“São tempos de misericórdia e inclusão”

Mt 18, 10-14; Acolhimento e inclusão: Expressões de Misericórdia

“São tempos de misericórdia e inclusão”

Org. Pe. Jorge Ribeiro

Qual a nossa missão como cristãos? Qual o nosso papel com discípulos e missionários do Redentor? Segundo o Papa Francisco, a missão é, sobretudo: pôr o homem em contato com a Misericórdia compassiva que salva. As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é tempo de misericórdia!”.

Prosseguindo, o Papa lembrou que há algumas tentações para quem segue Jesus e o Evangelho e evidencia pelo menos duas. A primeira é viver uma “espiritualidade de miragem”, não parar, ser surdo, “estarmos com Jesus” mas “não sermos como Jesus”, estar no seu grupo mas viver longe do seu coração:

“Podemos falar Dele e trabalhar para Ele, mas viver longe do seu coração, que Se inclina para quem está ferido. Esta é a tentação duma “espiritualidade da miragem”: caminhar através dos desertos da humanidade não vendo aquilo que realmente existe, mas o que nós gostaríamos de ver; construir visões do mundo sem aceitar aquilo que o Senhor nos coloca diante dos olhos. Uma fé que não sabe se radicar na vida das pessoas permanece árida e, em vez de oásis, cria outros desertos”.

Há uma segunda tentação – assegurou o Papa – é a de cair numa “fé de tabela”.

“Caminhar com o povo de Deus, mas tendo já a nossa tabela de marcha, onde tudo está previsto: sabemos aonde ir e quanto tempo gastar; todos devem respeitar os nossos ritmos e qualquer inconveniente nos perturba. Corremos o risco de nos tornarmos como “muitos” do Evangelho que perderam a paciência e repreenderam Bartimeu e as Crianças. O risco de excluir quem incomoda ou não está à altura, enquanto Jesus quer incluir, sobretudo quem está relegado para a margem e grita por Ele” ( See more at: http://sbenedito.com.br/homilia-do-papa-sao-tempos-de-misericordia-e-inclusao.html#sthash.igSB3jS1.dpuf)

Falando de inclusão e acolhimento, podemos dizer que é possível destacar três atitudes sociais que marcaram o desenvolvimento da educação no tratamento dado às pessoas com necessidades especiais, tanto no que diz respeito às pessoas com deficiência quanto às outras categorias que precisam ser incluídas, sendo elas: marginalização, assistencialismo e educação/reabilitação.

A proposta da educação inclusiva é acolher e dar condições para a pessoa exercer seus direitos no que tange ao cumprimento da inclusão social e religiosa e isso se refere a todos os indivíduos, sem distinção de cor, raça, etnia ou religião. Inclusão é interagir com o outro, sem separação de categorias.

(Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-inclusao-da-pessoa-com-deficiencia-na-escola-regular/98870/#ixzz3rrq8eCDT)

Com este Evangelho, Jesus nos indica como deve ser o relacionamento entre os membros da Comunidade cristã. O texto começa com a pergunta dos discípulos a Jesus: “Quem é o maior no Reino dos Céus?”, isto é, na Comunidade de Deus. Jesus toma uma criança, coloca-a no meio deles e diz: “Se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Portanto, quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus”.

Portanto, tornar-se como criança não é só condição para alcançar a maior grandeza na Comunidade de Deus, mas inclusive é requisito indispensável para ser admitido nela. A criança é um ser fraco e humilde que não possui nada nem tem nada que dizer na Comunidade dos adultos. Como o pobre, ela só pode receber com alegria o que lhe é oferecido, porque depende totalmente dos outros. Esta é a situação do homem diante de Deus e, consequentemente, a atitude que Jesus quer dos seus discípulos: acolhimento, inclusão, simplicidade e humildade.

Evidentemente, não se trata de voltarmos à condição de criança que tivemos no passado, o que é impossível. Significa optar pelo acolhimento, inclusão, simplicidade, humildade e serviço, como fazem naturalmente as crianças. Além da criança, temos como modelo Jesus, o pobre de Deus, o mais pequeno e o servidor de todos. “Aprendei de mim que sou mando e humilde de coração”. “Quem recebe em meu nome uma criança como esta é a mim que recebe.”

E no final da parábola da ovelha perdida Jesus fala: “O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos”. Não podemos desprezar as crianças, mas ir atrás delas, cuidar delas e educá-las no caminho de Deus e do bem. Esse cuidado, no contexto do Evangelho, não se restringe às crianças, mas abrange os pobres, os analfabetos, os doentes... isto é, a todos os “pequenos”.

A gente se lembra da fuga de Maria e José para o Egito, a fim de proteger o Menino Jesus. Uma família que se desloca para um País estranho, fazendo os maiores sacrifícios, porque a vida da criança estava ameaçada. Hoje, muitas vezes, não é a vida física mas a vida moral e espiritual das crianças que está ameaçada, pelas drogas, más companhias etc. Elas merecem o mesmo cuidado e sacrifício. Não desprezeis nenhum desses pequeninos (Padre Queiroz)

(http://liturgiadiariacomentada2.blogspot.com.br/2013/07/nao-desprezeis-nenhum-desses-pequeninos.html)

Podemos dizer ainda que esta passagem do Evangelho tem como eixo nossa relação com os pequeninos. Estes nos são apresentados por Jesus como modelo de vida: “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”.

Nosso tempo assiste – com a maioria indiferente – a uma série de agressões contra os pequeninos que Deus ama. A justiça holandesa acaba de considerar “constitucional” a formação de um partido político pró-pedofilia. Numerosos parlamentos, em todo o mundo, vão seguidamente legalizando o aborto intencional. Na mesma linha, autorizam o uso de embriões humanos como cobaias de laboratório.

A médio prazo – quem viver, verá... –, estas decisões equivocadas, baseadas em uma mentalidade neopagã, produzirão efeitos destrutivos sobre todo o tecido social, repetindo a história de antigos grupos sociais cuja decadência é sobejamente conhecida.

O que está ao nosso alcance, além da luta política e da conscientização da sociedade? Temos o dever de investir em nossas crianças, assim como faria o próprio Senhor se estivesse na Terra. Elas pedem nossa presença, educação de bons hábitos, formação religiosa e espiritual e, acima de tudo, o exemplo edificante dos pais e formadores.

Vale lembrar que, no início da pregação do Evangelho, as crianças não eram valorizadas entre gregos e romanos. Cabia ao paterfamilias decidir se os recém-nascidos iriam, ou não, ser mantidos vivos. O aborto era coisa banal. Crianças deficientes eram sumariamente eliminadas. O hábito de expor (abandonar ao relento) os recém-nascidos iria perdurar até o Séc. XVIII. A pregação do Evangelho e a atitude das famílias cristãs começaram a corrigir esse estado de coisas, lançando as primeiras sementes daquilo que hoje chamamos de “direitos humanos”.

Proteção ao idoso, escola para pobres, hospitais para indigentes, fidelidade matrimonial – são “novidades” trazidas pela evangelização. Sem o Evangelho, voltamos todos às cavernas...

Orai sem cessar: “Defendei antes o fraco e o órfão!” (Sl 82,3). O cuidado com os menores, ou seja, os excluídos, são expressões da misericórdia de Deus

(Cfr. Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.)

Pejotaribeiro
Enviado por Pejotaribeiro em 19/11/2015
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