Quem eu sou...
Eu adentrava à sala como uma bailarina do Municipal, sim, ballet clássico. Enquanto era guiado pelas luzes de "stand by" dos eletrodomésticos, ia rezando para que ninguém acordasse aquela hora.
Mas quando a gente peca, não há fé que nos salve, e no fim da madrugada fui questionado por meu pai:
- Quem é você?
Eu prontamente, assustado, com voz rouca e receoso respondi:
- Chico, seu filho!
- Não, eu quero saber quem você é de verdade! - retrucou papai.
Então, após pensar um pouco respondi o que ele me perguntara:
- Francisco Pereira de Almeida Barboza, seu filho, estou chegando agora.
Ele sorriu, fez menção para que eu não iniciasse explicações (talvez pela minha maneira prolixa de falar) e disse:
- Resposta errada!
Indaguei surpreso:
- Qual a resposta certa então?
Ele calou, virou as costas, e saiu.
Corri atrás dele até a cozinha, e implorando a resposta, mas a única dica que ele me deu sobre como eu deveria responder corretamente foi:
- Pense!
Passei um bom tempo pensando sobre este fato, estudei, viajei, criei, experimentei, ouvi, falei e conclui...
Conclui que ele estava certo, a resposta que eu dei fora incorreta, porém, eu não descobrira ainda minha identidade.
Hoje me fizeram a mesma pergunta que papai fez aquele dia, e tive uma resposta tão consciente e verdadeira que posso afirmar o que eu sou para quem quiser sabê-lo.
- Eu sou fé!
Ninguém soube, até então, dizer se estou certo ou errado.
A fé é explicação para o inexplicável.
Cura para o incurável.
Possibilidade para o impossível.
Verdade para as dúvidas!
Motivo para qualquer acontecimento!
Não há novidade nem novas verdades...
É o que o mundo quer,
E mistério para a própria fé!