Lembrar de vidas passadas

Muita gente que acredita nas vidas passadas explica a nossa “amnésia” de uma encarnação para a outra como algo que nos convém, na medida em que não poderíamos suportar, ou então que não seria justo, se já iniciássemos uma nova vida com toda com toda a carga de traumas e frustrações de uma existência anterior. No entanto, a nossa existência dentro de uma única encarnação é marcada por esses mesmos pesos negativos.

Desde que nascemos, acumulamos muitas experiências dolorosas e somos obrigados a conviver com a memória e os efeitos delas por toda uma vida – seja isso justo ou não. Nos casos mais dramáticos, essas experiências vividas nesta mesma vida se tornam realmente incapacitantes. Mas não me parece que alguém diga que seria conveniente que não nos lembrássemos do que vivemos dentro de uma mesma encarnação. Pelo contrário, incentiva-se que a pessoa se reinvente e evolua, mesmo diante dos mais terríveis pesares em sua memória.

Qual é o grande problema em se lembrar dos sofrimentos de uma vida passada, se já somos obrigados a carregar conosco os sofrimentos desta? Por que uma coisa nos convém e outra não? Disso só se escapa, ao que parece, apelando para os insondáveis desígnios de Deus, desígnios esses que não hesitamos em sondar quando a resposta nos parece mais conveniente.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 19/08/2017
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