo só pode vir por meio de uma revolução de massas e por isso nem o neopopulismo de parte da esquerda, da centro-esquerda e da velha direita populista e nem o anarquismo voluntarista do tipo black bloc e outros são uma opção política para uma mudança social radical. O debate político também tem um desdobramento no campo da moral. A moral ascética do capitalismo industrial de livre concorrência que tinha a religião protestante e suas igrejas como um aparelho ideológico que dava coesão social foi substituída pela moral hedonista que é propagandeada pela indústria cultural e no caso do Brasil principalmente pela televisão, o principal meio de comunicação de massa do nosso país, e é a moral do capitalismo financeiro monopolista, o imperialismo. Essa moral hedonista tem impregnado a sociedade e se expressa no consumismo e na superficialidade das pessoas, bem como no seu extremo individualismo e narcisismo, e teve um grande impulso com o neoliberalismo; no entanto, essa moral que valoriza o prazer individual acima de qualquer coisa e a diversão (esse prazer alienado produzido pela indústria cultural, uma indústria de negócios do tempo livre, de entretenimento) como um direito do indivíduo se soma a perigosas tensões produzidas pela crise econômica e política atual, no Brasil e no mundo, e que potencializam as manifestações sádicas e psicóticas das massas que se expressam no fenômeno do nazifascismo; diante da desestruturação e falta de autoridade das famílias, os jovens buscam figuras de autoridade extra-familiares, em grandes líderes ou em projetos políticos autoritários, para se realizarem como parte desse poder e assim satisfazerem seu narcisismo e suas tendências sadomasoquistas; é essa a base social que pode converter o atual Estado Policial, apoiado principalmente no aparato repressivo de Estado, em um verdadeiro Estado fascista, seja ele com um governo civil ou militar. A moral ascética segue existindo entre setores adeptos do fundamentalismo religioso, de uma visão obscurantista de mundo, mas mesmo eles não deixam de ser influenciados pelo consumismo e pelo desejo de sucesso material que o capitalismo tardio introjeta nos indivíduos. Portanto, nem a moral ascética do capitalismo em ascensão nem a moral hedonista do capitalismo tardio nos servem. Aqueles que lutam devem ter como meta na vida a liberdade e a verdade, mas essa liberdade e essa verdade são racionais. A razão, não a razão instrumental dos tecnocratas, mas a razão como tribunal crítico do mundo e fundamento de uma práxis revolucionária. A razão deve estar ligada a uma ética, não o que a classe média costuma entender por ética, mas uma ética que tenha a justiça, a virtude e a felicidade como metas, uma justiça, uma virtude e uma felicidade baseadas na verdade, contra o relativismo moral tanto quanto o dogmatismo. Uma busca de um equilíbrio entre os impulsos, os desejos e o dever e a responsabilidade, a temperança, para que o indivíduo não seja excessivamente reprimido e portanto profundamente infeliz, mas que também não alimente o egoísmo e possa se compreender como um sujeito político, como um ser social e como um animal racional. Contra qualquer moral irracional e a serviço de uma ordem irracional deve prevalecer a razão e os ideais humanos que ao longo da história mostraram-se capazes de trazer a verdadeira felicidade e tornar real a utopia, não por decreto, não por mera vontade, mas como resultado de um processo histórico e que promove a modificação do mundo externo e do interior dos indivíduos que lutam por essa nova vida.