Perguntas e respostas acerca da verdade, parte I

Eu: Claro que existem verdades absolutas. A VERDADE SE BASEIA NA REALIDADE, SE NÃO HÁ VERDADE É PORQUE NÃO HÁ REALIDADE PARA SE BASEAR. Mas a realidade absoluta existe, e, portanto, a verdade absoluta também.

Steve: Se existem, como elas se apresentam, qual a nossa relação com elas?

Eu: Pela matéria e pelo intuicionismo radical. Você, ao tocar em uma pedra, sabe que ela é uma pedra. Se uma criancinha mente para você—uso este exemplo porque as mentiras das crianças são facílimas de se descobrir— você conhece a verdade por trás da mentira. Assim é a verdade (realidade verbal), mesmo que você não a conheça, ela está lá, mesmo que se tenha perspectivas erradas da mesma. Por exemplo, quando você olha o piso—suponho que sua casa tenha piso, ou mesmo cimento, ou soalho—, você vê o piso apenas, mas por baixo do piso existe a terra

Steve: Há limites no conhecer a verdade pelo homem?

Eu: Claro que há, da mesma maneira que a qualquer outro conhecimento, pois a verdade, assim como todas as coisas, se limita a setores—há uma verdade sobre pássaros, sobre amor, sobre o mar, sobre Deus, sobre a terra, o universo, a matemática, etc. É muito difícil apreender tudo sobre qualquer um destes setores, pelo fato que não foi descoberta uma verdade completamente—uma característica interessante da verdade, ele não se renova, mas é sempre novidade; cada criança que descobre que 2+2=4 ficam igualmente surpresas, já que a verdade é sempre nova. Cada descoberta é como um passo em um continente novo, você não o conhece, está começando a explorá-lo, mas nem por isso ele inexiste, ou tem existência abstrata. Então, SIM, há limites para conhecer-se a verdade, como a qualquer outro conhecimento, principalmente porque somos mortais, mas ainda assim não descobriríamos tudo, porque, como já disse, a verdade ele não se renova, mas é sempre novidade.

Steve: Mas se a verdade existe independente de a conhecermos e vamos aos poucos a descobrindo, podemos pressupor que é apenas uma questão de tempo para alcançarmos qualquer verdade?

Eu: Creio que sim, por mais que isso leve uma eternidade, mas se conhece o que há para se conhecer sobre umas dessas áreas citadas. A verdade é imutável por seção—isso é o conhecimento acerca da lingua, por mais que mude, no fundo sempre haverá a verdade; se uma montanha muda de título e passa a ser chamada por outro nome, ela, ainda assim será uma montanha. Se tenho um tratado de ortografia, ele será a verdade por algum tempo, mas mesmo que se crie um novo, este é, em sua época, a verdade, e mesmo quando passar e vir um novo, como dado histórico, ele continuará sendo a verdade daquele assunto na época.

Steve: Como saber se estamos com a verdade ou uma falsa sensação dela?

Eu: Pelo choque com outras supostas verdades. É meio assustador, e contra o extinto de porco ntural por parte da gente—de querer que nossas opinião seja a verdade, e não querer a verdade em si. Mas a descoberta da verdade é como uma escultura em pedra: por meio de choques.

Steve:  por verdades em choque umas contra as outras afim de se descobrir uma verdade mais pura não é uma tarefa muito delicada? dá muitas possibilidades de erro?

Eu: Bem... quando falo choque de verdades, não estou falando em chocar áreas diferentes—as várias seções citadas anteriormente—, mas as visões diferentes sobre uma verdade de uma determinada seção. Quanto a possibilidade de erros, não dá erro, apenas muita confusão, como misturar vários ingredientes em uma panela, até se adquirir consitência, demora um pouco. Você mergulha sua consciência neste caldo de verdades, mas só a verdadeira—que às vezes não é uma só, mas parte de uma e outra— é capaz de resistir ao choque. A verdade é mármore e a mentira é areia.Só a verdade resiste a estes choques entre a areia e o mármore.

Steve: Isso lembrou-me da origem da expressão à "prova de fogo", minhas fontes são pouco confiaveis p isso (professor) mas a ideia vem de um método utilizado por alquimistas para testar soluçoes, as que sobreviviam ao fogo eram tidas como boas para certos fins.... a falta de referencia dificulta, mas a ideia de confronto dessas verdades potenciais entre si é a base dum método de experimentação certo?

Eu: É o único meio de se encontrar a verdade, então sim. A sensação do choque é a mesma que a descoberta, talvez um pouco mais hesitante. Sem dúvida deves ter recordações sobre sua infância, quando descobriu as coisas mais simples—eu fiquei surpreso quando soube que as árvores vinham de sementes, pensava que elas já apareciam prontas quando não estava olhando. Mas a sensação do choque é a mesma sensação da derrocada de uma mentira. Você já deve, alguma vez, ter mentido para seus pais. É aterrorizante a sensação do choque com a verdade, de ver, como, em um segundo toda a mentira vem abaixo no simples contato com a verdade. E é or isso que a mentira é fraca,pois independente de quão complexa ela seja, ela se desfaz quando entra em contato com a verdade. Uma outra sensação nesse choque, é a sensação de apego a velha mentira—quanto mais tempo durou, mais difícil é se desfazer dela, mas se a pessoa é honesta na busca da verdade, pouco a pouco, mesmo contra a própria vontade, esta velha verdade, que não era verdade, vai se dissolvendo, como se estivesse abraçando uma bola de sorvete gigante no deserto, e dá lugar a nova verdade. Se a nova verdade for real mesmo, ela resistirá ao choque com outra verdade, senão, ela também será substituída por outra.