O tempo corre, o tempo escorre

A areia fina escorre da ampulheta no mesmo ritmo e nossos dias parecem mais curtos que outrora. O que ocorrera? Será que todos nós sofremos da mesma patologia? E que distúrbio será esse que nos apodera após a tenra idade? Além de percebermos a cronologia com mais zelo, ainda desfrutamos do tempo com tal seriedade que chegamos a compará-lo ao dinheiro.

Voltando aos pequenos, percebo que esses não andam com medidores de tempo presos aos pulsos, tampouco perguntam as horas a quem os tenham. Não correm no meio da rua com medo de chegarem atrasados às reuniões de negócios, mas simplesmente correm para quebrarem o próprio recorde correndo ainda mais rápido que da última vez. Só sabem que as férias passam rápido “feito trem-bala” e o ano letivo é “tão grande quanto o Godzilla”.

Nesse ínterim, da infância a fase adulta, perdemos uma lição que parece nascer conosco: dar tempo ao tempo. Não nos conformemos com respostas prematuras; não queiramos coisas de imediato, porque não dá tempo de nos perguntarmos se realmente precisamos delas. Retirar um tempinho para ficar sem fazer nada não é necessariamente ser preguiçoso - o mundo não para de girar porque tu paraste. Talvez o segredo da felicidade plena esteja com as crianças que não contam o tempo, mas passam por ele e o deixam passar.

(Jéssica Cobain)