Espaços sem vida do Universo

Há por aí uma noção mais ou menos generalizada de que seria um grande desperdício termos um espaço tão imenso se a vida inteligente não pululasse em todos os cantos. Há mesmo uma frase do Carl Sagan nesse sentido, dando conta da arrogância do ser humano em se achar único no Universo. Concordo com isso, mas não deixo de achar que também há certa arrogância em atribuir à vida como a nossa a razão de ser de tudo o que existe no Universo. Sabe-se lá qual a razão de ser de uma estrela, uma lua, uma esfera qualquer que nunca teve e nem poderá ter vida. No ponto de vista de uma estrela, a vida na Terra bem pode ser um desperdício de espaço. Há também crenças religiosas para as quais somente a presença de algum tipo de vida, passada, presente ou futura, justifica a existência de cada um dos mundos. Afinal, Deus não iria criar algo que “não serve para nada”, dizem. Parece-me uma visão bem utilitarista, como se, para Deus ser realmente Deus, precisasse dar um destino e um propósito a cada grão de areia que cobre a terra.