PAI

meu pai morreu

nunca mais sua mão a me espremer como o vinho

nunca mais seu dedo e seu carinho

nunca mais a embriagues de seu apogeu...

lá se foi meu pai ceifado

congelado de sonhos e adeus

pra terra prolífica dos enterrados

tentando na escuridão da terra encontrar a deus...

dizem que os demônios

preenchem os espaços vazios no gerúndio

a saudade é terra de um único latifúndio

é ali que durmo em todos os meus sonhos...

vi ali meu pai vestido de nada

a dormir um sono cavernoso

meu pai deixa-me a lágrima salgada

e no inverno de sua falta o mistério gozoso

fez-se nu na frente do espelho

descoloriu-se como um anjo que talvez seja quem sabe um serafim

tirou a suavidade do azul, do verde, apenas os meus olhos vermelhos

despiu-se de seu ego amarelo e agora rabisca sua asa dentro de mim

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 02/08/2016
Reeditado em 02/08/2016
Código do texto: T5716258
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.