O RESPIRAR DA POÉTICA
Abro a página, no Facebook: https://www.facebook.com/Ana.44.Cris/
E, com vontade de beber o poema, agrada-me a peça a ser avaliada.
“ANJO NEGRO
Dona Cris
Ela pensa antes?
Não, ela é impulsiva
Como ventania, invade todas as arestas
Vai levando por diante
Sonhos e expectativas
Não, ela não pensa, por onde passa, leva um pouco e sempre deixa muito...
Talvez deixe a alegria de uma brisa
Ou deixe a fúria de um tornado
Como filha da ventania tem passagem breve, tão breve que quando passa não volta
Se volta, é pra ficar
E, se fica, é pra sempre
E pra sempre, são feitos de agoras
E pra sempre, tem que ser como ela...
Não ter medo de voar na escuridão”.
– publicado em 03 de maio de 2017, 23h59min, original sem emendas.
Atendo, com alegria, ao teu convite à visitação, Cris! E o universo de confraternidade provoca a palavra. Vamos lá! Eis um bom poema em Prosa, com versos espontâneos e bem urdidos. Vê-se, de pronto, que é a Intuição solfejando a "inspiração". No meu sempre limitado modo de ver – porque carregado de instigação ao criador, visando provocar novas descobertas textuais e de subversão do sentido original das palavras – esta peça não chega aos territórios da Poesia, devido à rarefação das figuras de linguagem, especialmente as metáforas. Daí que a proposta verbal fica no limbo do sentido denotativo, não chegando à voz solerte do Mistério, que vem sempre com véus sobre as palavras: linguagem no sentido conotativo. Com o natural hermetismo daquilo que não diz, e, sim, apenas sugere. Porque este é o respirar (quase) indefinível da Poética, que fala somente aos corações iniciados e ávidos do Novo: o poeta-autor e o poeta-leitor. Há, no texto, um derramamento verbal em que suas águas molham o solo, mas não deixa o húmus para frutificar as sementes propostas e acaso havidas. Aposto no teu talento, que me chega pela vez primeira ao espírito. Parabéns! Grato pela confiança em mim depositada, pela partilha e o acatamento da subjacência do poema em meu paternal regaço. Também pelo que ele diz e me oferta...
– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 02: 2015/17.
http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/5989701