O amanhã, não hoje?

Vejo os problemas sociais de uma forma diferente,

para alguns meio que distorcida,

para outros pessimista,

mas acredito que no final seja uma visão realista.

Quando deparo com um acidente de transito e paro para socorrer,

E uma vítima inerte ao solo,

com ferimentos e nos seus olhos o medo,

A dor, o desespero e a esperança do resgate chegar rápido,

eu vejo a necessidade de ações rápidas, urgentes para hoje,

mas logo depois a sociedade comentando sobre o fato ocorrido,

e se agarrando na esperança do amanhã, como dizem alguns:

Vai ser instalado na nossa cidade um SAMU,

vai vir Bombeiros em breve!

Vejo nestas falas o amanhã, que vem a passos curto para uma distancia tão longa e distante do hoje,

sim precisamos de instituições nobres como os Bombeiros e Samu,

em nossa cidade, mas e o hoje, e o agora,

como tampar uma ferida sem curativos,

pois se deixarmos aberta pode se infeccionar e causar mais dor.

Quando vejo nossas matas serem suprimidas,

nossas grutas serem demolidas e nossos animais silvestres, agonizando para seu fim e total extermínio local,

e a inércia de nossos gestores ambientais,

e suas promessas e discursos vazios sem paixão,

e carentes de verdade e camuflados em termos técnicos,

que rasgam o ouvido do cidadão do campo,

que vê suas terras sendo tomadas, utilizadas,

aproveitadas para o beneficio de poucos,

e riqueza de muitos mais poucos ainda,

a única certeza que compartilham é a do calote iminente, interminável, e a promessa:

Amanhã te pago!

Mas e o hoje, como fica sua produção,

como ficam nossas grutas, matas, nossos animais,

que morrem atropelados, caçados,

e assassinados por invadirem espaço urbano,

e o hoje quando levamos tais animais,

para as Unidades de Conservação,

classificadas como Parques Estaduais,

que não recebem, não cuidam, não resgatam,

e ainda os expulsam,

acreditando nas falas soberbas e impensadas de Técnicos,

Professores e Doutores que esquecem que a vida,

tem o principio natural primordial de fluir,

de seguir como nossos rios calamitosos e receptivos de esgotos,

e dejetos industriais, e suas obras em torno,

e suas licenças concedidas de forma vergonhosa e obscura,

onde a única luz é o brilho da prata no bolso do corrupto que detém o poder da caneta na mão, e penso e o amanhã, o que virá, se o hoje o brilho da prata e a ponta da caneta tem mais poder que a vida e seus milhares de originalidades particulares.

Hoje não existe sequer nenhum refugio para abrigar os animais,

e protege-los como um santuário, lógico que amanhã,

não haverá mais nada para proteger.

Não há ações de introdução, resgate e participação dos moradores,

em torno de reservas, e amanhã nada mais haverá a se fazer,

pois o morador estrangulado e desprovido de suas posses, ira embora de sua região, e toda sua cultura irá com ele,

e empresas tomarão seu lugar.

Hoje precisamos de tecnologia e equipamentos,

mas amanhã se não houver vida quem as usará?

Hoje há queimadas em lotes, incêndios florestais, e

missão de poluentes nas chaminés das empresas,

e todos não se preocupam com o amanhã, que está acumulando, colhendo todo nosso plantio de ações absurdas e erradas do hoje.

E me volto para a cena do acidente, aquela vitima,

nunca pensou que estaria ali, deitada, machucada,

com dor e medo, ela no passado nunca pensou que num amanhã,

seria ela a sofrer as consequências do hoje,

e nos seus olhos eu vi uma ponta de esperança,

no amanhã no resgate a chegar, mas vi também,

seu arrependimento causado pelo sofrimento de hoje,

ela não ter aprendido a votar.