O novelo de lã

A vida é um caminho caprichoso, arredio e sereno. Ao tatearmos um novelo de lã, percebemos uma enorme quantidade de opções para começarmos a tecer com as agulhas da nossa imaginação, pois as agulhas com as quais verdadeiramente tecemos nos permitem somente um caminho contínuo, começando por uma ponta e chegando a sua extremidade. A linha se rompe, ou embola-se nos embaraços da vida, e como proceder nesta situação? -Ah, Corta-se a linha e busca-se uma nova alternativa, ou briga com àquela situação e agimos de forma intempestiva: arremessando o novelo para um canto da casa esquecido, o qual nunca irá nos atormentar. Ao passar do tempo nos deparamos com o novelo de lã e nos perguntamos: como ele ficaria se tivéssemos terminado? Dúvida cruel, e angústia pelo insucesso... Mas com a serenidade devida recomeça a tecê-lo, de forma calma, passando pelos caprichos que as linhas tendem a fazer quando ficam próximas, ou seja, embolam-se, e ficam tão arredias com as tentativas vãs de fazê-las desistir do embaraço que se encontram... As vezes é preciso regredir, prosseguir, recomeçar ou até deixar para trás um novelo de lã, mas estas opções devem ser tomadas com serenidade, pois podemos tropeçar em um novelo no canto da sala, que nos questionará...

- Anderson César da Silva