Um sonho muito louco

Estou imerso no lodo e me sinto fraco e grumoso, mas ainda eu tento subir para a superficie. Eu consigo num longo periodo de tentativas, que se solidificaram a longo prazo, a minha glória, mas lá em cima tudo era estranho. As plantas eram de plástico e os homens apenas de carne e osso, e eles se mostravam satisfeitos uns com os outros, por serem iguais. Eles comiam os animais como se fora normal, festejavam a falta de amor, e respeitavam figuras nas paredes, e seus filhos não tinham calças e nem chinelos.

Aquela terra era vermelha como um arrebol explodindo no horizonte, era lindo demais, para se expor a olhos tão negros como os daqueles homens, eles viviam cortando as coisas, eram verdadeiros jardineiros, mas de uma tristeza que dava dó. Suas plantas de plástico murchavam sob o cume do sol, e a água nos pés das crianças viravam grudes viscosos, assim como ao redor de seus olhos e abaixo do nariz. Suas avós ao cair da noite se levantavam das varandas , e cantavam os sons de uma alma natural , enquanto os homens dançavam com a lua em suas nucas, felizes por estarem vivos e uns dos homens mais sábios se revelara sempre cauteloso, atrás do tabique vermelho, e sua fumaça era preta , rica em ervas , formando uma bola turva que, explodia na rede malhada , que o vento balançava.

Me acolheram como se fora de sua família, me jogaram no rio barrento, e lavaram meu rosto , revelando a minha cor branca, e mesmo assim , me pintaram com urucum e me batizaram . Me deram algo pra fumar, e naquela briza de madrugada, pensei e viajei:

" Aqui eu poderia morar para sempre, mas não quero contaminar esse povo tão rico"

E na manhã seguinte eu parti , segui pelo horizonte cheio de perguntas, e pela primeira vez rezei aos céus, por aquele povo que me atirou contra o lodo, e agradeci pelo fato de ainda ter corações e almas intactas, como as daqueles homens de olhos negros e suas crianças barrentas. Mas foi uma pena acordar, com os índios na selva de pedra, ás 7 da manhã, do dia seguinte, na estação do metrô.

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 31/01/2015
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