Notas sobre a Arte

Não é novidade para ninguém a existência da Arte. Sem dúvida alguma, ela foi uma das coisas mais marcantes no decorrer da história humana, pelo fato de que o homem sempre amou a Arte. Sempre admirada, capaz de mexer com nossa mente, sensações e percepções, capaz de criar atmosferas envolventes, mas só quando em estado de excelência pura.

A Arte tem um relacionamento umbilical com a beleza, pois se não fosse deste modo nem se quer existiria, já que a Arte é um registro, ou da realidade, ou da imaginação, e ninguém — exceto os de hoje em dia, pela confusão por causa da troca do cristianismo pelas ideologias — registraria uma banalidade.

A Arte é capaz de levar nos a um estado superior, onde nosso espírito é capaz de aspirar grandezas além das banalidades cotidianas.

Eu poderia dizer que a Arte — independente de qual área, se pintura, escultura, arquitetura, bordado, música, etc — brota de um impulso criador, o qual eu chamo de “Impulso Originário”— que sem dúvida, possui algo de divino.

Este impulso é um sentimento, uma vontade de criar, de dar vida a algo belo —quando digo belo, digo algo que agrada ao criador e a maioria das pessoas, já que a maioria das pessoas, graças as suas ignorâncias, possuem um senso bem prático e útil acerca da beleza da Arte.

A despeito disso, esse impulso não é Arte, da mesma maneira que os gemidos e murmúrios de um bebê, ou de um mudo, não são palavras, mas apenas tentativas de se expressarem — e que não me venham os tolos dizerem que toda expressão é válida, pois a expressão só é válida se compreensível. Portanto é necessário o meio — nos dois exemplos acima citados, o mudo e o bebê, este meio é a fala —,em qualquer Arte o meio é a Técnica.

Não existe Arte ao acaso, já que a mesma é uma técnica/habilidade. Sendo assim, não pode ser criada por acaso, ou acidente, pois a técnica/habilidade implica em uma atividade consciente.

Eu estava assistindo uma matéria, onde se comentava a subjetividade nas letras das músicas.

Uma das coisas importantes em uma investigação histórica — como expôs o prof. Olavo — é identificar e separar o proposital do acidental. Vou além da aplicação à história, é imanente a qualquer investigação sobre as ações humanas. Saber identificar os períodos de ATIVIDADE, PASSATIVIDADE e PASSIVIDADE.

Os dois extremos (atividade e passividade) são bem conhecidos e facilmente reconhecíveis, mas a passatividade não é tão conhecida — nem tampouco, facilmente reconhecível.

No ramo da Arte, a passitividade se dá no ócio, e causa a chamada “gambiarra”, isto se dá quando há preguiça de se dar cabo a uma idéia — que, depois da “insinuação” inicial, é trabalhosa e difícil de se executar. Para não se dar ao trabalho tão esforçoso que criar é, prefere-se completar a idéia (insinuação inicial) com uma gambiarra.

Retomando, na matéria havia um dito “crítico musical” — que não criticava nada, mas apenas fazia elogios às letras desconexas, como se elas fossem do mais profundo sentido. Letras às quais ele classificava como sendo “subjetivas” — para mim é claro que elas são confusas, provenientes de uma gambiarra. Dentre as músicas citadas estava “Ícaro.”

Se o sujeito realmente fosse um crítico, notaria a ausência da atividade artística em partes da letra da música, notando a passitividade nela contida.

“Voar, voar.

Subir, subir…”

Té ai, tudo bem, apesar das redundâncias.

“...Descer até o céu cair...”

Já perdeu o nexo, e entrou na passitividade.

O ponto da questão é o desleixo e a falta de nexo, causada pelo primeiro. O crítico de verdade notaria que esta combinação de palavras não estão realmente ligadas em um sentido, mas estão lá apenas para coincidir com a rima.

A respeito da dita “subjetividade” citada pelo crítico:

A subjetividade possui algum nexo — por mais complexo e difícil de achar que seja —, mas a confusão não, pois a subjetividade é compreensível para o autor da mesma; quando nem mesmo ele sabe explicá-la, não é subjetividade, mas apenas confusão.

É como os maconheiros, que pensam filosofar, quando apenas estão fazendo confusões e notando coisas banais, isso por culpa da maconha — a qual atribuo, a alguns pelo menos, por parte desta dita “subjetividade.”

Nem tudo é Arte, porque, sempre, detrás de uma obra de Arte existe um artista.

O artista fala e representa aquilo que a realidade do mundo não pode falar por si só — menos ainda a imaginação possui este nível de independência. Uma pedra pode expressar-se sem o auxílio do homem — portanto não é arte. Ela é apenas uma pedra, independente de qualquer interpretação ou expressão humana. Um furo em uma tela não é arte — mesmo que tenha sido feito por um homem —, pois, sem interferência humana é factível sua criação.